quinta-feira, dezembro 30, 2010

A prateleira que nos mostra bem, por Ferreira Fernandes

in DN
A expressão "ir para a prateleira" é, chapado, o Portugal ineficaz. Um profissional faz carreira, chega a um patamar e um dia sabe que já não o querem mais ali. Seja porque ele atingiu o seu patamar de Peter (não exerce bem o cargo) ou porque é vítima de injustiça - não interessa, o facto é que quem de direito o quer demitir. O normal seria mandarem-no para cargo compatível com o que ele sabe fazer ou despedirem-no. Em Portugal há uma terceira via: a prateleira. A empresa, ou a repartição, poupa um pouco nos gastos, mas fica também com um peso absolutamente morto. O ex-chefe de qualquer coisa passa a ser o mais inútil dos empregados, não faz nada.

Nem de conta. É o pegar de cernelha aplicado aos nossos recursos humanos. Pegar a relação pelos cornos seria cortá-la (a relação), pagando o que a lei estipula que se pague no despedimento, ou, mais difícil e inteligente, seria patrão e empregado (já que se este subiu na carreira algum mérito há-de ter) encontrarem um novo posto, embora mais baixo, para o demitido. Mas esta última solução raramente é praticada. Porque o patrão não acredita na boa vontade do empregado rebaixado de posto ou porque o empregado não aceita ir de cavalo para burro. Daí preferir ir para a prateleira - de cavalo para carcaça de cavalo. René Debré foi primeiro-ministro antes de ser, por várias vezes, ministro. Em França não é caso único, mas por cá seria impensável. Dar a volta por cima por vezes não se consegue senão a meia altura, e quando é assim revela até uma ainda maior capacidade de combater a adversidade.

Quando Gonçalo M. Tavares, director do DN por um dia, me pediu para fazer esta crónica sobre um assunto intemporal, lembrei-me logo de escrever sobre o "ir para a prateleira". Podia pensar-se que escrevo esta crónica para que, depois de amanhã, caso ele seja convidado para cronista (ou para entrevistado ou para dar uma simples opinião), não recuse porque já foi nesta casa "sr. Director" e não aceite nada abaixo disso. Mas, na verdade, escrevo sobre "ir para a prateleira" porque é dos mais imprestáveis hábitos nacionais, de hoje, ontem e amanhã. Intemporal, como me foi pedido.

Venda de electricidade a Espanha rende 3 milhões em dois dias

Sistema eléctrico português está a exportar mais energia para o mercado espanhol e terá em 2010 o ano com o saldo comercial mais favorável da década.

Portugal está a vender mais electricidade para Espanha.
O aumento da exportação de electricidade para Espanha rendeu a Portugal um encaixe de 3 milhões de euros em apenas dois dias, num momento em que o país acumula várias semanas consecutivas de saldo positivo na compra e venda de electricidade com Espanha.

Ontem e hoje, dias 29 e 30 de Dezembro, o país exportará mais de 60 gigawatts hora (GWh) a um preço médio de 42 euros por cada megawatt hora (MWh). Só durante o mês de Dezembro, Portugal já exportou mais de 250 GWh, permitindo que 2010 seja o ano da década com saldo comercial mais favorável, segundo a REN.
O forte saldo exportador registado demonstra o potencial de crescimento do sector das energias renováveis em Portugal, consolidado pela Estratégia Nacional de Energia (ENE) 2020, refere o Governo.

O efeito das renováveis é que havendo mais electricidade renovável a ser produzida isso pode obrigar o sistema eléctrico a ter soluções para escoar eventuais excessos e uma das opções é exportar alguma produção eléctrica a preços mais baixos.
Segundo a mesma fonte, “a ENE 2020 já permitiu, em 2010, reduzir as importações de combustíveis fósseis em cerca de 800 milhões de euros e contribuir para o equilíbrio da balança comercial do país através de mais de 400 milhões de euros exportados em equipamentos associados às renováveis”.

[Se o consumidor ganhasse alguma coisa com isso...]

Morangos do Algarve deliciam nórdicos e russos

Os morangos produzidos no Algarve nesta época do ano não chegam para as encomendas de Natal e Passagem de Ano solicitadas por países como a Holanda, Reino Unidos, Suíça ou Rússia.

A chave do sucesso é a qualidade dos pequenos frutos vermelhos que é fornecida pela luz algarvia conjugada com a alta tecnologia.
"Com a neve, o frio rigoroso e sem luz do sol suficiente, os países do Norte da Europa não conseguem produzir morangos para a época natalícia e, por isso, recorrem à produção algarvia", explica Pedro Vaquinhas, produtor de morangos e framboesas pelo método de hidroponia (sem solo).

Holanda, Suíça, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Alemanha, Finlândia e até a Rússia são mercados consumidores de morangos ao longo de todo o ano, mas como no inverno não têm a luz algarvia para desenvolver o fruto vermelho, têm de recorrer à importação, esgotando os stocks no Algarve.

Louis Vuitton instala fábrica em Ponte de Lima

O grupo francês de malas e carteiras Louis Vuitton vai instalar uma unidade de produção em Ponte de Lima, que ganhou a corrida a Santo Tirso.

A marca francesa vai recuperar uma fábrica desativada e criar 100 postos de trabalho.

terça-feira, dezembro 28, 2010

Portugal: Consumidora intimada por queixar-se na Internet

E se de repente uma empresa resolver ir para tribunal para impedir uma cliente descontente de queixar-se na Internet? Foi isso que aconteceu com Maria João Nogueira, que na semana passada foi surpreendida por uma nota de citação pessoal de 31 páginas da Ensitel.
O objectivo? Fazer com que retirasse do seu blogue uma série de seis posts que tinha escrito sobre as dificuldades para trocar o telemóvel "defeituoso" comprado na Ensitel. O resultado? Contraproducente para a imagem da empresa.

A saga começou em Março de 2009 e acabou no Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo de Lisboa em Maio do mesmo ano. "O juiz disse que eu devia entregar o telemóvel à Ensitel para ser reparado e eu acabei por aceitar. Estava muito irritada mas não quis recorrer e gastar mais dinheiro e tempo com aquilo. Por mim, o assunto tinha morrido por ali", conta Maria João.

Mas não morreu. Os posts a relatar o caso ficaram no blogue e Ensitel quer que sejam apagados. O caso teve ontem o último desenvolvimento, quando Maria João decidiu contar no seu blogue que tinha sido notificada.
A história espalhou-se na internet como fogo num palheiro: do blogue pessoal para o Twitter e do Twitter para o Facebook, originado dezenas de críticas, até na página da empresa.

Em comunicado, a Ensitel responde que não põe "em causa qualquer tipo ou forma de liberdade de expressão", mas que "não aceita ser alvo" de uma "campanha difamatória", assente em factos falsos "apenas porque o cliente não se conformou com uma decisão judicial foi desfavorável".

Maria João tem agora alguns dias para contestar a providência - "o que me vai custar mais de 200 euros". "Não percebo como se sentem lesados por relatar factos e a minha opinião sobre esses factos, mas se o juiz decidir que tenho de tirar os posts tiro", conclui.

O jurista Luís Filipe Carvalho lembra que qualquer entidade que se sinta lesada no seu bom nome (neste caso comercial) pode recorrer ao tribunal, através de uma providência cautelar, para que as referências consideradas lesivas sejam retiradas da internet. Cabe depois ao tribunal decidir se há ou não fundamento para isso.

No entanto, para Filipe Marques, especialista em comunicação digital da OAK Brand, o que Ensitel fez foi completamente contraproducente em termos de imagem. "Foram desenterrar um assunto que estava morto, provavelmente porque aqueles posts aparecem quando se fazem pesquisas por Ensitel nos motores de busca, e desenterrá-lo". Mas acabaram por amplificar "a má experiência de compra daquela cliente". E criar um problema de imagem, conclui.

O blogue em causa: http://jonasnuts.com/387191.html

[Tudo é possível...]

Política de drogas em Portugal é exemplo para os EUA

A política portuguesa de combate à droga está a ser apontada como exemplo nos EUA e pode mesmo vir a ser seguida pela maior potência do Mundo. Para já, o sucesso da intervenção no Casal Ventoso está a ser estudada por peritos.

É notícia no Washington Post: "A política de droga portuguesa compensa; EUA atentos à lição". É com este título que um artigo hoje publicado num dos mais prestigiados jornais daquele país fala do exemplo do Casal Ventoso, que há 10 anos era um espaço de alta criminalidade e hoje um bairro onde é possível ver crianças na rua, com as mães, em segurança.

De acordo com o artigo do Washington Post, os EUA conduzem uma guerra há 40 anos contra a droga, sem sucesso, pelo que agora procuram resposta "no pequeno Portugal", pode ler-se. Gil Kerlikowske, guru do combate antidroga da Casa Branca, veio a Portugal em Setembro, tendo também visitado Noruega, Dinamarca, Austrália e Peru.

O que surpreende os norte-americanos é não só a medida aplicada – descriminalizar o consumo de droga, oferecer tratamento aos dependentes – mas também os resultados.
"Os desastres previstos pelos críticos não aconteceram. A resposta foi simples: dar tratamento", explica o professor Alex Stevens, da universidade de Kent.

A notícia do Washington Post explica ainda que se por um lado houve, em Portugal, mais gente a experimentar drogas nos últimos 10 anos, também é verdade que menos acabaram viciados e os casos de HIV relacionado com droga reduziu 75% – 49% dos dependentes tinham Sida e em 2008 o número tinha sido reduzido para 28%.

Nós não temos mesmo vergonha, por Camilo Lourenço

A falta de credibilidade é o problema mais grave que Portugal enfrenta. É por isso que já ninguém empresta dinheiro à República e aos bancos nacionais.


Ora se há coisa de que um país nesta situação precisa é de mostrar aos mercados que está a fazer tudo para que voltem a confiar nele. E isso faz-se "entregando". Ou seja, cumprindo o que se promete. Basta olhar para os últimos 18 meses de execução orçamental para se perceber que o País não tem "entregado" nada.

Uma das formas de reforçar essa "entrega" é fiscalizar, com meios eficazes, a execução do Orçamento do Estado. Daí os apelos sensatos do governador do Banco de Portugal à criação de uma agência independente que traga verdade à execução orçamental. No acordo estabelecido entre PSD e PS para o Orçamento de 2011 ficou inscrita a criação de uma entidade com esse perfil. O problema é que ela tarda em arrancar e, mais grave, os primeiros sinais relativos à sua orgânica e atribuições (ver informações divulgadas ontem pelo "DE") não são tranquilizadores. Porque criam as condições para que a futura agência tenha o dedo do Governo. Deste e dos próximos.

Se o Governo quer fazer um favor ao País devia rever as regras de constituição e funcionamento da instituição: quem nomeia quem, a quem presta contas o seu presidente, como é feito o seu financiamento, quais os critérios de nomeação dos seus membros, qual o período de nojo findo o mandato, etc.

Optar por soluções que facilitem a nomeação de amigos e condicionar o funcionamento de um órgão que deve ser independente é "comprar" ainda mais desconfiança dos mercados e das agências de "rating".

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Lisboa é a melhor cidade do Mundo para congressos

A capital portuguesa foi considerada a melhor cidade do Mundo para a relização de congressos, além de ser um destino turístico recomendado por 100% dos 909 congressistas estrangeiros que responderam ao Inquérito ao Congressista 2010, promovido pelo Observatório do Turismo de Lisboa.

Lisboa ficou assim à frente de cidades como Londres, Madrid, Paris, Milão, Nova Iorque, Munique, Barcelona, Roma, Amesterdão, São Paulo e Berlim, sendo que os critérios mais valorizados foram a qualidade dos equipamentos e a funcionalidade dos apoios no local dos congressos. Lisboa somou 8,2, numa escala de 0 a 10.

Dos 909 congressistas, 62,2% já estiveram em Lisboa, sendo que 99,2% considerou "provável ou muito provável" um regresso à capital portuguesa.

A estada média dos inquiridos, na sua maioria oriundos de Espanha, Inglaterra e França, foi de 4,5 dias, com alojamento preferencial em hotéis de quatro estrelas e com uma despesa média, por pessoa, de 1656,67 euros.

Portugal é o quinto destino do investimento brasileiro

Portugal é o quinto destino dos investimentos brasileiros a nível global, incluindo os paraísos fiscais, num 'ranking' divulgado ontem pela imprensa brasileira. Na Europa, Portugal é o terceiro destino do investimento brasileiro no exterior, atrás do Luxemburgo e da França.

De Janeiro a Novembro deste ano, as empresas brasileiras investiram em Portugal 959 milhões de dólares, 20 vezes mais do que em relação ao total investido em 2006. Os primeiros destinos europeus do investimento directo brasileiro receberam 16,9% do total, percentual que se compara aos 3,7% registados em 2006. Só o investimento na França nos 11 primeiros meses deste ano ascendeu a 1,13 mil milhões de dólares. Entre os países europeus que mais recebem investimento brasileiro, a Holanda ocupa a quarta posição, com um total de 774 milhões de dólares, no período em análise.

"A crise económica tornou-se uma oportunidade de investimento para as empresas brasileiras, que estão a apostar cada vez mais nos mercados da Europa, enquanto os instáveis vizinhos sul-americanos perdem espaço", escreve o jornal Folha de São Paulo.

O 'ranking' geral do destino dos investimentos brasileiros no estrangeiro é liderado pelas Ilhas Cayman, com oito mil milhões de dólares. Em segundo lugar, no 'ranking' global, aparecem os Estados Unidos, com 3,62 mil milhões de dólares, o que corresponde a um aumento superior a três vezes.

Portugal: Turistas de cruzeiros vão pagar 2 euros para pisar terra

Nova taxa entra em vigor a 1 de Janeiro e será cobrada pelo SEF.

Os turistas que cheguem a Portugal Continental por mar vão pagar dois euros se quiserem pisar terra. A nova taxa, fixada numa portaria publicada a 17 de Dezembro pelo Ministério da Administração Interna, entra em vigor já a partir de 1 de Janeiro de 2011.

"É uma perfeita loucura. Tenho a certeza que nos arriscamos a perder um volume enorme de escalas de cruzeiros" afirma António Belmar da Costa, director executivo da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR).
 
[Mais um brilhante serviço ao País...]

Editorial do DN: "Portugueses de sucesso em 2010"

Surgem quatro portugueses entre as cem figuras ibero-americanas que marcaram 2010 segundo o El País. Tradicionalmente, a Ibero-América incluiu Portugal, Espanha e Andorra e, do outro lado do Atlântico, duas dezenas de países, desde o gigante Brasil até ao minúsculo El Salvador. Mas no critério do grande jornal madrileno, os ibero-americanos incluem também os 40 milhões de hispânicos que vivem nos Estados Unidos, como é o caso de Marco Rubio, senador pela Florida e uma das estrelas em ascensão do Partido Republicano. Há quem lhe chame mesmo "O Obama republicano", designação cheia de optimismo que o antevê já como o primeiro hispânico a chegar à Casa Branca, assim como Barack Obama, eleito em 2008, foi o primeiro negro.

Sem surpresa, três dos portugueses destacados pelo El País trabalham fora de Portugal. São eles José Mourinho, treinador do Real de Madrid, Paula Rego, a pintora que há muito escolheu a Inglaterra como casa, e Filipe Oliveira Baptista, o novo director artístico da Lacoste, mítica marca francesa. A quarta figura portuguesa, e única a viver aquém-fronteiras, é Leonor Beleza, a presidente da Fundação Champalimaud.

A lista do El País vale o que vale, mas ao contrário do que é hábito em publicações espanholas não nos deixa ficar mal. Quatro em cem é uma representação justa, tanto mais que na Ibero-América em 2010 houve acontecimentos tão significativos como o triunfo de Dilma Rousseff nas presidenciais brasileiras, o mundial de futebol conquistado pela selecção espanhola liderada por Vicente del Bosque, o Nobel da Literatura para o peruano Mario Vargas Llosa ou o Prémio Sakharov para o dissidente cubano Guillermo Fariñas. Os quatro seleccionados portugueses devem servir, de certo modo, de inspiração. O País pode estar em crise, mas os portugueses são capazes de fazer muito melhor. E mostram-no todos os dias. Não só estes quatro destacados pelo El País mas muitos outros.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Sotaque minhoto no Senado de Nova Iorque

Filho de emigrantes da freguesia de Alheira (Barcelos), Jack Martins, republicano, 43 anos, é o primeiro lusodescendente eleito para o Senado de Nova Iorque após dura disputa legal.

A batalha pela vitória foi mais longa do que é habitual para Jack Martins, político republicano que, a partir de 1 de Janeiro, será o primeiro senador luso-americano no estado de Nova Iorque, representando quase o dobro da população que tem Portugal. 451 votos apenas o separaram do seu rival, o democrata Craig Johnson, que não aceitou a derrota, apesar de ela ter sido assumida pelo Departamento de Eleições do Condado de Nassau. O desfecho da disputa legal, que se arrastou durante mais de um mês após as eleições de 2 de Novembro, significa que, graças a Martins, os republicanos voltaram a ter o controlo do senado nova-iorquino.

"A redução do défice e da dívida do estado de Nova Iorque são as prioridades", disse o actual presidente da câmara de Mineola, na ilha de Long Island, onde foi responsável pela reestrutução fiscal do município desde que chegou ao cargo em 2003. Martins, de 43 anos, é contra o aumento de impostos porque acha que isso vair prejudicar os negócios. "Não é possível aumentar os impostos quando, com a crise, as empresas estão a afundar-se", afirma o autarca, dizendo que até agora não tem achado positivas as políticas da Administração Barack Obama.

Filho de emigrantes portugueses da freguesia de Alheira, no concelho de Barcelos, Martins mantém uma forte ligação à comunidade portuguesa e também a Portugal. "Nesta zona, temos uma grande comunidade, muito unida, que tem apoiado muito a minha carreira e a de outros lusodescendentes. Na minha vila há 20 mil habitantes e uma terça parte são portugueses ou seus descendentes", explica, num português perfeito, salpicado de sotaque minhoto.

Nascido no bairro de Queens, foi viver aos três anos para Mineola, onde hoje reside com os pais, a mulher e as quatro filhas. "Os meus pais emigraram à procura de melhores oportunidades nos anos 60. A minha família tem negócios no sector da construção civil. Acho que hoje, apesar da crise, ainda há aqui oportunidades que talvez não haja aí. Eu sou advogado, o meu irmão engenheiro, a minha irmã é médica. Não sei se teríamos tido essas oportunidades noutro país que não fosse os EUA", sublinha, explicando que apesar de tudo mantém uma forte relação com as suas raízes portuguesas e todos os anos visita Portugal pelo menos uma ou duas vezes para ver familiares e amigos.

A mulher, Paula, farmacêutica de profissão, também é lusodescendente. Os pais dela, oriundos de Leiria, emigraram, primeiro para a antiga Rodésia, hoje Zimbabwe, depois para os EUA. "As minhas filhas aprendem português em casa e falam um pouco quando vamos aí. O mínimo que podemos fazer é tentar dar aos nossos filhos um bocadinho das nossas raízes. Fazemos com que dobrem a língua", conta, entre risos. Ao contrário do que acontece com muitos emigrantes e seus descendentes, aquilo de que Martins tem mais saudades não é nenhum tipo de comida ou nenhum clube de futebol português.
"Ao longo de toda a minha vida sempre tive grandes amizades e contactos em Portugal. O que mais saudades me causa é o facto de haver uma cultura e uma história que é a portuguesa e que é realmente distinta de qualquer outra no mundo. Portugal tem a sua maneira de se expressar", refere, lamentando a situação económica e financeira em que o país de origem dos seus pais se encontra.

A crise afecta a todos, é verdade, mas algumas entidades e governos têm mais e melhores instrumentos do que outros para conseguir sair dela, constata o autarca do município de Mineola. "Portugal parece estar numa situação em que vai precisar da ajuda de outros", refere o político, que diz ser republicano por considerar que este é o partido das oportunidades nos EUA.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Governo de São Tomé mandou suspender o programa televisivo de maior audiência

O programa “Em Directo”, da TVS, criado pela jornalista Conceição Lima, antiga correspondente do PÚBLICO, foi comparado por aquele jornal ao programa “Grande Entrevista” do canal português RTP1, rubrica que tem como apresentadora Judite de Sousa.

O “Téla Nón” fez a comparação para que os seus leitores compreendessem a importância do programa da jornalista e poeta Conceição Lima no esclarecimento da opinião pública de São Tomé e Príncipe.

Desde Junho, o “Em Directo” tornara-se o programa de maior audiência da televisão são-tomense. Era transmitido semanalmente às quartas-feiras, com reposição no sábado, sendo a sua apresentadora, licenciada em estudos afro-portugueses e brasileiros pelo King’s College, de Londres, o elemento mais popular da comunicação social em São Tomé e Príncipe.
O problema surgiu na semana passada, quando o Governo de Trovoada, que tomou posse em Agosto, decidiu proibir a entrevista que a jornalista tinha combinado com um antigo primeiro-ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga, com o aval, aliás, do director da TVS, Óscar Medeiros.

São Lima, como normalmente é conhecida, denunciou o facto na crónica que semanalmente escreve para o “Téla Nón”: “Medeiros chamou-me ao seu gabinete para me comunicar que o Governo o instruíra a dizer-me que o meu contrato com a TVS, que perdura até 31 de Dezembro, não seria renovado".
Esta sanção pesada do Governo só faz lembrar actuações de regimes ditatoriais”, escreveu naquele jornal online Abel Veiga, colaborador local da RTP África, segundo o qual depois da tentativa falhada de entrevistar Carlos Veiga também foram canceladas todas as emissões do programa “Em Directo” para o resto do mês.

Achei extraordinário que tivesse sido o Governo a instruir o director a dizer-me que o meu contrato não seria renovado. Sendo eu jornalista da TVS, acho que cabia ao director aferir da minha utilidade ou inutilidade para a televisão são-tomense”, sintetizou Conceição Lima, que já foi produtora dos serviços da BBC em língua portuguesa e é autora dos livros de poemas “O Útero da Casa” e “A Dolorosa Raiz do Micondó”.
Contactada pelo “Téla Nón”, a direcção da TVS recusou prestar qualquer declaração sobre este assunto.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Guiné Equatorial: MNE esperançado na adesão à CPLP em 2012

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné Equatorial, Pastor Micha Bilee, mostrou-se hoje esperançado na adesão do seu país à CPLP durante a próxima cimeira dos oito países lusófonos, agendada para 2012.

"Portugal e o secretariado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) têm que ajudar-nos a estabelecer um plano de ação para que a nossa adesão seja possível na próxima cimeira" da comunidade de países lusófonos, disse Bilee.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné Equatorial, que falava em Lisboa, no final de um encontro com o seu homólogo Luís Amado, explicou que o acompanha nesta visita um grupo de especialistas para falarem com técnicos do secretariado da CPLP sobre a elaboração desse plano.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Viagem da Sagres: Goeses vestiram camisola da selecção portuguesa

Antes da passagem pelo Golfo de Aden, uma zona de pirataria, a ‘Sagres’ teve honras de festa na despedida da comunidade piscatória de Goa.

O ponto alto da nossa recepção em Goa foi a actuação da Sónia Sirshat, uma cantora goesa que nos encantou com fados e mandós, a canção tradicional de Goa.

Largámos de Mormugão na manhã de terça-feira, dia dezasseis de Novembro. Durante os preparativos da largada fomos surpreendidos por um som festivo que se aproximava vindo do rio Zuvari. Numa manifestação indubitável de empatia com a cultura portuguesa, a comunidade piscatória local veio acompanhar a partida da “Sagres”. Seriam umas três dezenas de embarcações, que transportavam à pinha algumas centenas de pessoas, muitos vestindo a camisola da nossa selecção.

Enfeitadas a rigor com folhas de palmeira e balões verde e rubro e ostentando orgulhosamente bandeiras de Portugal ao lado da indiana, as embarcações acompanharam-nos ao longo de algumas milhas. As pessoas dançavam efusivamente ao som de música popular portuguesa. Trocámos lembranças e agradecemos aquele gesto que nos mostra que esta viagem vale a pena e despedimo-nos até breve.

Já com a monção de nordeste a impor-se, navegámos à vela a motor em direcção ao Corno de África. No dia vinte e um alcançámos o Golfo de Aden, zona do globo flagelada diariamente por actividades de pirataria. A navegação no Internationally Recommended Traffic Corridor foi realizada sob condições propícias. Por um lado, o mar cavado não se adequava às pequenas e rápidas embarcações dos piratas. Por outro, as boas condições de visibilidade, adjuvadas por uma lua cheia à noite não ofereciam camuflagem aos usurpadores. Para esta passagem sem incidentes, em muito contribui a forte presença naval reunida nesta zona pela União Europeia, pela NATO e por vários países asiáticos com interesses nesta intensa rota comercial.

Ao longo deste percurso fomos saudados por vários navios das Marinhas que patrulham estas águas. Ficavam algumas horas connosco, trocávamos comunicações rádio e muitas fotos. Este foi um grande apoio como que retribuindo a presença dos navios portugueses que ao longo do ano 2009 aqui comandaram o grupo de navios da NATO envolvido no combate à pirataria e protecção da navegação.
Num final de tarde solarengo, até um avião de combate da coligação sobrevoou a “Sagres” abanando as asas em sinal de cumprimento.
Na manhã desta quarta-feira transpusemos o Estreito de Bab el Mandeb. Á vela e a 12 nós, alcançámos finalmente as águas calmas do Mar Vermelho onde o risco é menor.

Navegamos agora entre a Arábia Saudita e o Sudão, a caminho do Suez, onde faremos uma paragem para ultimar os preparativos para a exigente passagem do canal que nos levará ao Mar Mediterrâneo!