Além do Presidente José Ramos-Horta, que se recandidata ao cargo, de Francisco Lu Olo Guterres, que tem o apoio garantido do aparelho da Fretilin, do ex-chefe das forças armadas Taur Matan Ruak e do presidente do parlamento, Fernando La Sama de Araújo, mais nove personalidades são candidatos nesta votação.
Num país cujo eleitorado fixa o número da posição do candidato no boletim de voto, Manuel Tilman ganhou em sorteio a primeira colocação. Deputado do partido KOTA (União dos Filhos Heroicos da Montanha) e presidente da Comissão Parlamentar Especializada "
C" para a Economia, Finanças e Anticorrupção, Tilman é licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa e antigo deputado do parlamento português. Concorreu às eleições presidenciais de 2007, tendo obtido na primeira volta 4,09 por cento dos votos dos eleitores timorenses.
No número 5 do boletim de voto aparece Rogério Lobato, irmão de Nicolau Lobato - herói nacionalista timorense -, ex-vice-presidente da Fretilin e antigo ministro do Interior, demitido em 2006 em resultado de uma crise política e de segurança no país. Condenado em 2007 a sete anos e meio de prisão por homicídio acabou por receber um indulto presidencial em 2008.
Militante da Frente de Libertação do Timor-Leste Independente (Fretilin), Lobato, cuja família foi toda dizimada durante a ocupação, viveu durante 24 anos no estrangeiro. Actualmente é empresário.
A sexta e sétima posição do boletim pertencem, respetivamente, a Maria do Céu Lopes da Silva e Angelita Pires, as únicas candidaturas femininas.
Maria do Céu Silva nasceu em Ataúro em 1957 e sempre esteve ligada ao trabalho humanitário. Fundou a Aid Timor na Austrália, onde viveu, e em 1999 regressou a Timor-Leste, onde continuou a liderar aquela organização não-governamental. Atualmente trabalha na embaixada da Austrália.
Com 46 anos, Angelita Pires é a candidata presidencial mais nova. Viveu em Portugal e na Austrália após a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia e é sobrinha da actual ministra das Finanças, Emília Pires, e do secretário de Estado dos Recursos Naturais, Alfredo Pires.
Regressou a Timor-Leste em 1999, tendo trabalhado como tradutora para a Unidade de Crimes Graves das Nações Unidas. Ex-companheira do major Alfredo Reinado, foi detida e acusada por ter instigado o ataque à residência do Presidente timorense, José Ramos-Horta, que ficou gravemente ferido, mas acabou por ser absolvida em 2010.
Em 2011 casou-se com o seu advogado de defesa e mudou-se para Darwin, tendo regressado a Timor-Leste para se candidatar às presidenciais.
Na nona posição, e a seguir a José Ramos-Horta, aparece Francisco Gomes, um engenheiro timorense formado na Indonésia e que trabalhou numa empresa de telecomunicações indonésia até 1999.
Sem nunca ter tido um papel político de destaque na sociedade timorense, Gomes juntou-se à ASDT, de Francisco Xavier do Amaral, e em 2008 foi nomeado secretário-geral do partido. Um ano depois saiu do ASDT e formou o PLPA (Partido Liberta Povo Aileba), em 2010.
O número 10 do boletim de voto foi atribuído à candidatura de José Luís Guterres, que pediu dispensa do cargo de vice-primeiro-ministro do país para participar nas eleições presidenciais de 2012. Guterres é um antigo membro da resistência timorense no exterior e um ex-militante da Fretilin. Após a restauração da independência do país, em 20 de maio de 2002, foi nomeado embaixador nos Estados Unidos e nas Nações Unidas.
Quando o actual chefe de Estado do país, José Ramos-Horta, assumiu o cargo de primeiro-ministro foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 2006, saiu da Fretilin e formou a Fretilin Mudança, em apoio ao CNRT, de Xanana Gusmão. Posteriormente, este movimento deu origem ao partido Frente Mudança.
Na 11.ª posição está Abílio Araújo, antigo representante da Fretilin na Europa, de onde saiu após uma disputa com o catual secretário-geral do partido, Mari Alkatiri. Em 1999 fundou o Partido Nacionalista Timorense. Afastou-se da política, tendo-se dedicado nos últimos anos a actividades empresariais.
Na 12.ª posição do boletim de voto, e antes de Fernando La Sama de Araújo, aparece Lucas da Costa, actual reitor da Universidade da Paz e deputado do Partido Democrático no parlamento nacional. Foi um activista da luta de libertação nacional, esteve detido e foi professor na Indonésia, onde fez parte da Renetil, Resistência Nacional dos Estudantes de Timor-Leste.
A posição número quatro era ocupada por Francisco Xavier do Amaral que morreu hoje em Díli, vítima de doença prolongada. Xavier do Amaral, com mais de 80 anos foi o primeiro chefe de Estado timorense após a declaração da independência de Timor-Leste, a 28 de novembro de 1975, mas só ocupou o cargo durante nove dias, até à ocupação Indonésia, ocorrida a 7 de dezembro do mesmo ano. Após a ocupação indonésia refugiou-se nas montanhas tendo sido acusado, em 1978, de "
traição" pelos seus companheiros e detido pelos militares indonésios.
Fundador da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), foi também candidato às eleições presidenciais de 2002, que deram a vitória ao actual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e de 2007, onde obteve 14,39% dos votos, tornando-se no quarto candidato mais votado.