terça-feira, março 27, 2012

Porto eleito pelos consumidores como "melhor destino europeu"

O Porto foi eleito o "Melhor Destino Europeu 2012", entre 20 cidades selecionadas por um júri da Associação dos Consumidores Europeus, foi hoje anunciado. A votação online decorreu nas últimas três semanas no site do European Best Destination, tendo sido contabilizados mais de 212 mil votos.

Em 2.º lugar ficou Viena, na Áustria, e em 3.º Dubrovnik, na Croácia, tendo Lisboa ficado em 8.º lugar no ranking. À frente da capital portuguesa ficaram ainda Praga (República Checa), Bruxelas (Bélgica), Berlim (Alemanha) e Budapeste (Hungria).
Em 2010, Lisboa foi a cidade eleita pela Associação dos Consumidores Europeus para o "Melhor Destino Europeu 2010" e, em 2011, a vencedora foi Copenhaga, na Dinamarca.
O Porto vai poder incluir a utilização do logótipo "Escolha do Consumidor Europeu", durante um ano, em toda a comunicação do turismo oficial.

O vinho do Porto, o Centro Histórico, classificado Património da Humanidade, os museus, parques e jardins "encantadores", bem como lojas de moda, de criadores nacionais e internacionais, são algumas das virtudes do Porto apontadas pela organização no seu site.

segunda-feira, março 26, 2012

I Guerra Mundial: Campas de combatentes portugueses degradadas

O adido de Defesa da Embaixada portuguesa em Paris disse que as 44 campas de combatentes portugueses na I Guerra no cemitério de Boulogne-Sur-Mer, no Norte de França, estão "em grande estado de degradação". O coronel Alberto Marinheiro afirmou que "na sombra do cemitério Português de Richebourg, que é o mais conhecido, e onde estão 1831 portugueses, há mais combatentes da I Guerra Mundial sepultados em França".
Existe, em Boulogne-Sur-Mer, um cemitério militar onde estão sepultados 44 portugueses. A manutenção das campas, a par do memorial aos combatentes, cabe ao Estado português. Há campas onde "já não é possível ler os nomes" e algumas em que o granito "ameaça partir-se".
O responsável tem tentado encontrar uma solução de financiamento para substituir as campas e reabilitar o monumento, operação que deve custar ente 70 e 80 mil euros, e já contactou a Câmara de Boulonge-Sur-Mer e a Liga dos Combatentes em Portugal.

"A outra hipótese que estou a tentar explorar é a mobilização de alguns setores da comunidade portuguesa na região, mas ainda não sei se em termos financeiros ou de trabalho", acrescentou.
Este quadro piora um pouco, explicou, porque "as campas portuguesas estão inseridas num contexto mais vasto de campas militares da Commonwealth". "É um pouco triste constatar, quando chegamos ao cemitério, ou quando assistimos a uma cerimónia, que existe um conjunto de 44 campas que destoa, que estão significativamente mais degradadas do que as campas dos outros camaradas que também faleceram em combate", afirmou.
A situação tem até, diz, causado alguns constrangimentos. Quando há cerimónias, conta o coronel, a câmara "disfarça o canto português com flores e outros artifícios para que esta diferença de manutenção não seja tão visível". 

Este alerta surge a poucas semanas das comemorações anuais da Batalha de La Lys, que acontecem este ano a 14 de abril, no Cemitério Português de Richebourg e em La Couture.
A data assinala a batalha de 9 de abril de 1918, em que o Corpo Expedicionário Português (CEP), integrado nas tropas Aliadas e sob comando britânico, sofreu duras perdas humanas contra a derradeira ofensiva da Alemanha para vencer a I Guerra Mundial (1914-1918).

sábado, março 24, 2012

PSP anjinhos de polícia


É muito curioso ver por caixas de comentários e redes sociais as reacções às agressões a dois jornalistas e a uma intervenção que classifico desde já desproporcionada por parte da PSP.

As opiniões dividem-se entre os comentadores, entre os que defendem a polícia e outros os manifestantes, e há até aqueles que vituperam os jornalistas.

Entre comentadores "policias", existe sobretudo uma grande vitimização e um ladainha sobre provocações e stress, ou até um grande texto partilhado por muitos no facebook de um estado de alma de um polícia que invoca o trabalho heróico da PSP.

Como em todas, e repito todas, as profissões existem bons e maus profissionais, incluindo nos jornalistas e polícias.

Nesta situação em concreto são reveladas várias insuficiências dos profissionais da PSP. Insuficiências graves, que apagam o trabalho dos bons profissionais da corporação. E desde logo é este termo corporação que é fonte de muitos dos problemas da imagem da PSP e outros polícias perante a opinião pública.

Primeiro de referir que não me revejo de todo no género de manifestante presente na ocasião. Conheço o género, e sei, como os polícias sabem, que são "profissionais" da agitação e da provocação. A PSP soube sobretudo entrar no jogo dos manifestantes e cair na esparrela. Os objectivos daqueles manifestantes foram completamente cumpridos. Daí a minha expressão anjinhos no título.

No seguimento revelam-se sobretudo as insuficiências dos elementos da PSP. Primeiro de formação... só pode, imagino eu... isto porque um órgão de policia não pode "amuar" perante provocações, e responder com violência. O monopólio da violência por parte do estado serve para proteger os cidadãos e os seus interesses, não para "impor" a ordem, esse termo tão ao gosto das instituições policiais que serve de capa para atropelar os direitos mais fundamentais dos cidadãos.

A força de policia serve sobretudo para conter potenciais atropelos aos direitos de terceiros, identificar e deter os elementos que estejam a cometer delito, não serve concerteza para fazer razias ao estilo medieval e impor à força da bastonada um auto-delineado conceito de ordem pública.

Não me recordo por exemplo durante os motins na Inglaterra de a polícia ter agido atropelando os direitos dos cidadãos, mas esse é um país habituado à democracia, e instituições geneticamente imbuídas de respeito pelo cidadão, ao contrário das nossas que ao fim de 35 anos ainda demonstram tiques de autoritarismo.

E reparem que ainda nem falei do caso do caso dos jornalistas, esse também gravíssimo, e qual foi a resposta da PSP. Carteiras profissionais caducadas, e coletes de identificação. Tudo bem organizadinho e controladinho, por isso bem democrático!!!

Voltamos à formação e ressalvo esta passagem no jornal i de um polícia do corpo de intervenção: “Tenho a certeza de que, 20 minutos depois da bastonada à jornalista, o agente arrependeu-se e muito, pois a cara dele está nos jornais” 

Entre outras pérolas destas, isto revela que não fosse a foto (o que só demonstra isso sim a importância dos jornalistas) que a questão do direito da senhora a fazer o seu trabalho ou pura e simplesmente integrar uma manifestação nem se punha perante os polícias. Arrependeu-se porque houve uma foto nos jornais em todo o mundo, como seria sem foto. Revela a profunda falta de cultura democrática destes senhores.

Não ponho em causa que é difícil trabalhar como polícia naquelas condições, mas é para trabalhar naquelas condições que treinam e são pagos, pelos cidadãos que que agrediram. Já sem falar em jornalistas, eu não acho normal que seja a polícia a varrer uma esplanada, como não acho normal polícias agredirem e derrubarem pessoas que claramente nada têm a ver com os provocadores, como um video de uma senhora loura que é jogada ao chão quando nem estava na manifestação, como não acho nada normal polícias a pontapear cidadãos enquanto eles estão prostrados no chão, portanto sem serem ameaça; como não acho nada normal um policia aplicar um golpe de kickboxing, uma joelhada na cabeça de um jovem.

São acções dignas de um país centro-africano, o que revela ou falta de formação e profissionalismo, ou então uma profunda falta de perfil dos elementos que compõem aquela unidade da PSP.

Não é também nada normal que se veja em videos, Polícias a tentar controlar polícias, só me resta deixar pelo menos um obrigado pelo civismo e profissionalismo desses elementos.

Quando sabemos que a percepção pública é de uma inactividade das forças policiais nas verdadeiras necessidades das populações, casos como nem entrarem em certos bairros ou não patrulharem as zonas que devem, ou acorrer a um incidente horas após o sucedido limitando a acção a tomar conta do ocorrido criando a ideia que é propositado, e por outro lado uma implacável sede de aplicação de multas, não podem certamente ficar admirados que após um caso da mais elementar falha por parte da instituição as pessoas os insultem e olhem com completa desconfiança para a PSP.

Quando vi esta notícia "A PSP anunciou hoje que vai desenvolver na sexta-feira uma operação nacional junto aos centros comerciais, escolas, centros históricos e turísticos, interfaces de transportes públicos, zonas urbanas sensíveis e áreas de diversão noturna." só me apeteceu rir, porque não é exactamente esse o trabalho que deveriam fazer todos os dias!?

A questão do corporativismo também é fundamental, porque de caso em caso, a resposta da instituição limita-se ao controlo de danos de imagem e desculpabilização dos seus elementos. A impunidade no abuso do poder é outro dos principais motivos de conflito entre a sociedade e a polícia, porque num caso destes um real processo de averiguações seria expedito e puniria claramente e abertamente os referidos elementos da PSP.

Portanto a desconfiança grassa entre os cidadãos.


Já vai longo o texto, e muito haveria ainda por dizer... do caso fico com a certeza que muito há a fazer na PSP e é urgente qualificar os elementos que a compõem para que possam cumprir a sua razão de ser. Servir o cidadão.

terça-feira, março 20, 2012

Reino Unido: Líder da Câmara dos Lordes tem apelido português

A líder da Câmara dos Lordes inglesa, Frances Russell, é casada com o Dr. Stanley D'Souza, natural de Bombaim (Mumbai) e de ascendência portuguesa, e usa o apelido do marido, pelo que é conhecida publicamente como Lady Frances D'Souza.

Estudou na St. Mary's School e graduou-se em Antrolpologia na University College, de Londres. É doutorada em Filosofia Universiade de Oxford.
A Baronesa foi investida como "Companion" da Ordem de São Miguel e São Jorge, em 1999.

sábado, março 17, 2012

Guiné-Bissau: ver para crer, por Bernardo Pires de Lima

in DN

Nove candidatos e uma campanha relativamente tranquila. Foi mais ou menos assim que comecei o último artigo sobre as presidenciais de Timor-Leste e é assim que retomo o tema para a Guiné-Bissau. Com histórico acidentado e convulsivo, podíamos esperar o pior depois da morte, em Dezembro, do Presidente Sanhá. Não foi isso que aconteceu. A transição acabou por ocorrer sem grandes incidentes e o chefe do Governo, Carlos Gomes Júnior, pode dedicar-se em exclusivo à candidatura presidencial, cargo que muito provavelmente conquistará. Como o próprio reconheceu, é ele o "candidato natural" do PAIGC, num misto de inevitabilidade e ambição pessoal. A questão é saber se estas eleições podem ou não marcar um período de estabilidade e reformismo de que a Guiné-Bissau tanto precisa. Depende de vários fatores. O primeiro está em saber o nível de reação que as reformas na justiça e na segurança provocam entre os feudos criados. Tendo em conta os últimos anos, é ver para crer o seu sucesso. Contudo, há dois outros fatores que podem ser vantajosos. O primeiro é o facto de Carlos Gomes Júnior reunir o apoio de Angola e de esta ser fundamental como parceiro de Bissau. Foi quem abriu uma linha de crédito importante no ano passado e quem sustenta basicamente a reforma do sector de segurança. Luanda tem duzentos militares na Guiné e mantém todo o interesse na estabilidade do país para melhor potenciar as contrapartidas económicas e geopolíticas. Num quadro de crescente desinteresse da União Europeia, é Luanda quem surge. O segundo fator é interno e passa pelo esvaziar da rivalidade entre Presidente e primeiro-ministro, podendo Carlos Gomes Júnior, com um executivo favorável eleito ainda este ano, concentrar poder e autoridade num cargo só. É verdade, pode ter efeitos negativos, mas pode acabar por ser apaziguador se convenientemente aproveitado. É ver para crer.

sexta-feira, março 16, 2012

Seis construtoras portuguesas procuram oportunidades de negócio em Israel

Seis empresas portuguesas do scetor da construção civil partem hoje para Israel, país com um peso ainda "pouco significativo" na balança comercial nacional, mas "pouco afectado" pela crise económica, numa missão da Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Segundo adiantou fonte da AEP, a missão decorre até quarta-feira e inclui "vários encontros de negócios e contactos institucionais no principal centro político e económico do país, Telavive".

A comitiva portuguesa é recebida na manhã de domingo na Câmara de Comércio israelita, onde decorrerá um seminário técnico para apresentação das potencialidades do mercado local e das principais oportunidades que a economia do país pode oferecer às empresas nacionais.

Depois os empresários terão um encontro na residência do embaixador de Portugal em Israel, ao fim da tarde de terça-feira, e "dezenas de encontros bilaterais" com agentes económicos locais que previamente se manifestaram interessados nos produtos ou serviços das seis empresas portuguesas representadas na missão: Efacec (energia), Tecidos Carvalho (têxteis lar), Catari (equipamentos metálicos de apoio à indústria da construção), Mag&Serra (ferramentas e equipamentos para a construção civil), Senda (sanitários em aço inoxidável) e MotivoÚnico (mobiliário e decoração).

Portugueses exportam desenhos animados no valor de 7,5 milhões

Dois portugueses preparam-se para lançar uma série de animação infantil avaliada em 7,5 milhões de euros. Em 2010, Rui Miranda e Rodrigo Carvalho decidiram ignorar as notícias da crise e criaram a empresa Nutri Ventures, que emprega 70 pessoas. Rodrigo Carvalho formou-se em engenharia aeroespacial e Rui Miranda em gestão, mas hoje apresentam-se como "contadores de histórias" e estão à frente do maior projeto de animação feito em Portugal.

Quando, há dois anos, a série começou a ganhar forma, a dupla de jovens tinha um objetivo: montar uma empresa na área de entretenimento que contasse histórias sobre alimentação saudável a crianças dos quatro cantos do mundo. "Criar uma marca internacional desde raiz era o objetivo", recorda Miranda, 39 anos. Por isso, "todo o estilo gráfico, história e conteúdos foram desenhados de forma a que fossem globalmente aceites e depois adaptados ligeiramente para cada mercado", explica.
Com um orçamento total de 7,5 milhões de euros, perceberam que era preciso ter "massa critica para ter sucesso" e por isso fizeram parcerias "com a Organização Mundial de Saúde, com os ministérios da Educação e da Saúde e com associações de nutricionistas de vários países", conta.

O pré-lançamento da série Nutri Ventures vai acontecer no sábado, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Mas dentro de pouco tempo estará em vários pontos do mundo. Em outubro, os heróis e vilões destas aventuras vão entrar nas casas de miúdos brasileiros, húngaros, polacos e israelitas e estão a decorrer as negociações para que ainda em 2012 chegue ao Reino Unido, Itália, México e China.
"Não era possível criar uma marca de entretenimento nem uma produção deste tamanho só para o mercado nacional", conta Miranda. No entanto, este é "um projecto com 100% de talento português", garante Carvalho, 37 anos.

Trabalham directamente no projecto cerca de 70 pessoas, todas portuguesas, excepto três: "Há um luso- brasileiro, que sou eu, um inglês, que é quem faz a banda sonora, e a Amanda, que faz a tradução (para inglês)", conta Carvalho.

A animação é feita na "Bang!Bang! Animação Studio", um atelier na Avenida 5 de Outubro onde diariamente trabalham 46 pessoas. Miguel Braga, diretor da Bang!Bang!, lembra o início do projeto, quando a equipa se resumia a 7 elementos: "Estávamos num estúdio muito pequenino, mas tivemos de mudar de instalações para outro sítio quando passámos a ser 21. Entretanto viemos para aqui e hoje somos 46", diz, apontando para as salas apinhadas de secretárias e computadores, onde jovens artistas desenham as personagens e cenários dos 53 episódios da Nutri Ventures.

O mesmo está a acontecer com os actores que dão vozes às personagens: "Até agora são entre 21 a 23, mas vão crescer porque sempre que surgem novas personagens terei de trazer novos actores", explica Carla de Sá, responsável pela dirceção artística de actores. Segundo as contas de Miranda, "cerca de dois terços do orçamento são para a criação dos episódios".
Mas é com acordos de licenciamento e merchandising que os empresários esperam ter o retorno do investimento: "As crianças ficam cativadas pelos heróis e pela história e depois vão querer ter os produtos relacionados", explica Miranda, dando como exemplo o desejo de lançar jogos, livros e cadernetas de cromos.

Enquanto o sucesso da série não é confirmado, os sócios da Nutri Ventures vão vivendo aventuras reais, como no dia em que foram recebidos na Casa Branca e foram confundidos com um General e um Senador. Miranda revela que a visita foi possível através do embaixador dos EUA em Portugal, Allan J. Katz, "que adorou o projecto" e conseguiu marcar a reunião com a equipa responsável pelo projecto da primeira-dama Michelle Obama de combate à obesidade, o "Let´s Move!".

quarta-feira, março 14, 2012

Moçambique: Política de vistos muda para portugueses e «qualquer estrangeiro» - Embaixada

O Governo moçambicano alterou a política de vistos de turismo, passando a exigir a "qualquer estrangeiro" que apresente prova da estada no país, seja em hotel, seja em casas privadas, disse fonte da Embaixada moçambicana em Lisboa.

Neste momento, "é condição 'sine qua non'" apresentar uma espécie de carta de chamada para pedir um visto de turismo para Moçambique (com um prazo máximo de 90 dias). "Ou apresenta reserva do hotel, ou, se não tem reserva do hotel, apresenta termo de responsabilidade passado pela família que aloja [o visitante estrangeiro] em Moçambique", explicou o adido consular da Embaixada de Moçambique em Lisboa, Celestino Namuto.

Sobre a abrangência da nova política de vistos, Celestino Namuto frisou que não se dirige "só a portugueses, mas a todo aquele que é estrangeiro". Sobre as razões para esta alteração, o adiado consular afirmou, categórico: "Não temos que explicar, as pessoas têm de cumprir com aquilo que queremos."

ONU: Ban Ki-moon pediu a Paulo Portas apoio de Portugal à Guiné-Bissau

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, a continuação do apoio de Portugal ao processo de reformas e consolidação da paz na Guiné-Bissau.

Segundo nota hoje divulgada pelo gabinete de Ban Ki-moon, o pedido foi expresso durante um encontro entre ambos na segunda-feira, nas Nações Unidas, depois de o chefe da diplomacia de Portugal ter feito uma intervenção no Conselho de Segurança sobre a situação no Médio Oriente, e em particular a Síria, crise também discutida entre ambos.
Ban Ki-moon "expressou o apreço pelo antigo apoio a Timor-Leste e às sucessivas missões da ONU" no país lusófono, refere a nota.

Até já, por Pedro Santos Guerreiro

in Jornal de Negócios

Um desconhecido demitiu-se do Governo. Querem fazer uma algazarra disso. Fazer do desconhecido um mártir. Alinhar no populismo fácil de atacar a EDP. Invocar a lenga-lenga de que os lóbis ganham sempre. Pois querem. Querem e fazem bem.
Um desconhecido demitiu-se do Governo. Querem fazer uma algazarra disso. Fazer do desconhecido um mártir. Alinhar no populismo fácil de atacar a EDP. Invocar a lenga-lenga de que os lóbis ganham sempre. Pois querem. Querem e fazem bem.

Henrique Gomes era um desconhecido. Depois do bulício destes dias, vai continuar a sê-lo: as polémicas em Portugal são como o Carnaval, duram dois dias e, no fundo, ninguém leva a mal. Mas a política de subsidiação energética está longe de ser uma desconhecida. Henrique Gomes quis alterá-la, não conseguiu, então demitiu-se. Álvaro Santos Pereira e Passos Coelho também quiseram mudá-la, não conseguiram, então mudaram de opinião.

O sector da energia é sempre subsidiado. Na construção ou na operação, há sempre subsídios, evidentes ou evanescentes, até no petróleo. O primeiro mito a desfazer é portanto que a alternativa a subsidiar produção de energia é... não subsidiar produção de energia. O que há é muitos lóbis a disputar as fatias do bolo. Quando Patrick Monteiro de Barros quis construir uma refinaria em Sines, ela seria paga pelo Estado; quando se ataca as eólicas para construir nuclear, é com subsídios; quando as indústrias defendem a cogeração, querem subsídios; quando se anunciam carros eléctricos, micro-produção caseira ou os maiores parques de solar fotovoltaica da Europa, é porque há subsídios, subsídios, subsídios. Pronto: é só para desintoxicar dos paladinos da boa utilização dos dinheiros públicos que não querem mais que apropriar-se deles.

Subsidiar não é em si mesmo errado. No caso da cogeração, é preciso separar os escandalosos casos de quem anda a queimar "a seco" só para receber subsídio das indústrias que incluem a energia no seu processo produtivo. No caso das barragens e das eólicas, já aqui foi dito, essa opção estratégica está tomada, não se desmantela agora, aproveita recursos naturais de Portugal e será mais competitiva à medida que o petróleo inexoravelmente encarece. O problema não é pois a subsidiação, mas a escolha tecnológica que assiste e, no caso, é o seu valor, se é justo ou excessivo. Porque "subsídio" é apenas um nome fino para impostos que pagamos cegos e tarifas que suportamos mudos. A factura energética é uma fartura energética. Para muita, muita gente, incluindo autarquias.

O subsídio é excessivo? A "troika" diz que sim. Santos Pereira e Passos diziam, antes, que sim. Um estudo encomendado pelo Governo diz que sim. Quem diz que não? Quem recebe. A EDP, pois claro. Mas não só: a Endesa, a Iberdrola, todos os operadores de renováveis, que andam calados atrás das costas largas de António Mexia.
Os CMEC são contratos com uma origem antiga, custam 27 euros por ano a cada família portuguesa e são, já aqui foi escrito, um excelente negócio para a EDP, pois o Estado assume o risco da operação. Era isso que Henrique Gomes queria desfazer. Debalde. E porquê?

Essa é a grande pergunta: porquê? O Governo queria. A troika exigiu. O Ministério da Economia avançou com um imposto especial para tirar de um lado o que os subsídios davam por outro. Adiou-se tudo por causa da privatização. Perdeu-se o tempo certo. A secretária de Estado do Tesouro anunciou no dia da venda aos chineses que o Governo continuava livre para decidir tarifas. Não continuou nada: os chineses enfureceram-se. O Governo, se os queria enganar, enganou-se. E calou-se.

Não foi só um secretário de Estado que se demitiu de um cargo, foi um Governo que se demitiu da sua função, tornando-se perigosamente parecido com quem criticara violentamente no passado.

O encaixe brutal da privatização tem contrapartidas, como se viu nas nomeações de políticos para a administração, como se vê agora nesta postura obediente aos chineses. No fundo, percebe-se agora, parte desse encaixe da privatização será pago por nós, consumidores e indústrias. É por isso que este é o país "até já": Santos Pereira diz até já a Henrique Gomes, Passos diz até já a Sócrates, todos dizemos até já aos lóbis, mudamos para que tudo fique na mesma, neste até já Portugal, até já sectores não transaccionáveis, até já cepa torta, sempre "até" e sempre "já" e sempre "nunca", nunca, nunca mais saímos disto.

segunda-feira, março 12, 2012

Lisboa é a 57ª mais competitiva do mundo. Nova Iorque lidera

A capital portuguesa aparece no lugar 57, num ranking que agrupa as 120 maiores cidades do mundo, de acordo com categorias como capital humano, eficácia institucional ou maturidade financeira.
É nas categorias de "eficácia institucional", "apelo global" e "maturidade financeira" que Lisboa consegue os melhores resultados. Por outro lado, a "força económica" e o nível de "ameaças naturais e ambientais" são as características em que a capital aparece pior classificada.
O estudo Hot Spots, realizado pela Economist Intelligence Unit e encomendado pelo Citigroup, tem por base o "índice de competitividade global entre cidades", que avalia cidades em 8 categorias e 31 indicadores. As categorias são a "força económica", o "capital humano", a "eficácia institucional", a "maturidade financeira", o "apelo global", o "capital físico", o "carácter social e cultural" e as "ameaças naturais e ambientais".

O objetivo é determinar quais as cidades mais competitivas do mundo pela sua habilidade em atrair investimento, negócio, talento e turismo. "Encomendámos este estudo para identificarmos onde é que o crescimento, a oportunidade e o talento podem ser encontrados com décadas de adiantamento", revela o CEO do Citi, Vikram Pandit.
Entre as conclusões globais destaca-se o crescimento das cidades asiáticas, mas "as cidades norte-americanas e europeias possuem vantagens herdadas que lhes conferem um avanço competitivo", explicou o diretor das previsões da EIU, Leo Abruzzese.
Lisboa aparece à frente das duas representantes brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro) e de cidades como Moscovo, Atenas e Istambul.

terça-feira, março 06, 2012

Avé Rosinha

É impressão minha, ou mesmo depois da troca de mãos o jornal i continua a sua cruzada política...

Timor-Leste: Um reitor, deputados e antigos ministros procuram um lugar entre favoritos à presidência

Além do Presidente José Ramos-Horta, que se recandidata ao cargo, de Francisco Lu Olo Guterres, que tem o apoio garantido do aparelho da Fretilin, do ex-chefe das forças armadas Taur Matan Ruak e do presidente do parlamento, Fernando La Sama de Araújo, mais nove personalidades são candidatos nesta votação.

Num país cujo eleitorado fixa o número da posição do candidato no boletim de voto, Manuel Tilman ganhou em sorteio a primeira colocação. Deputado do partido KOTA (União dos Filhos Heroicos da Montanha) e presidente da Comissão Parlamentar Especializada "C" para a Economia, Finanças e Anticorrupção, Tilman é licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa e antigo deputado do parlamento português. Concorreu às eleições presidenciais de 2007, tendo obtido na primeira volta 4,09 por cento dos votos dos eleitores timorenses.

No número 5 do boletim de voto aparece Rogério Lobato, irmão de Nicolau Lobato - herói nacionalista timorense -, ex-vice-presidente da Fretilin e antigo ministro do Interior, demitido em 2006 em resultado de uma crise política e de segurança no país. Condenado em 2007 a sete anos e meio de prisão por homicídio acabou por receber um indulto presidencial em 2008.
Militante da Frente de Libertação do Timor-Leste Independente (Fretilin), Lobato, cuja família foi toda dizimada durante a ocupação, viveu durante 24 anos no estrangeiro. Actualmente é empresário.

A sexta e sétima posição do boletim pertencem, respetivamente, a Maria do Céu Lopes da Silva e Angelita Pires, as únicas candidaturas femininas.

Maria do Céu Silva nasceu em Ataúro em 1957 e sempre esteve ligada ao trabalho humanitário. Fundou a Aid Timor na Austrália, onde viveu, e em 1999 regressou a Timor-Leste, onde continuou a liderar aquela organização não-governamental. Atualmente trabalha na embaixada da Austrália.

Com 46 anos, Angelita Pires é a candidata presidencial mais nova. Viveu em Portugal e na Austrália após a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia e é sobrinha da actual ministra das Finanças, Emília Pires, e do secretário de Estado dos Recursos Naturais, Alfredo Pires.
Regressou a Timor-Leste em 1999, tendo trabalhado como tradutora para a Unidade de Crimes Graves das Nações Unidas. Ex-companheira do major Alfredo Reinado, foi detida e acusada por ter instigado o ataque à residência do Presidente timorense, José Ramos-Horta, que ficou gravemente ferido, mas acabou por ser absolvida em 2010.
Em 2011 casou-se com o seu advogado de defesa e mudou-se para Darwin, tendo regressado a Timor-Leste para se candidatar às presidenciais.

Na nona posição, e a seguir a José Ramos-Horta, aparece Francisco Gomes, um engenheiro timorense formado na Indonésia e que trabalhou numa empresa de telecomunicações indonésia até 1999.
Sem nunca ter tido um papel político de destaque na sociedade timorense, Gomes juntou-se à ASDT, de Francisco Xavier do Amaral, e em 2008 foi nomeado secretário-geral do partido. Um ano depois saiu do ASDT e formou o PLPA (Partido Liberta Povo Aileba), em 2010.

O número 10 do boletim de voto foi atribuído à candidatura de José Luís Guterres, que pediu dispensa do cargo de vice-primeiro-ministro do país para participar nas eleições presidenciais de 2012. Guterres é um antigo membro da resistência timorense no exterior e um ex-militante da Fretilin. Após a restauração da independência do país, em 20 de maio de 2002, foi nomeado embaixador nos Estados Unidos e nas Nações Unidas.

Quando o actual chefe de Estado do país, José Ramos-Horta, assumiu o cargo de primeiro-ministro foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 2006, saiu da Fretilin e formou a Fretilin Mudança, em apoio ao CNRT, de Xanana Gusmão. Posteriormente, este movimento deu origem ao partido Frente Mudança.
Na 11.ª posição está Abílio Araújo, antigo representante da Fretilin na Europa, de onde saiu após uma disputa com o catual secretário-geral do partido, Mari Alkatiri. Em 1999 fundou o Partido Nacionalista Timorense. Afastou-se da política, tendo-se dedicado nos últimos anos a actividades empresariais.

Na 12.ª posição do boletim de voto, e antes de Fernando La Sama de Araújo, aparece Lucas da Costa, actual reitor da Universidade da Paz e deputado do Partido Democrático no parlamento nacional. Foi um activista da luta de libertação nacional, esteve detido e foi professor na Indonésia, onde fez parte da Renetil, Resistência Nacional dos Estudantes de Timor-Leste.

A posição número quatro era ocupada por Francisco Xavier do Amaral que morreu hoje em Díli, vítima de doença prolongada. Xavier do Amaral, com mais de 80 anos foi o primeiro chefe de Estado timorense após a declaração da independência de Timor-Leste, a 28 de novembro de 1975, mas só ocupou o cargo durante nove dias, até à ocupação Indonésia, ocorrida a 7 de dezembro do mesmo ano. Após a ocupação indonésia refugiou-se nas montanhas tendo sido acusado, em 1978, de "traição" pelos seus companheiros e detido pelos militares indonésios.

Fundador da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), foi também candidato às eleições presidenciais de 2002, que deram a vitória ao actual primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e de 2007, onde obteve 14,39% dos votos, tornando-se no quarto candidato mais votado.

segunda-feira, março 05, 2012

Vinho: Potencial do mercado dos EUA entusiasma portugueses

As exportações de vinho português para os Estados Unidos têm crescido continuamente, com bom acolhimento da crítica especializada e consumidores, e produtores de vinhos, AICEP e ViniPortugal (VP) mostram-se entusiasmados com o potencial do mercado.

A delegação portuguesa à principal feira de vinhos de Nova Iorque, a Wine Expo, entre sexta-feira e domingo na cidade norte-americana, é este ano mais pequena do que em 2011, mas a ViniPortugal, que representa as empresas do setor, vai investir em 2012 mais do que nunca no mercado norte-americano.

"Os vinhos portugueses aqui são bem aceites, cada vez mais consumidores e profissionais os conhecem, este ano foi recorde em termos de prémios ganhos nas revistas do setor - Wine Spectator, Wine and Spirits, Wine Enthustiast - e tudo isso são fatores de sucesso para a nossa aposta nos Estados Unidos", disse Sónia Fernandes, da VP.

O menor número de expositores, em relação aos 47 de recorde do ano passado, deve-se ao facto de as datas terem coincidido com a feira ProWein na Alemanha, mas "os produtores claramente estão a apostar imenso no mercado norte-americano", diz Sónia Fernandes.

As vantagens dos vinhos portugueses estão na diferença de ter castas únicas ao país, como Trincadeira ou Touriga, uma boa relação preço-qualidade e a própria cultura do país, "aberta, convidativa", adianta. O sector tem estado a crescer sobretudo graças às exportações, que tendem a aumentar e, enquanto grande parte do país se debate com a crise, este "está com saúde", segundo a representante da VP.
A VP reduziu este ano os mercados em que vai investir em promoção, reservando as maiores fatias para os Estados Unidos (2,5 milhões de euros) e Brasil (1 milhão de euros).

"2012 vai ser o grande ano dos vinhos portugueses nos EUA, porque corresponde a uma grande aposta de todas as instituições encarregadas da promoção do vinho", disse o delegado do AICEP, Rui Boavista Marques. As exportações de vinho subiram 6% em 2010 e 7% em 2011, e os dados dos primeiros meses do ano permitem ter "confiança de que vai continuar essa tendência", adianta o delegado do AICEP para o mercado norte-americano.

Com escritório no país há mais de 13 anos, a Aveleda, tem nos EUA um "mercado estratégico" e um "trampolim", com as exportações a crescerem de maneira "exponencial nos últimos anos".
"Se há país onde se pode ser ambicioso é nos Estados Unidos, posso dizer com alguma segurança", disse Francisco Guedes, da Aveleda.

A delegação portuguesa incluiu ainda outros grandes exportadores como a Esporão, Caves Messias, Croft Port, Sogrape Vinhos e Dão Sul, mas também mais pequenas como a Herdade da Malhadinha Nova.

Maria Stevens, da José Maria da Fonseca, já tinha vendido cerca de 25 caixas de marcas como Periquita ou Domini a consumidores antes do final do primeiro dia da feira.
Destacava em particular a "recepção fantástica" ao Douro Domini, que recentemente obteve 90 pontos do conhecido crítico Robert Parker, "um orgulho para a empresa e para Portugal".

Já para a brasileira Gabriela Paiva, a Wine Expo foi a primeira experiência no mercado norte-americano, representando 16 produtores de várias regiões com a sua empresa recém-criada, Tambuladeira, que em seis meses exportou "cinco contentores para o Brasil".
"Falta vinho português aqui, os vinhos são poucos, a maior parte estão na prateleira da Espanha quase, e acho que tem um mercado gigante aqui. Todos os que provam adoram", disse.

Governo quer Arsenal do Alfeite com clientes civis

Governo quer pôr estaleiros do Arsenal do Alfeite a trabalharem para clientes civis.
Por outro lado, destinou um contrato de seis milhões a esta entidade para reparar a corveta João Roby. Quanto aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, de onde se demitiu um administrador alegando falta de decisões sobre a empresa, o Governo diz que está a trabalhar para resolver o problema.

"O processo João Roby estava já há um ano em curso, está fechado e essa é uma das intervenções que o Arsenal do Alfeite tem para fazer e que contribuirá para o incremento da actividade do próprio estaleiro", referiu o secretário de Estado da Defesa, Paulo Braga Lino.

O investimento foi aprovado pelo primeiro-ministro a 10 de Fevereiro e publicado em Diário da República 10 dias depois, devendo o contrato estar fechado em Abril.
A encomenda surge numa altura em que cerca de 600 trabalhadores dos estaleiros do Alfeite estão há vários dias sem trabalhar por não terem nada ou quase nada para fazer.

Um problema que o Governo quer resolver, estando à procura, através da Empordef, de clientes civis para os Estaleiros Navais do Alfeite, detidos pelo Estado.
"A Empordef está a fazer um trabalho de pesquisa de novos clientes que permita reduzir e atenuar a ligação Estado/Alfeite, em que na prática existe um cliente e um fornecedor", explicou Braga Lino.

"O que pretendemos é encontrar alternativas e soluções que nos permitam dar uma maior estabilidade ao negócio e à actividade do Arsenal do Alfeite, à semelhança do que estamos a fazer com a maioria das empresas do sector empresarial do Estado nesta área da Defesa", acrescentou.

Isto significa "que as capacidades técnicas de que o Arsenal do Alfeite dispõe terão de ser colocadas ao serviço do mercado e de novos clientes, quer porque algumas dessas capacitações não se encontram muito disponíveis nesse mesmo mercado, quer porque o Estado não se pode dar ao luxo de desperdiçar investimentos feitos apenas e só porque podem ser aplicados na manutenção ou no desenvolvimento de trabalhos para a Marinha portuguesa", acrescentou.

Este novo objectivo não invalida a ligação à Marinha portuguesa, já que "continuará a haver encomendas da Marinha, como não pode deixar de ser", garantiu Paulo Braga Lino.

Sobre a situação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, de onde saiu um administrador na sexta-feira alegando "inércia da administração" em tomar decisões sobre o futuro e a gestão da empresa, o secretário de Estado adiantou apenas que o Governo quer encontrar uma solução.
"Estamos a trabalhar em todo o sector empresarial da Defesa, incluindo os estaleiros de Viana. São naturalmente uma das nossas prioridades e tem sido feito um trabalho muito intenso que queremos ver se conseguimos concluir e que nos permita, também nessa empresa, encontrar soluções".