A jovem marca de Rio Tinto não sabe o que é a crise. Exporta 80% da sua produção para os EUA, França, Inglaterra, Rússia e Grécia.
Criada há três anos e meio, a Boca do Lobo conquistou o mercado do design de vanguarda, estando representada em países como os Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia ou Grécia, sem quaisquer sinais de crise.
A marca é "bastante rentável" e exporta 80% da sua produção, garante Pedro Sousa, um dos três sócios e o designer responsável da empresa sediada em Rio Tinto. "Não sentimos a crise. Aqui não sabemos o que isso é", orgulha-se.
O sucesso da marca foi quase imediato, mas a sua criação foi demorada. "Perdemos imenso tempo a saber qual era a linguagem, a estudar outras marcas de luxo, a saber que tipo de texto escrevem, como se apresentam, como contactam os clientes. Aprendemos por nós, não consultámos nenhum guru. Foi um estudo bastante intenso e penso que deu este resultado por causa disso mesmo", salienta o designer.
Durante este período, chegaram à conclusão de que a criatividade dos desenhos não era suficiente para fazer a diferença.
"Éramos novos, havia que dar alguma credibilidade à marca. Definimos que ia ser uma marca com muito de ligação à tradição. Não queríamos ser mais uma marca a seguir o design emergente actual. Tentamos perceber o que já foi feito. Peças como um Luís XV ou uma Arte Nova vão ter sempre mercado e as pessoas ligam-se a elas de uma maneira afectiva", recorda.
Não foi só no estilo que os três sócios quiseram apostar na tradição: tentaram, também, recuperar as técnicas artesanais existentes no País. "Sabemos trabalhar bem a madeira, mas as empresas quiseram seguir o que o mercado europeu fazia e industrializaram-se de uma maneira que não condiz com o que sabemos fazer, que é trabalhar à mão", sublinha.
O segredo foi juntar a inovação ao requinte das peças feitas à mão, por gente com anos de trabalho nos tornos de madeira. "Desde a idade medieval que as peças eram olhadas com muito pormenor. Estas peças têm algum requinte que se perdeu, mas ainda existem pessoas que as fazem. Acontece que não houve revitalização. Ficaram muito paradas no tempo. Tento perceber como se produzem e dar algo de novo", descreve.
É através de gabinetes de decoração de interiores, de representantes da marca ou de galerias que os móveis da Boca do Lobo chegam a casa dos clientes finais.
Tudo gente com muito dinheiro: o Mondrian (todas as peças têm nome próprio e um dos aparadores desenhados por Pedro Sousa recebeu o nome do pintor holandês) tem como preço recomendado 13 mil euros. "Não é caro", diz. "Se pensarmos que para o fazer são precisos 17 fornecedores diferentes, que esses fornecedores são de uma pequena empresa, que podem falhar no prazo de entrega. Há muito trabalho, é preciso andar sempre em cima deles, e isso são coisas das quais outras empresas não querem depender".
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