Foi um triplo salto da capital portuguesa, que vence três das principais categorias dos World Travel Awards (WTA). Cruzeiros, escapadelas, mas sobretudo a melhor cidade europeia para viajar. O que é que Lisboa tem em 2009?
A vida turística é como o eléctrico 28 nas colinas de Lisboa: umas vezes está a subir, outras vezes está a descer para cada destino. Depois de em 2008 ter sido contemplado nos WTA com um único prémio, institucional, para o Turismo de Portugal, este ano o país foi muito premiado: três prémios para Lisboa e para dois hotéis.
Apesar dos dramas que os portugueses vêem em primeiro lugar (a falta de um terminal portuário adequado, as obras que se eternizam, o deserto ao lusco-fusco na Baixa, a colonização estival do Algarve), somos os maiores da Europa em cinco categorias: Lisboa é o melhor destino europeu, a melhor cidade europeia para uma escapadela (city break) e a melhor cidade destino de cruzeiros da Europa; o hotel Vila Joya, no Algarve, com o seu serviço de helicópteros, limusinas e golfe é o melhor resort boutique da Europa; e o Marriott Golf & Beach Resort da Praia d'el Rey, na região de Óbidos (onde se realizou a cerimónia dos prémios), é o melhor resort europeu de golfe e lazer.
Os WTA da Europa foram revelados no sábado, depois de uma votação em que pela primeira vez os utilizadores do site da WTA puderam participar, juntando-se a milhares de profissionais de turismo (cujo voto vale o dobro do que o de um "civil"). Havia 27 nomeados portugueses na divisão europeia e vieram cinco prémios. Em 2008 o melhor porto foi Copenhaga e o melhor destino era Londres. A categoria "escapadela" não existia, pelo que coube a Lisboa inaugurá-la. O que mudou para que a elegessem como a cidade ideal para tantas actividades?
A vitória do Turismo de Portugal em 2008 "talvez tenha a ver com os bons resultados deste ano", sugere João Passos, presidente da Associação Portuguesa dos Agentes de Viagens e Turismo (APAVT). "A promoção foi feita, funcionou bem" e colheram-se os frutos, sugere. Quanto ao triplo salto dado por Lisboa, João Passos, que é portuense, não hesita: "Lisboa porque é Lisboa. Desde sempre é uma cidade atractiva, cheia de luz, que cativa."
Já o director do Sheraton e presidente do Convention Bureau do Turismo de Lisboa, António Pereira, diz que "a cidade tem-se preparado para os dias de hoje, é moderna, e tem muita oferta para turistas com pouco tempo". "É uma cidade fantástica para city breaks, pelo seu ambiente, pela luz e pelo povo. Estamos na moda."
A categoria "decity breakssurge" num contexto especial: de crise, de implantação daslow-cost, de alterações culturais que subdividem os períodos de lazer. "As pessoas já não vão de férias por 30 dias, cada vez mais juntam dois dias de férias a um fim-de-semana para escapadelas", contextualiza António Pereira, que concorda que "a crise veio facilitar ou fazer com que o segmento de city breaks tivesse uma melhoria".
O crescimento das low-cost,prossegue, "ajuda muitíssimo". E "Lisboa é um dos destinos com melhor qualidade ao melhor preço." Por isso chegam espanhóis, ingleses, alemães e, mais recentemente, americanos e russos e brasileiros. "Os breaks estão na moda", confirma João Passos, também graças "à flexibilização das tarifas aéreas", que deixaram de exigir estadias de uma semana ou de uma noite de sábado para preços mais baixos.
E há o golfe e os cruzeiros. Portugal, com a aposta no turismo como principal actividade económica, vence com Lisboa em três categorias para diferentes bolsas e com dois hotéis de escalão alto - e voltados para o golfe. "É um subsector extremamente importante para a economia portuguesa", nota o presidente da APAVT.
Dar visibilidade ao país
Num país que canta os seus "magníficos dias atlânticos", Lisboa é também o melhor destino de cruzeiro. É um mercado que envolve cerca de 15 milhões de passageiros/ano em todo o mundo (cinco milhões na Europa), de acordo com dados da Royal Caribbean Cruises, um dos maiores operadores, divulgados pela Lusa. Mas é apenas o sexto porto a nível ibérico e está longe de cumprir o plano nacional estratégico de turismo (2007), que até 2017 quer Lisboa e Madeira no top 8 europeu.
Entre Janeiro e Julho, 463 mil passageiros de cruzeiros passaram pelos portos portugueses (crescimento de 5,4% em relação a 2008); 194.634 estiveram em Lisboa. Mas a capital, segundo operadores internacionais, tem algumas dores de crescimento: o terminal não é funcional para o número crescente de passageiros; um cruzeiro mediterrânico que passe por Lisboa faz uma viagem mais longa e, por isso, mais cara.
"Há uma entropia", reconhece João Passos, mas "tem-se assistido a um crescimento imenso". António Pereira concorda e pede soluções rápidas. A Administração do Porto de Lisboa diz à Lusa que o novo cais de Santa Apolónia (2011) vai solucionar estas questões.
No final de contas, os WTA aumentam o reconhecimento internacional dos vencedores, resume a organização. "Não posso quantificar, mas estes prémios têm sempre resultados positivos", explica João Passos. "O facto de serem votados por operadores de todo o mundo aumenta ainda mais o seu significado" e dão "mais visibilidade ao país como destino de qualidade". E cada um deles - também os sete hotéis que foram distinguidos na categoria portuguesa - passa à final mundial dos WTA, que se realiza em Londres a 8 de Novembro.
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