sábado, maio 22, 2004

O Legado Português na Ásia - Uma Lição
Texto retirado do Diário de Coimbra elaborado por Pedro Jordão, Presidente do Centro de Estudos Internacional.

Para um País que hoje parece viver internamente num ambiente de crítica estéril e paroquial e que se relaciona com o mundo e com o futuro de joelhos e sem uma coerente estratégia global, Portugal apresenta um passado que, particularmente nos séculos XVI e XVII, consubstancia um legado impressionante de quase tudo aquilo que hoje lhe falta Coragem , Iniciativa , rasgo , visão estratégica, Espírito de descoberta, Pioneirismo, Auto-estima, Auto confiança e capacidade de roptura construtiva e criadora.

Em apenas seis décadas Portugal descobriu e desbravou vias marítimas desde a Europa até Nagasaki, no Japão.

A generalidade do portugueses de hoje, não possui uma ínfima noção do que foi a presença, a influência e o legado dos Porugueses numa odisseia que, numa contextualização comparativa da complexidade e das implicações globais, não seria despropositado comparar com a epopeia espacial do séc. XX, como mesmo os norte-americanos sublinham.

A Ásia constitui um caso de reflexão sobre a capacidade dos portugueses do passado, que os de hoje parecem ter dificuldade em demonstrar.

Um dis perguntei ao primeiro ministro de um país asiático se ele considerava positivo ou negativo eleitoralmente positivo ou negativo o facto de um dos seus ministros ter um apelido português. Ele respondeu-me que há séculos teria sido positivo, há décadas teria sido negativo e hoje seria indiferente. Mas acrescentou que esse facto indicava que a presença portuguesa de há séculos perduraria ainda por muitas gerações. E os portugueses geralmente não se apercebem desta realidade.

Encontro palavras com óbvia raiz portuguesa practicamente em todos os países asiáticos. De resto, os estudos do Monsenhor Sebastião Salgado verificaram vocábulos portugueses em 47 línguas asiáticas.

A generalidade dos portugueses nem sabe que Ceilão (o actual Sri Lanka) registou uma sólida administração portuguesa, com governadores desde Pero Lopes de Sousa em 1594 até António de Sousa Coutinho em 1656. Quando, mais tarde, os holandeses controlaram o Ceilão, os seus governadores proibiram o uso da língua portuguesa para depois desistirem da ideia quando compreenderam que era impraticável administrar o Ceilão ou contactar com a população nativa, sem saber falar a língua portuguesa. A nossa língua passou então a ser fortemente usada e incentivada pelos holandeses e a ser aprendida pelos funcionários e mesmo pelas famílias dos governadores.

A língua portuguesa era já uma língua franca na Ásia, desde a Península Arábica até ao Japão.

O legado físico dos portugueses é impressionante. Por exemplo, é absolutamente esmagador o número de fortificações que construíram, numa omnipresença que parece hoje inimaginável. Damão, Baçaim (com um forte muito bem preservado), Chaul, Honawar, Cochim, Calcutá, Goa e muitos outros locais na Índia são meros exemplos.

As Fortificações e as feitorias estendem-se por regiões como o Iémen, Oman (inclusive Muscat), Emiratos Árabes unidos, Al-Qatif (presença durante pouco tempo), Bahrain, Iraque (Bassorá, por exemplo), Irão, Ormuz, Índia, Bengala Oriental, Bangladesh, Ceilão, Burma, Tailândia, Cambodja, Vietname, Malásia, Indonésia (imensos fortes), Ilhas Molucas, Timor, China, Macau, Japão, Formosa, Filipinas e outros.

Na Tailândiado séc. XVI, durante o período de regência em Ayuthaya, a influência Política na corte de Sião era importante, como o era junto de muitos soberanos e comunidades um pouco por toda a Ásia.

A influência envangelizadora era também muito nítida. Em 1720 em Baçaim existiam 8900 europeus, mas já se contavam 58 mil cristãos.

A "Goa portuguesa", com uma população de 200 mil habitantes e maior que Londres, era designada por "Roma do Oriente", evidenciando um desenvolvimento económico e cultural que rivalizava com as principais capitais europeias.

O controle do Estreito deMalaca revelava a perspicácia estratégica e uma inteligência organizativa destacadas, como o era o controle não só da Rota das Especiarias como também, em geral, do comércio intra-asiático por via marítima e do comércio com a Europa.

A Infuência portuguesa ultrapassava largamente a dimensão comercial ou linguística, incluindo um forte impacto no plano cultural em geral, nos valores e nos hábitos regionais e locais.

O valor introduzido pelos portugueses incluiu tecnologias muito relevantes, como as da construção naval, da navegação marítima, do fabrico de armamentos e da construção de edificações.

A presença dos portugueses no maior continente do mundo, que contém 60% da Humanidade, envolveu generosidades e brutalidades mas o legado materializado foi tão forte e estruturante que é visível decorrido meio milénio desde o seu início.

Toda esta obra foi realizada com uma segurança, um arrojo e uma rapidez fulgurantes. Na véspera de Natal de 1500 chegou a Cochim a primeira expedição portuguesa, que rapidamente estabeleceu relações operativas com o respectivo Rajá. Essa expedição era liderada por Pedro Álvares Cabral que meses antes acabara de descobrir o Brasil. É difícil desbravar mais em menos tempo.

Olhar o passado estabelece um triste contraste com o portugal e os portugueses do presente, pois é difícil descobrir o povo que um dia fez tudo isto e bem mais.

Hoje perdeu-se visão estratégica que transcenda o Terreiro do Paço de Lisboa, o Terreiro do Paço de Bruxelas, as sedes dos partidos políticos e os interesses corporativos que neles se instalam, o tribunal que julga um caso de pedofilia ou as tricas estéreis e provincianas que frequentemente povoam os debates no Parlamento, a imprensa e as conversas diárias dos portugueses.

O legado português na Ásia incluiu erros e dramas, êxitos e inêxitos, mas representava uma obra gigantesca na história colectiva da humanidade.

Tudo isto foi realizado por um pequeno povo, cuja população nem atingia um milhão e meio de habitantes. Toda esta Obra e esta presença impressionantes geralmente envolveram um número de portugueses efectivamente residentes na Ásia que tipicamente não deveria ultrapassar os 15 mil.

Um pequeno povo tinha uma grande força anímica. Hoje é dificil vislumbrá-lo. E, no entanto, é dessa redescoberta interior que, em parte, dependerá construirmos um Portugal amorfo ou um Portugal empreendedor e desbravador.

( Aos detractores da história fica este texto, esta opinião. Dizem que não podemos viver no passado. Claro que não, o passado serve para nos conhecermos a nós próprios, e para construir o presente e o futuro. Sem dúvida que muito temos que aprender com os nossos antepassados. Muita voltas nos túmulos estão a acontecer neste momento. Vampos olhar o passado e descobrir o rumo para o futuro. Braveman)
Plano Económico
Estava eu a pensar no sistema económico e o porquê da crise em Portugal e no mundo. Cheguei a uma conclusão e a uma solução. Será porventura algo de muito simples e escamoteado por qualquer economista, no entanto parecem-me racionais e lógicas as conclusões a que cheguei.

Não sou, nem de perto, especialista no capitalismo ou em qualquer outro tipo de sistema económico, e de certo não compreendo por inteiro, nem mesmo talvez uma ínfima parte do sistema bolsista.

Lá vão as minhas conclusões, se alguém poder mostrar-me outro caminho, ou completar a minha ideia agradecia.

Penso que a base de todos os problemas económicos neste momento será a quase morte do sector primário em Portugal. Por desinteresse do Estado, dos cidadãos e principalmente da UE. Na verdade em Portugal cada vez mais estamos virados para o sector terciário, mas sendo a base de todo o sistema o sem dúvida prioritário e essencial sector primário não deveriam as politicas de governo privilegiar este sector. Há uma interacção entre todos os sectores, mas penso que as anomalias no sector 1º serão mais desestabilizadoras do equilibrio.

Se o sector primário for forte, o reequilibrio do sistema será mais rápido, e a economia mais saudável.

Aliás é devido a este sector estar depauperado que não somos independentes, e toda e qualquer crise exterior, ligeira ou não será sempre mas sempre amplificada na nossa economia. EStes dois problemas independência e a amplificação são o cerne de todas as nossas dificuldades.

A solução dos nossos problemas económicos passa por dois vectores. Primeiramente uma reestruturação profunda e uma aposta determinada no sector primário e Secundário Português, pois o terciário não gera produção.
O segundo vector, convencer os Portugueses de que comprar um produto Português é ajudar o país e a ele próprio.

Porquê?
Porque ao comprar Português estamos a incentivar o investimento. O investimento gera emprego. Emprego mais riqueza. Riqueza mais bem estar.
Ou seja, estamos a ajudar a nação, o estado e a nós próprios.
Portugueses, se calhar vale a pena sofrer por vezes e comprar algo um pouco mais caro, mas assim beneficiamos todos.
Assim invertemos o ciclo vicioso - consumo - Investimento - emprego - riqueza - consumo , para um ciclo vicioso positivo de consumo Português + Investimento + emprego + riqueza + consumo .

Um economista Moderno talvez chamará a este plano de um novo Proteccionismo, mas este é um plano para Portugal e não o mundo.

Braveman