Caro Pedro Mexia,
li com atenção a crítica que fez no Diário de Notícias ao livro O Quadrado, de Manuel Alegre.
Acompanho as suas intervenções desde há algum tempo. Sei que é um dos pensadores da actual direita portuguesa, respeito bastante a maioria das suas brilhantes intervenções, mas desta vez «não lhe tiro o chapéu».
Não entendo como pode dizer que Manuel Alegre «tem uma costela quase nacionalista, o que lhe vale muitos admiradores na direita tradicional».
Não partilho de todo da sua opinião. Na verdade nunca me entusiasmei com a verve do Poeta, e para mais, à eloquência raramente a confundi com a alarvidade patrioteira.
De resto, se o nosso Poeta é nacionalista, não o questiono, apetece-me é rir...
A Nação que ele defenderá na cadeira da Presidência da República terá Olivença? Terá Cabinda? Não me parece. Até arrisco, e ganho de certeza, que os macaquinhos que Manuel Alegre tem na cabeça ainda se banqueteiam com preconceitos colonialistas.
Se o critério para apresentar Manuel Alegre é: «...ligação forte ao passado, um passado mitificado e contraposto à presente decadência (a noção mais direitista do mundo), (...) também supõe convicções voluntaristas e sebastiâncias», continuo sem entender que ligação é essa ao passado a que se refere.
Passado, será antes da Revolução? E estamos a falar de quanto tempo antes?
É que segundo me recordo, Manuel Alegre nunca foi um brilhante defensor do passado português, porque doutra forma o republicanismo que tanto apregoa sair-lhe-ia vomitado ou bolsado, pela noção de que esse regime que defende e que ama, assentou num assassínio (Regicídio) as suas bases de "política demorática". .
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