sábado, setembro 05, 2009

Escócia quer referendo para a independência

A proposta do Governo regional minoritário terá grande dificuldade em passar no Parlamento, mas o Executivo dominado pelo Partido Nacional Escocês afirma que o eleitorado tem o direito de se pronunciar.

O presidente do Governo regional escocês, Alex Salmond, provocou uma tempestade política ao enunciar no Parlamento de Edimburgo as prioridades legislativas do seu Executivo para 2010. No topo da lista estava um referendo pela independência da Escócia, que se for aprovado pela maioria dos 129 deputados regionais na próxima Primavera, deverá realizar-se até ao final do próximo ano.
A proposta foi criticada pela oposição, que acusou o first minister de querer desviar a atenção dos problemas económicos ou de se enganar nas prioridades. Os conservadores falam em "bluff" e até há nacionalistas a contestar a "oportunidade" da iniciativa.
Salmond lidera o Partido Nacional Escocês (SNP), que sustenta um Governo regional minoritário em queda nas sondagens desde 20 de Agosto, após a decisão de libertar, por razões humanitárias, o bombista de Lockerbie, o líbio Abdelbaset al-Megrahi. O SNP era um pequeno partido há vinte anos, mas tem subido constantemente, facto a que não foi alheio o apoio de vedetas internacionais, como por exemplo o actor Sean Connery.

O SNP ganhou em 2007 as eleições regionais, obtendo a maioria à custa dos trabalhistas. Com 32%, conquistou 47 lugares, mas nenhum dos outros partidos quis integrar a coligação (a maioria absoluta é de 65). Em Junho, o SNP ganhou as europeias com 29,1%, elegendo dois eurodeputados.
O referendo de independência não tem ainda uma pergunta definida e dificilmente será aprovado no Parlamento escocês, que existiu até 1707 e foi reaberto em 1999. Se fosse realizada a consulta, a derrota dos nacionalistas era provável. As sondagens costumam dar maioria sólida a favor do referendo, mas abaixo de 30% para a independência.
A incerteza económica de uma eventual independência escocesa deve fazer hesitar os eleitores, mas só o facto do tema ser discutido vai provavelmente satisfazer outros objectivos do SNP: conseguir mais poderes para o Governo regional e para o Parlamento escocês.

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