quinta-feira, setembro 03, 2009

Caso Manela (TVI jornal de Sexta) - Cenários

O jornal de sexta é suspenso. Sem discutir méritos ou deméritos, e como um não espectador do dito jornal, ficam alguns cenários para explicar este acontecimento, ou melhor... um caso, que irá afectar muito o PM Sócrates.

Cenário 1 - Suspensão por razões económicas ou de conflito de personalidades.

Seria em qualquer outro momento uma razão plausivel e possivelmente justificada. Manuela é incómoda politicamente, cria anti-corpos nos "targets" publicitários mais apetitosos. A saída do marido fragilizava-lhe a posição. Tudo certissimo, mas...

Em véspera de eleições, num país de ódios e amores a Sócrates, o Jornal de Manuela era visto como um dos fóruns mais livres para expressar uma opinião diferente à máquina propagandística do governo, e um dos mais fortes contestatários (o que desde logo é uma atitude condenável) ao governo PS.

Assim sendo, um gestor certamente compreenderá o potencial de audiências que um jornal com o currículo que tem encerra, especialmente num clima político tão polarizado como o actual.

Será receio do pós eleições? Eventualmente... o que ainda assim um clima de crispação entre uma televisão e futuro governo Sócrates poderia ser sempre amenizado com a retirada do ar após as eleições.

Cenário 2 - Influências PSD ou opositores a Sócrates ditam suspensão

Neste cenário a oposição a Sócrates conseguiria ter suspendido o Jornal com o objectivo de imputar ao PM a dita suspensão, de forma a capitalizar o já tido como irreversivel tique autoritário de Sócrates.

Cenário menos plausivel por falta de ligações conhecidas da oposição a quem controla a TVI, ainda assim possivel, mas...

Seria que no PSD não se teria percebido o potencial de desgaste que o Jornal da Manuela teria na figura do primeiro ministro? As ondas de choque da suspensão do jornal poderão eventualmente ser contidas através de técnicas de comunicação, algo que o desgaste semanal durante a época pré-eleitoral dificilmente poderia. Entre um grande rombo único, e um desgaste constante e contínuo penso que os estrategas da oposição prefeririam o último, daí as debilidades deste cenário.

Integrando as supostas pressões sobre Miguel Relvas, até poderia ser indiciada uma estratégia grada de atribuição de autoritarismo a Sócrates, rotineira e sistemática, o que não parece ser muito exequível. Primeiro havia que ter os "casos", e depois como já disse, o pressão constante da Manuela poderia ser mais útil.


Cenário 3 - Governo influência a suspensão

Poderá ser tido como um passo errado, até porque as ondas de choque da suspensão serão sempre vistas como obra do despotismo deste governo. O PM e a sua personalidade seriam sempre ligadas ao acto e como sendo mais uma tentativa de controlo da informação por parte do PS.

Mas aqui funciona a argumentação inversa ao cenário anterior. Os estrategas do PS poderiam preferir uma controvérsia imediata ainda que de elevada monta, mas com tempo para tentar controlar os danos, do que se submeter a um desgaste contínuo e permanente de um inimigo público assumido e reconhecido.

Da fama de proto-ditador o PM já não se livra, por isso uma jogada política deste género seria mais exequível até porque dominável pelo aparelho de comunicação.

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