Depois de prolongada ausência, voltei para me debruçar sobre a entrada das Ilhas Maurícias na CPLP.
Descobertas no século XVI por um português, que baptiza uma das ilhas com o seu nome (Rodrigues), foram mais tarde avistadas pelo Vice-Rei da Índia Mascarenhas.
Portugal nunca ocupou estas ilhas, nem fez tenção disso.
Depois, foram séculos de ocupação holandesa e inglesa, até ao século XX, em que os dois estados acabam por ter alguma "relação", nomeadamente em 1999, com a participação da Mauritius Telecom no South Africa Far East (SAFE) Optical Fibre Submarine Cable Project e a sua ampliação a uma segunda fase que ligaria a África do Sul a Portugal, ao longo da costa ocidental africana.
Não sei se poderei apelidar as relações diplomáticas entre os dois estados como "intensas".
Apesar de ostentarem o estatuto de «observador associado», as Ilhas Maurícias não preenchem, ou preencheram, nenhum dos requisitos que permite a entrada na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Sendo inviável a sua entrada como estado de pleno direito, por não cumprir a alínea mais importante do tratado de adesão, que refere expressamente que "os estados-membros deverão ter como língua oficial o português", alteraram-se os estatutos e encontrou-se a fórmula há muito desejada: o estatuto de «observador associado».
Esqueceram-se os oito Chefes de Estado, com muita imbecilidade à mistura, que vários países e regiões com maior afinidade com Portugal já haviam pedido tal estatuto, sendo a Galiza o exemplo mais gritante, e que tal não foi possível naquela altura, precisamente, por os estatutos, não o permitirem. Dois pesos e duas medidas?
Mas que comunidade é esta que relega para segundo plano os mais próximos e promove quem não nos é nada?
E as Maurícias não nos são nada, nem parentes longínquos, pelo que não se conhece nenhuma relação especial connosco. Mais de quatrocentos anos depois nunca nada lá tivemos, não há sequer vestígios históricos da nossa presença, ninguém fala português ou crioulo em nenhuma ilha e finalmente: não têm o português como língua oficial.
O argumento de que não passou a ser membro de pleno direito por problemas no âmbito dos direitos humanos é mais uma anedota de mau-gosto. Este argumento resultaria apenas para a Guiné-Equatorial, ditadura e estado policial, que consta em todos os relatórios internacionais como um "estado falhado", ou até para Angola (estado-membro fundador).
As Ilhas Maurícias...
Fantochadas!!
1 comentário:
Bravo, Nem sabia disso
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