quinta-feira, outubro 26, 2006

"Dificuldades" nas comunicações entre Rússia e Portugal provocam "crise política" na Carélia

Durante a sua "conversa" com o povo, transmitida por todos os canais de televisão e rádio russos, o Presidente Vladimir Putin queixou-se de que não conseguia entrar em contacto telefónico com Serguei Katanandov, dirigente da República da Carélia, território da Federação da Rússia situado na fronteira com a Finlândia.
Putin fez esta afirmação ao responder a uma pergunta de uma telespectadora sobre a sua posição face aos acontecimentos na cidade carélia de Kondogopa, onde confrontos entre russos e caucasianos provocou vários mortos no passado mês de Setembro. Tatiana Konachkova, habitante dessa cidade, queixou-se da inactividade das autoridades e perguntou a Putin: "Será que precisamos de semelhantes autoridades?"
"Não precisamos. Não precisamos nem de provocadores, por um lado, nem de corruptos, por outro" - disparou o dirigente russo e, depois de sublinhar que já tinham sido demitidos uma série de dirigentes da polícia e serviços secretos locais, rematou: "Tentei várias vezes entrar em contacto com o vosso dirigente, o chefe do Governo da Carélia, mas ou viaja de avião, ou está de férias. Mas ainda iremos conversar muito a sério com ele sobre isso".
Mais sorte do que o "czar russo" tiveram os jornalistas do tabolóide "Tvoi den", que conseguiram explicar a razão dos problemas de comunicações entre Putin e Katanandov. Segundo o jornal, "Serguei Katanandov encontra-se a passar férias em Portugal", mas com o conhecimento e o consentimento do representante do Presidente Putin no Círculo Federal do Noroeste, onde se encontra a Carélia.
"Presentemente, o chefe passa férias em Portugal, mas, agora, as comunicações já funcionam bem e, ontem, com ele conversaram membros do Governo da Carélia" - declarou o porta-voz de Katanandov.
Se episódio semelhante acontecesse durante a época comunista, Serguei Katanandov teria duas alternativas: ou pedia refúgio político em Portugal, ou regressava ao seu país, onde, no melhor dos casos, passaria uns bons anos num campo de concentração, ou simplesmente seria fusilado. Hoje, semelhante incidente significa que Katanandov poderá ter de deixar de ser Presidente da Carélia depois de regressar de férias em Portugal.
Ainda se desconhece se as dificuldades nas comunicações entre o Kremlin e Katanandov aconteceram por culpa dos operadores portugueses ou russos, mas as companhias telefónicas lusas deverão sair inocentes deste escândalo. Isto porque, antes, Putin já teve dificuldade de telefonar ao Procurador-Geral da Rússia quando este pôs na prisão um conhecido oligarca russo, bem como a outros dirigentes russos, que, nesses momentos, se encontravam em território russo, e não a passar férias em Portugal.
Como as autoridades e empresas de turismo portuguesas praticamente nada fazem para vender Portugal como destino turístico na Rússia, este incidente de Putin com Katanandov pode reflectir-se "negativamente" como destino turístico para os russos!

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