No passado mês de Agosto, Juan Carlos, rei da Espanha, visitou, a título pessoal, a Rússia e, nomeadamente, o Distrito de Vologda, situado a Nordeste de Moscovo.
Não é todos os dias, nem meses, nem anos, que uma região provincial russa recebe um monarca e, por isso, os dirigentes locais decidiram esmerar-se na recepção, tendo, antecipadamente, estudado os gostos de Juan Carlos.
O coroado hóspede não escondeu que é um aficcionado da caça, tanto mais num país onde a diversidade cinegética é grande, e as autoridades locais organizaram a “caça ao urso”.
Segundo denuncia Serguei Starostin, dirigente do Departamento local de Protecção dos Recursos Cinegéticos, “o rei abateu, durante a caçada, um urso domesticado, além disso emborrachado previamente com vodka”.
“Os falsificadores da caça sacrificaram um urso bondoso e alegre, chamado Mitrofan, que vivia na casa de repouso da aldeia de Novlenski” – denuncia Starostin, numa carta enviada ao governador do distrito, e continua: “Depois de o terem encharcado fartamente de vodka, misturada com mel, lançaram-no para um campo. Claro que o pesado animal embriagado se tornou um alvo fácil. Sua Alteza, Juan Carlos, abateu o Mitrofan de um só disparo”.
Starostin escreve que não se trata do primeiro caso de “caça falsificada”, tendo, anteriormente, sido utilizados outros animais como alvos, nomeadamente lobos.
Claro que nem o rei do país irmão (dos portugueses), nem o governador da região faziam a mínima ideia do estado em que se encontrava o urso. “Em geral, isso era do conhecimento de um círculo muito restrito de pessoas. Mas, em determinadas situações, o círculo pode-se tornar muito amplo” – remata Starostin.
“Pretendíamos fazer da melhor forma, mas o resultado é sempre o mesmo...” – dizia Victor Tchernomirdin, antigo Primeiro-Ministro da Rússia e actual Embaixador do seu país na Ucrânia.
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