O compositor Sequeira prepara uma ópera cantada em português e thai. Descendente de portugueses, é ainda aparentado à fadista Carminho.
Uma ópera, eventualmente cantada em português e thai, poderá ser a próxima "aventura" de grande fôlego de um compositor tailandês que mantém o apelido Sequeira, partilhado por 25 gerações de uma família cuja história remonta aos dias do reinado de D. Afonso Henriques. A celebração, em 2011, dos 500 anos do primeiro encontro entre portugueses e tailandeses poderá ser a ocasião para a sua apresentação, mas a trama narrativa que dará personagens e acção à ópera recordará antes episódios reais vividos por familiares seus, já em finais do século XVII, com cenário no sudoeste asiático.
Pathorn Bede Sirkaranonda de Sequeira é, aos 36 anos, uma das mais respeitadas figuras da música erudita tailandesa. Tal como em tempos o fez o seu pai, D. Raimundo Amato de Sequeira (a quem foi dado o nome thai Manrat Srikaranonda), dirige a banda particular do Rei, onde toca saxofone, revisitando nas noites de sábado peças de referência do repertório jazzístico.
Formado nos EUA e na Escócia, Pathorn tem extensa obra como compositor, incluindo já uma ópera, duas sinfonias e variadas peças de música de câmara e para piano. Admira os minimalistas, conhece vários compositores portugueses (de Carlos Seixas a Lopes Graça) e há três anos compôs para português a oratória E se mais Mundo Houver, lá Chegara… usando excertos de Os Lusíadas. A irmã é pianista, representando ambos a quarta geração de músicos de uma família que, cumprindo missões oficiais da coroa portuguesa, chegou à Ásia no século XVII e se radicou em Banguecoque em 1890. Entre os seus familiares distantes, no outro lado do mundo, conta-se a fadista Carminho.
Os jardins da embaixada portuguesa em Banguecoque seriam, para si, o espaço perfeito para a estreia da nova ópera. E não gostariam os palcos portugueses de a poder também descobrir?
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