O Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) de São Tomé e Príncipe, tenente-coronel Idalécio Pachire, foi envolvido no assalto ocorrido há cerca de dois anos a um banco nigeriano e cujo julgamento decorre em São Tomé.
Em causa está o assalto à instituição bancária nigeriana Island Bank (IB), ocorrido em 30 de Julho de 2007, em que foram roubadas quantias variáveis de divisas, designadamente 130.000 dólares (90.000 euros), 800 milhões de dobras (36.000 euros), 24.000 libras (28.000 euros) e 2.400 euros. Na sessão de hoje, a segunda, o tenente-coronel Pachire foi arrolado como testemunha do processo, tendo um dos arguidos, um sargento das forças armadas, Abdulay Cassandra, afirmado que o chefe militar estava "desde o início a par de toda a operação" do assalto ao banco. O CEME confirmou ter recebido informações sobre a preparação do assalto e justificou que o sargento "estava no grupo dos assaltantes como infiltrado", acrescentando que depois viajou e alegou desconhecer outros detalhes da operação.
O colectivo de três juízes que julga o caso salientou que o chefe militar tinha o dever de partilhar o que sabia com as autoridades competentes, nomeadamente a Polícia Judiciária. Outra pessoa arrolada na sessão de hoje foi Acácio Elba Bonfim, antigo ministro do Plano e Finanças e actual administrador do Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTEP). Bonfim também é citado pelos arguidos como tendo conhecimento antecipado do plano do assalto ao IB, mas não colaborou na denúncia do assalto. Dos oito arguidos neste caso dois encontram-se em parte incerta, com os juízes a acreditarem que terão logrado sair do país.
Entre os arguidos, além do sargento Cassandra, figura Wilson Quaresma, que liderou há dois anos a revolta dos ninjas no Comando Geral da Polícia Nacional e que resultou na morte de uma agente da corporação e ferimentos graves noutros dois. Quaresma, sobre quem foram emitidos dois mandados de captura, foi preso no passado dia 27 de Julho, um dia depois do início do julgamento. Entretanto, Cassandra beneficiou da protecção dos seus camaradas de armas, não tendo sido hoje levado a tribunal para estar presente no julgamento, numa atitude considerada por analistas de desafio à decisão do juiz Frederico Samba, que preside ao colectivo. A sessão de hoje foi entretanto suspensa, sem que os juízes tenham marcado nova data para prosseguir a audição dos arguidos e declarantes. Fonte judicial diz que o "processo ainda se pode arrastar durante vários dias".
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