A presença do chefe de Estado angolano na Cimeira dos oito países mais industrializados (G8), em Julho premiou o esforço diplomático de Luanda para aumentar a visibilidade internacional, através de contactos com os mais importantes líderes mundiais.A visita que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, inicia nos próximos dias a Angola, devolvendo um encontro em Washington com o homólogo, Assunção dos Anjos, em Maio, é mais uma etapa da afirmação angolana como país de referência no continente africano.
O "naipe" de trunfos da diplomacia angolana cresceu desde 2007, com estadistas como José Luís Zapatero (Espanha), Nicolas Sarkozy (França), Silvio Berlusconi (Itália), Dimitri Medvedev (Rússia) ou Raul Castro (Cuba), além do primeiro-ministro português, José Sócrates. Se Medvedev foi selar uma "parceria estratégica", a visita de Sarkozy a Luanda (Maio de 2008), encheu-se de simbolismo, qualificada pelo Presidente francês como "um virar de página nos mal-entendidos do passado". As relações entre os dois países estavam fragilizadas desde o início do caso "Angolagate", em que os nomes de altas figuras do regime angolano, incluindo o próprio Chefe de Estado, foram envolvidos pela Justiça francesa num processo de comissões milionárias em negócios de venda de armas.
Para a atenção crescente dada ao país lusófono muito contribui o petróleo, que tem hoje em Angola o maior produtor da África subsariana, e permitiu um crescimento económico explosivo até este ano, para o qual se prevê uma recessão.A presença do Papa Bento XVI em Luanda marcou o fim de uma semana de alta intensidade diplomática de Angola, que incluiu a visita de José Eduardo dos Santos a Portugal, para o relançamento das relações com um parceiro histórico, e também à Alemanha, onde se avistou com a chanceler Angela Merkel.Outro marco será a anunciada visita de Jacob Zuma a Angola, na próxima semana, a primeira ao mais alto nível feita pelo recém-eleito chefe de Estado da África do Sul, a maior economia do continente.
Raul Castro, presidente cubano, bisou em solo angolano, com duas visitas em apenas cinco meses, e conseguiu renovado apoio de Luanda ao fim do embargo norte-americano ao país.Eduardo dos Santos também bisou, mas rumo à China: a visita em Dezembro do ano passado, a segunda em cinco meses, para assegurar a continuação do financiamento chinês aos projectos de reconstrução angolana, numa altura em que as receitas petrolíferas já caíam a pique e o país assumia a presidência rotativa da Organização de Países Exportadores de Petróleo.No âmbito da sua afirmação regional Angola tem procurado assumir uma postura de mediação em crises como a da República Democrática do Congo (RDC) e do Zimbabué, e também tomando as "rédeas" da Comissão do Golfo da Guiné, recebendo em Luanda (Janeiro) a segunda cimeira extraordinária de chefes de Estado e Governo da organização.Angola tem vindo também a assumir uma postura mais interventiva na organização lusófona, a CPLP, cuja presidência receberá de Portugal no próximo ano, na Cimeira de Luanda.
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