terça-feira, novembro 22, 2011

Pastel de nata e bifanas à conquista da China

Os dois símbolos da presença portuguesa em Macau passam pelo estômago. Quem levou os pastéis para Macau não foi um português. Foi um escocês
 
Depois das ruínas de S. Paulo, os dois símbolos mais conhecidos da presença portuguesa em Macau passam pelo estômago: o pastel de nata e a bifana. Turistas da China, de Hong Kong e dos restantes países desta região fazem bicha diante do Café & Nata para provar e comprar uma ou duas embalagens do “verdadeiro pastel de nata”.

O Café & Nata tem a fama (e o proveito...) de fabricar os melhores pastéis de Macau, o que os leva a ser tão procurados como os de Belém. Por dia vende cerca de 10 mil e cada um custa quase um euro. Nas principais zonas turísticas da cidade, mais de duas dezenas de pastelarias chinesas vendem a “portuguese egg tart”, ou “Pou Táh”, em cantonense.
Curiosamente, quem trouxe a iguaria portuguesa para Macau e lançou a moda foi um escocês, Andrew Stow. Depois de uns anos a trabalhar como gerente de uma discoteca na Taipa, muito frequentada por portugueses, resolveu mudar de ramo e abriu uma pastelaria na ilha de Coloane – Lord Stow’s Bakery. A introdução do pastel de nata no menu teve origem numa promoção feita pelo hotel, que trouxe pasteleiros portugueses e, durante várias semanas, vendeu pastéis de nata na sua coffe shop. Stow percebeu que havia ali um nicho de mercado. Em 1989 abriu o Café & Nata, em pleno centro da cidade, perto do Hotel Lisboa. Stow morreu há cinco anos e o negócio, hoje, está nas mãos da viúva, chinesa, Margaret Wong.

A KFC mandou uma equipa de pasteleiros estagiar no Café & Nata, durante duas semanas, antes de lançar o produto na China”, lembra Margaret, que conta histórias curiosas sobre a “abordagem” ao pastel de nata por parte dos turistas vindos da China: “Alguns pedem-me ‘fai-chis’ (pauzinhos...) para comer, outros sacam de uma colher, rapam o recheio e deitam fora a ‘casca’.
Fiona Wan vive do outro lado das Portas do Cerco, em Zhuhai, e desloca-se a Macau com alguma frequência. “Levo sempre duas ou três embalagens de pastéis de nata, porque os amigos me pedem”, explicou enquanto aguardava a vez no Café & Nata, com duas dezenas de pessoas à frente. “Mas eles pedem-me que compre aqui, porque são os mais saborosos”, explica.
 

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