O ex-chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) da Guiné-Bissau acusado de tentativa de golpe de Estado, Bubo Na Tchuto, pediu "asilo humanitário" na Gâmbia, onde se encontra refugiado desde Agosto, disse hoje o seu advogado.
Pedro Infanda adiantou que no dia 20 de Agosto entregou o pedido às autoridades gambianas, por intermédio da embaixada daquele país em Bissau, e ainda aguarda resposta.
"Penso que (as autoridades gambianas) vão ter de deferir o pedido de asilo meramente humanitário que lhes fiz, aguardo pacientemente", afirmou Infanda, sublinhando que o objectivo é "dar um estatuto" à estada de José Américo Bubo Na Tchuto na Gâmbia.
O ex-CEMA fugiu para a Gâmbia dias depois de ter sido acusado pelo Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses de liderar uma tentativa de golpe militar para destituir e prender o Presidente João Bernardo "Nino" Vieira.
O militar, contra-almirante, entretanto destituído das funções, reagiria dias depois a partir da Gambia, num contacto telefónico com uma rádio de Bissau, dizendo que tudo não passava de calúnias, orquestradas pelo próprio Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, Tagmé Na Waie.
"O contra-almirante Bubo Na Tchuto teve de fugir do país porque estava a correr risco de vida", explicou o advogado.
Pedro Infanda acrescentou ainda que Bubo Na Tchuto está disposto a regressar a Guiné-Bissau "logo que haja condições de segurança e um processo judicial" que fundamente as acusações de que é alvo. Por enquanto, adiantou Infanda, não existe nenhum processo-crime nem qualquer pedido no sentido de levar à extradição de Bubo Na Tchuto para Bissau, pelo que se manterá na Gâmbia.
A Guiné-Bissau tem tudo para ser, ou já é, o que se pode apelidar de "estado falhado". A tendência que este pequeno e pobre país tem para os "golpes de estado"...
Parece ser algo de endémico. Constata-se que, desde a independência, as várias etnias do país se digladiam pelo poder. Não sendo esta constatação nova, no que se refere à análise a vários países africanos, convém referir que a clique que tem dominado a Guiné, tem em comum a forte influência cultural portuguesa, apesar de poder viajar confortavelmente para Lisboa ou para Paris, comprando nas melhores lojas e usufruindo dos luxos que recentes fortunas vão proporcionando.
Sabe-se, contudo, que há também uma parte importante do exército que se faz entender em francês (crioulo francês) e que, porventura, estará a ganhar maior relevância.
Há que também referir a passividade da comunidade internacional, em que a CPLP tem feito esforços na estabilização e na "cooperação militar", e que Portugal, em particular, tem-se esforçado para acentuar ainda mais a sua influência na região, tentando suplantar a natural relevância dos países francófonos da região, com especial incidência para o Senegal.
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