Tiago Moreira Ramalho publicou um texto no blogue aparelho de estado do jornal Expresso onde tenta desmontar alguns dos argumentos dos monárquicos. Claro que é uma opinião e este texto, uma espécie de resposta será somente um debate de ideias.
Ora o senhor Ramalho faz muita questão de utilizar palavras como mentiras e falácias, o que se torna irónico quando ele comete tantas no seu texto.
Em tom de brincadeira diria que comete uma falácia logo no início quando diz que os republicanos "toleram" os monárquicos porque são simpáticos e não querem ofender as crenças de ninguém. Que eu saiba não foram os monárquicos que assassinaram pessoas, nem usaram da força bruta para impor um regime de iluminados lisboetas enlevados por ideais franco-russos. Mas isto apenas em tom de brincadeira.
Seguindo o texto do senhor Ramalho passo a explicar:
Facto: sem falar em riquezas, falarei pelo menos numa classificação, a que se dá o nome de IDH (índice de desenvolvimento humano) que é elaborado pela ONU. Nesta classificação é analisada a sociedade como um todo, educação, amparo social, riqueza, vários vectores. Este ano não conheço o Ranking em detalhe mas sei que Portugal caiu, andará nos trigésimos e o líder é uma monarquia de seu nome Noruega. Há dois anos, recordo-me de cor, 7 dos 10 primeiros classificados eram monarquias.
Não é sério e isso dou-lhe de barato, fazer um exercício em que se associe directamente o facto de o regime monárquico seja por si só sinal de riqueza. Mas algo há de haver nas monarquias para que ano após ano, com crises ou sem crises, as monarquias liderem em todas as classificações mundiais.
E logo o sr. Ramalho comete nova falácia, diz que as monarquias já eram países ricos antes de se pensar em república. Além do regime republicano ser tão antigo como o monárquico, sugiro ao sr. Ramalho que se debruce um pouco em história comparada entre Portugal e Espanha especialmente o século XX. Recordo-lhe que a Espanha não era um país rico e qual foi a diferença para Portugal? Exactamente a monarquia versus a III, IV, ou XX república em que vivemos.
No segundo ponto o sr. Ramalho dá uma novidade aos cidadãos das monarquias europeias, nenhuma delas é democrática!!! Sugiro que vá dizer isso a um holandês, a um espanhol ou até a belga.
No mesmo parágrafo vem mais uma das patacoadas típicas dos republicanos. O desígnio divino! Falo-lhe somente do caso Português; no nosso país o rei sempre foi tido como um primus inter pares, ou seja o primeiro entre iguais. Bem pode torcer o parafuso, estrebuchar o que quiser, há uma realidade inalienável em Portugal, o Rei é escolhido pelo povo. Eu sei que esta afirmação lhe pode provocar alguma contusão cerebral, mas... informe-se.
Não é o direito divino que legitima um rei, é o povo através das cortes, para que saiba é basicamente um parlamento eleito pelo povo. O órgão máximo numa monarquia constitucional não é o Rei, é o Povo através das cortes.
Claro que existem regras, as quais forma feitas para manter a coerência e a estabilidade de um país, mas qualquer rei pode ser legitimado ou deposto pelos seu pares, ou seja todo e qualquer português.
Sendo que estas linhas derrubam por completo a argumentação do sr. Ramalho, ofereço-lhe mais uma grátis. Quando um monárquico afirma que Espanha ou Inglaterra é mais democrático que Portugal, não é num sentido quantitativo, aliás isso seria estúpido, não se é mais ou menos democrático, o se é ou não se é. O que pode ser medida é a qualidade da democracia, e as democracias monárquicas parecem resguardar melhor os direitos liberdades e garantias, além de serem bastante mais funcionais e "amigas" dos seus cidadãos.
2 comentários:
Este texto deixou-me bem-disposto.
Se as suas linhas derrubam por completo a argumentação do sr. Ramalho, olhe... informe-se. Há umas introduções à lógica soberbas.
Não leve a mal o sr. Ramalho, foi para poupar espaço, sempre é mais simpático do que TMR.
Obrigado pelo comentário
Digo eu que quando se revela falsa uma argumentação, quer dizer que foi derrubada! mas posso sempre estar enganado... lol
Mas é realmente dos bicos mais difíceis de torcer na argumentação republicana ;) abraço
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