Preocupação com planos do ministério salta as fronteiras.
Um grupo de museus europeus solicitou a presença do director do Museu Nacional de Arqueologia (MNA) em Cambridge, local simbólico para esta área (é lá o Mu seu de Arqueologia Clássica e um grande centro universitário da área), para esclarecer o processo de mudança de instalações que tem preocupado os arqueólogos e universitários em Portugal. E, agora, também lá fora.
"Fui convidado para me deslocar a Cambridge, onde se vão reunir os museus de arqueologia de vários países, da Inglaterra à Espanha, Itália ou França, para explicar este plano do Ministério da Cultura para o MNA", confirmou Luís Raposo. "Há ali muitos portugueses, de professores a arqueólogos ou estudantes que foram passando as preocupações e gerou-se um movimento europeu de solidariedade que pretende salvaguardar os interesses da arqueologia", juntou.
O Ministério da Cultura (MC) quer colocar o MNA na Cordoaria Nacional, mas as dúvidas quanto à capacidade daquele edifício para albergar cerca de 700 tesouros nacionais, sem um estudo geotécnico prévio que desfaça as dúvidas (o ministério tem-se mostrado satisfeito com tudo o que já foi apurado), não deixa a comunidade arqueológica descansada. Raposo já disse claramente que sem esse estudo nem sequer se sabe se a Cordoaria é tecnicamente viável para acolher o MNA - e que se recusa a mudar de casa sem esse estudo certificado, por exemplo, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
"Sinto que tem havido uma grande solidariedade para com os meus argumentos", diz Luís Raposo. E no blogue do Grupo de Amigos do MNA (http://gamna.blogspot.com) podem ler-se vários depoimentos de professores catedráticos e outros universitários a pedir o estudo prévio que afaste qualquer dúvida técnica da Cordoaria - ou que aponte um caminho para, se as houver, as rectificar.
No fundo, e lendo-se vários depoimentos de gente da arqueologia, como os professores universitários Vítor Gonçalves (Lisboa), Armando Coelho Ferreira da Silva e Vítor Oliveira Jorge (Porto) ou Nuno Bicho (Algarve), vê-se instalada uma onda de indignação.
Uma onda de indignação à qual o MC tem reagido dizendo apenas que tudo será feito a pensar na segurança do museu e do seu espólio, sem se comprometer com qualquer estudo - o secretário de Estado Elísio Summavielle, disse o MC, está satisfeito com os estudos efectuados. Amanhã, no entanto, Gabriela Canavilhas será questionada sobre o assunto na Comissão de Cultura do Parlamento, que na semana passada visitou o museu.
Depois, Raposo vai a Cambridge. "Falta apenas marcar uma data. Julgo que em Abril não posso."
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