Uma seringa a laser, sem agulha, está a ser desenvolvida em Coimbra e deve chegar ao mercado dentro de um ano, anunciou Carlos Serpa, um dos investigadores envolvidos, nesta segunda-feira. O Laserleap (seringa a laser) é um sistema em nada semelhante às tradicionais seringas com agulha, mas que, tal como estas, permite fazer chegar o medicamento ao destino pretendido, só que sem picada e recorrendo a laser.
O protótipo da "seringa" foi hoje apresentado na Universidade de Coimbra (UC), onde o projeto nasceu, em 2008, por um grupo de três investigadores do Departamento de Química, que inclui também Luís Arnaut e Gonçalo Sá.
Aguarda patente internacional e deve chegar ao mercado em 2013
Através do laser, é criada uma onda de pressão que, ao chegar à pele, gera uma "espécie de tremor de terra", deixando-a "durante alguns segundos permeável", o que facilita a aplicação do fármaco, administrado em creme ou gel, explicou Carlos Serpa. O fármaco "surte efeito mais rapidamente, nomeadamente no caso dos analgésicos tópicos", acrescentou.
Aplicações no tratamento do cancro da pele e de determinadas doenças dermatológicas, administração de vacinas ou aplicações em cosmética são algumas das utilizações da tecnologia Laserleap. Testado em três dezenas de estudantes do Departamento de Química, o sistema "não provoca dor nem vermelhidão", de uma maneira geral - "apenas 5% dos casos, mas passa rapidamente" - e é considerado "seguro para os humanos".
Vencedor da primeira edição do prémio RedEmprendia (2010), no valor de 200 mil euros, o Laserleap, levou já à criação de uma empresa - LaserLeap Tecnologies, em setembro de 2011, e atualmente incubada no Instituto Pedro Nunes - e a um pedido de patente internacional, em abril de 2011.
Ainda recentemente, o projecto venceu o desafio internacional lançado no Photonics West 2012, um dos maiores encontros científicos do mundo na área da fotónica.
A RedEmprendia é uma associação criada com apoio do Grupo Santander e orientada para o empreendedorismo, que congrega 20 universidades ibero-americanas - em Portugal, as Universidades de Coimbra e do Porto.
Durante a apresentação do protótipo, o presidente da RedEmprendia, Senen Barro, classificou o projeto português de "excepcional". "A qualidade de vida de muitas pessoas pode mudar radicalmente" com a nova seringa, considerou.
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