Um novo relatório, lançado esta terça-feira pelo Banco Mundial, IFC e PricewaterhouseCoopers, demonstra que as autoridades fiscais a nível mundial estão a reparar os sistemas fiscais através da redução de impostos, da simplificação de processos administrativos e da modernização dos sistemas de pagamento.
No que diz respeito à facilidade do pagamento de impostos na União Europeia, Portugal encontra-se em 13º lugar, num ranking que integra 25 países.
De acordo com o relatório "Payng Taxes 2009", relativo ao ano de 2007/2008, nos três primeiros lugares estão a Irlanda, a Dinamarca e o Luxemburgo. Nos três últimos encontram-se a Itália, a Polónia e a Roménia.
A nível mundial, 36 economias simplificaram o pagamento de impostos. A República Dominicana liderou este ano a tabela das economias mais reformistas, logo seguida da Malásia.
As reformas mais populares a nível mundial foram a redução das taxas dos impostos sobre o rendimento das empresas (em 21 economias) e as melhorias na entrega de declarações electrónicas e na eficiência dos sistemas de pagamento (em 12 economias).
E que impostos baixos tem o país...
terça-feira, novembro 11, 2008
EUA: Exposição mostra gravuras da cultura judaica ibérica
Quarenta gravuras com provérbios medievais da cultura sefardita na Península Ibérica estão expostas, desde hoje e até Fevereiro, no Centro de História Judia de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
"Vestígios dos Sefarditas" mostra 45 desenhos incluídos num livro homónimo do sefardita Marc Shanker, descendente de judeus que viveram na Península Ibérica até 1492, altura em que foram expulsos de Espanha pelos reis católicos.
Trata-se da primeira obra que transforma as palavras em imagens, sendo que o idioma usado nos provérbios é o ladino, idioma falado pelos judeus na Península Ibérica na Idade Média.
Marc Shanker explicou que os provérbios, "concisos", mas que "dizem muitas coisas", homenageiam a história da sua família, que viveu em Espanha até 1492 e se estabeleceu depois na Turquia. Em 1970, estabeleceu-se em Nova Iorque.
Para os seleccionar e traduzir, o autor contou com o apoio da mãe, que fala ladino.
"Vestígios dos Sefarditas" mostra 45 desenhos incluídos num livro homónimo do sefardita Marc Shanker, descendente de judeus que viveram na Península Ibérica até 1492, altura em que foram expulsos de Espanha pelos reis católicos.
Trata-se da primeira obra que transforma as palavras em imagens, sendo que o idioma usado nos provérbios é o ladino, idioma falado pelos judeus na Península Ibérica na Idade Média.
Marc Shanker explicou que os provérbios, "concisos", mas que "dizem muitas coisas", homenageiam a história da sua família, que viveu em Espanha até 1492 e se estabeleceu depois na Turquia. Em 1970, estabeleceu-se em Nova Iorque.
Para os seleccionar e traduzir, o autor contou com o apoio da mãe, que fala ladino.
As Maldivas já procuram um novo território para viver em caso de naufrágio
O primeiro Presidente eleito democraticamente nas Maldivas, Mohamed Nasheed, inaugurou o seu mandato com uma medida inovadora. O país vai criar um fundo de poupança para comprar novas terras onde a população possa viver, caso o nível das águas acabe por engolir o paradisíaco arquipélago, anunciou ontem Nasheed.
O "seguro de vida" dos maldivanos, como lhe chamou Nasheed, irá ser pago com uma parte das receitas do turismo, a principal fonte de rendimentos do país. Se as previsões mais pessimistas se cumprirem, os 300 mil habitantes poderão ter de abandonar definitivamente o seu território. É que as 1192 ilhas que compõem o arquipélago das Maldivas não estão a mais do que 2,4 metros acima do nível do mar e a maioria do território habitado está apenas a um metro de altitude. A capital, Malé, está a 90 centímetros do nível do mar e, só aqui, vivem 100 mil pessoas.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU estima que o nível das águas suba até 59 centímetros até 2100. Mas outros estudos, como o relatório de 2006 do Instituto de Potsdam para a Investigação do Impacto Climático, apontam para uma subida até 1,40 metros, o que ditaria o fim das Maldivas. A proposta de Nasheed já foi discutida com alguns países, que se mostraram "receptivos", segundo conta o novo Presidente. O Sri Lanka e a Índia são os destinos mais prováveis, devido às semelhanças culturais, mas o Norte da Austrália também é uma possibilidade.
Nasheed explica que ninguém quer deixar as Maldivas, mas que pretende assegurar os direitos das próximas gerações, que poderão não resistir às consequências do aquecimento global.
O problema estende-se a outras 47 ilhas, apelidadas pelas Nações Unidas de SIDS (Small Islands Developping States). Na Papua-Nova Guiné, existe desde 2005 um plano de evacuação para uma ilha vizinha. As ilhas Marshall não têm capacidade financeira para proteger o depósito de lixo nuclear que os Estados Unidos criaram no país e que agora poderá ficar submerso. Na ilha de Bhola, no Bangladesh, 500 mil habitantes deslocaram-se para o interior quando a ilha foi inundada, em 1995, tornando-se talvez os primeiros refugiados ambientais do mundo. Um estatuto que irá proliferar, segundo as previsões.
Ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia ou Fiji são alguns dos territórios ameaçados com a subida das águas. Outro é o Tuvalu, símbolo das vítimas do clima. O pequeno arquipélago de 11 mil habitantes poderá ser o primeiro país a desaparecer do planeta. Periodicamente, marés vivas de cerca de três metros de amplitude submergem parte do território, incluindo a pista do aeroporto. As constantes inundações comprometem também a incipiente agricultura do país, devido à salinização das terras. A falta de água doce, a pesca excessiva e a poluição dos navios são outros problemas que também afectam estas ilhas, para além dos furacões e maremotos. "Nós não precisamos de novas investigações científicas sobre o fenómeno da subida das águas, nós já o vivemos", dizia já em 2005 o primeiro-ministro do Tuvalu, Saufatu Sopo'aga. A Nova Zelândia recebe 17 imigrantes deste país por ano e já se estudam propostas para uma deslocação em massa da população. Os SIDS tentam apelar às nações desenvolvidas para uma redução das emissões de gases de estufa, a única forma de abrandar a subida das águas que é inevitável no futuro próximo. Na quinta-feira, reuniram-se em Singapura, para unificar as posições que tomarão em Dezembro, na cimeira sobre alterações climáticas da Polónia. Pedem que a crise financeira não relegue para segundo plano o futuro destes países, em risco de desaparecer do mapa.
O "seguro de vida" dos maldivanos, como lhe chamou Nasheed, irá ser pago com uma parte das receitas do turismo, a principal fonte de rendimentos do país. Se as previsões mais pessimistas se cumprirem, os 300 mil habitantes poderão ter de abandonar definitivamente o seu território. É que as 1192 ilhas que compõem o arquipélago das Maldivas não estão a mais do que 2,4 metros acima do nível do mar e a maioria do território habitado está apenas a um metro de altitude. A capital, Malé, está a 90 centímetros do nível do mar e, só aqui, vivem 100 mil pessoas.
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU estima que o nível das águas suba até 59 centímetros até 2100. Mas outros estudos, como o relatório de 2006 do Instituto de Potsdam para a Investigação do Impacto Climático, apontam para uma subida até 1,40 metros, o que ditaria o fim das Maldivas. A proposta de Nasheed já foi discutida com alguns países, que se mostraram "receptivos", segundo conta o novo Presidente. O Sri Lanka e a Índia são os destinos mais prováveis, devido às semelhanças culturais, mas o Norte da Austrália também é uma possibilidade.
Nasheed explica que ninguém quer deixar as Maldivas, mas que pretende assegurar os direitos das próximas gerações, que poderão não resistir às consequências do aquecimento global.
O problema estende-se a outras 47 ilhas, apelidadas pelas Nações Unidas de SIDS (Small Islands Developping States). Na Papua-Nova Guiné, existe desde 2005 um plano de evacuação para uma ilha vizinha. As ilhas Marshall não têm capacidade financeira para proteger o depósito de lixo nuclear que os Estados Unidos criaram no país e que agora poderá ficar submerso. Na ilha de Bhola, no Bangladesh, 500 mil habitantes deslocaram-se para o interior quando a ilha foi inundada, em 1995, tornando-se talvez os primeiros refugiados ambientais do mundo. Um estatuto que irá proliferar, segundo as previsões.
Ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia ou Fiji são alguns dos territórios ameaçados com a subida das águas. Outro é o Tuvalu, símbolo das vítimas do clima. O pequeno arquipélago de 11 mil habitantes poderá ser o primeiro país a desaparecer do planeta. Periodicamente, marés vivas de cerca de três metros de amplitude submergem parte do território, incluindo a pista do aeroporto. As constantes inundações comprometem também a incipiente agricultura do país, devido à salinização das terras. A falta de água doce, a pesca excessiva e a poluição dos navios são outros problemas que também afectam estas ilhas, para além dos furacões e maremotos. "Nós não precisamos de novas investigações científicas sobre o fenómeno da subida das águas, nós já o vivemos", dizia já em 2005 o primeiro-ministro do Tuvalu, Saufatu Sopo'aga. A Nova Zelândia recebe 17 imigrantes deste país por ano e já se estudam propostas para uma deslocação em massa da população. Os SIDS tentam apelar às nações desenvolvidas para uma redução das emissões de gases de estufa, a única forma de abrandar a subida das águas que é inevitável no futuro próximo. Na quinta-feira, reuniram-se em Singapura, para unificar as posições que tomarão em Dezembro, na cimeira sobre alterações climáticas da Polónia. Pedem que a crise financeira não relegue para segundo plano o futuro destes países, em risco de desaparecer do mapa.
segunda-feira, novembro 10, 2008
Disparate total: Valência afirma ter o Santo Graal em seu poder
Valência tem provavelmente o Santo Graal, cálice em ágata (?) que teria sido utilizado por Jesus na Última Ceia, e especialistas reunidos neste domingo na cidade espanhola querem que a UNESCO o declare Património da Humanidade.
O Santo Graal é uma das mais importantes relíquias do cristianismo e a cidade espanhola, que afirma tê-lo, dedicou-lhe este fim-de-semana um congresso internacional, no 1750º aniversário da sua suposta chegada a Espanha.
Do congresso resultou uma petição, que se baseia "no conjunto de argumentos apresentados neste simpósio e dado que, pelo menos, pode-se demonstrar que o Santo Cálice de Valência foi o inspirador das narrativas medievais que deram lugar ao nascimento da literatura épica europeia", para que o objecto seja considerado pela UNESCO Património da Humanidade.
A relíquia, guardada numa capela especial (?) na Catedral de Valência, tem 17 cm de altura e muitos especialistas questionam-se se é o mesmo usado por Cristo, principalmente porque está decorado com ouro e pedras preciosas. "É compreensível esta desconfiança. Porque a todos nós vêm à mente as cenas pobres com os discípulos sentados no chão, e Jesus com um humilde cálice de barro. Mas não foi assim" (claro!), disse o professor de história de Universidade de Valencia e historiador da catedral valenciana, Vicente Martínez.
"O filho do carpinteiro escrevia em hebreu, era chamado de rabi (mestre em hebraico) e esteve com famílias com posses como a de Lázaro. É só consultar o Evangelho", afirmou.
A relíquia sagrada em si seria apenas a parte superior do cálice, em ágata, que os arqueólogos consideram de origem oriental, criada entre os anos 50 e 100 antes de Cristo. As asas e a base de ouro com pedras preciosas são do século XVI.
O cálice teria sido enviado de Roma pelo mártir São Lourenço, em 238, para que ficasse protegido, já que o santo sofria uma perseguição que o levaria à morte.
O Santo Graal é uma das mais importantes relíquias do cristianismo e a cidade espanhola, que afirma tê-lo, dedicou-lhe este fim-de-semana um congresso internacional, no 1750º aniversário da sua suposta chegada a Espanha.
Do congresso resultou uma petição, que se baseia "no conjunto de argumentos apresentados neste simpósio e dado que, pelo menos, pode-se demonstrar que o Santo Cálice de Valência foi o inspirador das narrativas medievais que deram lugar ao nascimento da literatura épica europeia", para que o objecto seja considerado pela UNESCO Património da Humanidade.
A relíquia, guardada numa capela especial (?) na Catedral de Valência, tem 17 cm de altura e muitos especialistas questionam-se se é o mesmo usado por Cristo, principalmente porque está decorado com ouro e pedras preciosas. "É compreensível esta desconfiança. Porque a todos nós vêm à mente as cenas pobres com os discípulos sentados no chão, e Jesus com um humilde cálice de barro. Mas não foi assim" (claro!), disse o professor de história de Universidade de Valencia e historiador da catedral valenciana, Vicente Martínez.
"O filho do carpinteiro escrevia em hebreu, era chamado de rabi (mestre em hebraico) e esteve com famílias com posses como a de Lázaro. É só consultar o Evangelho", afirmou.
A relíquia sagrada em si seria apenas a parte superior do cálice, em ágata, que os arqueólogos consideram de origem oriental, criada entre os anos 50 e 100 antes de Cristo. As asas e a base de ouro com pedras preciosas são do século XVI.
O cálice teria sido enviado de Roma pelo mártir São Lourenço, em 238, para que ficasse protegido, já que o santo sofria uma perseguição que o levaria à morte.
Portugal/Rússia: Dmitri Medvedev em Lisboa a 21 de Novembro
O presidente russo, Dmitri Medvedev, vai estar em Lisboa no dia 21 de Novembro, numa escala da viagem de regresso a Moscovo após a Cimeira do G-20 em Washington, disse hoje fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.
Ainda não é conhecido o programa do chefe de Estado russo, mas prevê-se que se reúna com o primeiro-ministro, José Sócrates.
Três dias antes, a 18 de Novembro, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, visita oficialmente Lisboa para encontros com o seu homólogo português, Luís Amado.
Segundo a embaixada da Rússia em Lisboa, a agenda deste encontro será centrada nas relações bilaterais luso-russas.
A visita de Dmitri Medvedev é a terceira de um presidente russo a Portugal nos últimos quatro anos, depois das visitas de Estado de Vladimir Putin em Novembro de 2004 e em Outubro de 2007, nas vésperas da Cimeira UE-Rússia de Mafra.
Ainda não é conhecido o programa do chefe de Estado russo, mas prevê-se que se reúna com o primeiro-ministro, José Sócrates.
Três dias antes, a 18 de Novembro, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, visita oficialmente Lisboa para encontros com o seu homólogo português, Luís Amado.
Segundo a embaixada da Rússia em Lisboa, a agenda deste encontro será centrada nas relações bilaterais luso-russas.
A visita de Dmitri Medvedev é a terceira de um presidente russo a Portugal nos últimos quatro anos, depois das visitas de Estado de Vladimir Putin em Novembro de 2004 e em Outubro de 2007, nas vésperas da Cimeira UE-Rússia de Mafra.
O plano do General Franco para invadir Portugal. Como eles adoravam!
A Espanha teve um plano para conquistar Portugal no início da Segunda Guerra. A invasão, por terra, ar e mar, contaria com um exército de 250 mil homens e destinava-se a ocupar Lisboa e toda a costa.
O historiador espanhol Manuel Ros Agudo revelou recentemente um plano de invasão militar de Portugal pela Espanha de Franco, no início da Segunda Guerra Mundial. O plano foi elaborado no contexto de uma quase certa guerra com a Inglaterra. Para tanto, Madrid tratou de preparar um ataque surpresa a Gibraltar, a que - segundo os estrategos espanhóis - Londres responderia pela ocupação das Canárias e por um desembarque em Portugal, visto como 'testa de ponte' da invasão da Península. O Estado-Maior militar de Franco preparou então uma vasta manobra de antecipação, que passaria pelo ataque a Gibraltar e por uma "invasão preventiva" de Portugal.
A invasão seria precedida de um ultimato, com um prazo praticamente impossível de cumprir e que o historiador calcula que seria de 24 a 48 horas. Os termos da invasão fazem parte do 'Plano de Campanha nº 1(34)', um estudo de 120 páginas, elaborado pela Primeira Secção, de Operações, do Alto Estado-Maior (AEM) durante a segunda metade de 1940.
O plano foi apresentado a Franco a 18 de Dezembro. O objectivo final da invasão, por terra, mar e ar, era "ocupar Lisboa e o resto da costa portuguesa". Em termos de efectivos do Exército, seriam mobilizadas dez divisões de infantaria e uma de cavalaria, quatro regimentos de carros de combate, oito grupos de reconhecimento e oito regimentos mistos de infantaria - num total de 250 mil homens. Ou seja: o dobro dos meios humanos de que Portugal poderia dispor. O desequilíbrio era tal que, ao máximo de cinco divisões que Portugal poderia organizar, a Espanha responderia, logo à partida, com 25 divisões. A Força Aérea, por seu turno, participaria com cinco grupos de bombardeamento e dois de caça, duas esquadrilhas de reconhecimento, quatro esquadrilhas de caças Fiat CR-32 e dois grupos de assalto. Para tanto, as autoridades de Madrid contavam com o apoio quer da Alemanha quer da Itália. À Marinha estaria reservada uma missão de menor relevo, já que se temia uma forte reacção da poderosíssima armada britânica, que não deixaria de apoiar Lisboa.
As forças espanholas seriam organizadas em dois exércitos, que actuariam a norte e a sul do Tejo. O primeiro avançaria ao longo da linha Guarda, Celorico da Beira, Coimbra e Lisboa; o segundo, pela linha Elvas, Évora e Setúbal. O objectivo fixado pelo plano de operações era "ocupar rapidamente Lisboa e dividir o país em três partes, por forma a facilitar a conquista de todo o território". Sabe-se como a Segunda Guerra Mundial não confirmou os receios de Espanha, que, tal como Portugal, acabou por não entrar directamente no conflito. Assim, o referido plano foi arquivado, permanecendo em segredo durante 68 anos, até que o historiador Agudo o revelou no livro 'La Gran Tentación' (ed. Styria). O autor explicou que "o plano da invasão é uma novidade absoluta, já que ficou guardado em segredo até hoje". Agudo adiantou que há um exemplar do plano no arquivo do Estado-Maior da Defesa e outro no arquivo pessoal de Franco.
O autor diz não possuir dados que lhe permitam saber quais os planos políticos posteriores à invasão. Um episódio temporário ou uma absorção?
Agudo transcreve uma conversa de Setembro de 1940, em Berlim, na qual o ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha, Serrano Súñer, disse ao homólogo alemão, Ribbentrop, que, "ao olhar para o mapa da Europa, geograficamente falando Portugal não tinha direito a existir". Agudo admite que "Madrid não via com maus olhos uma integração ibérica de Portugal em Espanha".
O historiador espanhol Manuel Ros Agudo revelou recentemente um plano de invasão militar de Portugal pela Espanha de Franco, no início da Segunda Guerra Mundial. O plano foi elaborado no contexto de uma quase certa guerra com a Inglaterra. Para tanto, Madrid tratou de preparar um ataque surpresa a Gibraltar, a que - segundo os estrategos espanhóis - Londres responderia pela ocupação das Canárias e por um desembarque em Portugal, visto como 'testa de ponte' da invasão da Península. O Estado-Maior militar de Franco preparou então uma vasta manobra de antecipação, que passaria pelo ataque a Gibraltar e por uma "invasão preventiva" de Portugal.
A invasão seria precedida de um ultimato, com um prazo praticamente impossível de cumprir e que o historiador calcula que seria de 24 a 48 horas. Os termos da invasão fazem parte do 'Plano de Campanha nº 1(34)', um estudo de 120 páginas, elaborado pela Primeira Secção, de Operações, do Alto Estado-Maior (AEM) durante a segunda metade de 1940.
O plano foi apresentado a Franco a 18 de Dezembro. O objectivo final da invasão, por terra, mar e ar, era "ocupar Lisboa e o resto da costa portuguesa". Em termos de efectivos do Exército, seriam mobilizadas dez divisões de infantaria e uma de cavalaria, quatro regimentos de carros de combate, oito grupos de reconhecimento e oito regimentos mistos de infantaria - num total de 250 mil homens. Ou seja: o dobro dos meios humanos de que Portugal poderia dispor. O desequilíbrio era tal que, ao máximo de cinco divisões que Portugal poderia organizar, a Espanha responderia, logo à partida, com 25 divisões. A Força Aérea, por seu turno, participaria com cinco grupos de bombardeamento e dois de caça, duas esquadrilhas de reconhecimento, quatro esquadrilhas de caças Fiat CR-32 e dois grupos de assalto. Para tanto, as autoridades de Madrid contavam com o apoio quer da Alemanha quer da Itália. À Marinha estaria reservada uma missão de menor relevo, já que se temia uma forte reacção da poderosíssima armada britânica, que não deixaria de apoiar Lisboa.
As forças espanholas seriam organizadas em dois exércitos, que actuariam a norte e a sul do Tejo. O primeiro avançaria ao longo da linha Guarda, Celorico da Beira, Coimbra e Lisboa; o segundo, pela linha Elvas, Évora e Setúbal. O objectivo fixado pelo plano de operações era "ocupar rapidamente Lisboa e dividir o país em três partes, por forma a facilitar a conquista de todo o território". Sabe-se como a Segunda Guerra Mundial não confirmou os receios de Espanha, que, tal como Portugal, acabou por não entrar directamente no conflito. Assim, o referido plano foi arquivado, permanecendo em segredo durante 68 anos, até que o historiador Agudo o revelou no livro 'La Gran Tentación' (ed. Styria). O autor explicou que "o plano da invasão é uma novidade absoluta, já que ficou guardado em segredo até hoje". Agudo adiantou que há um exemplar do plano no arquivo do Estado-Maior da Defesa e outro no arquivo pessoal de Franco.
O autor diz não possuir dados que lhe permitam saber quais os planos políticos posteriores à invasão. Um episódio temporário ou uma absorção?
Agudo transcreve uma conversa de Setembro de 1940, em Berlim, na qual o ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha, Serrano Súñer, disse ao homólogo alemão, Ribbentrop, que, "ao olhar para o mapa da Europa, geograficamente falando Portugal não tinha direito a existir". Agudo admite que "Madrid não via com maus olhos uma integração ibérica de Portugal em Espanha".
Descobrimentos portugueses em 22 maravilhas no Mundo
Muita gente, mesmo culta, ignora a maior parte das 22 históricas construções portuguesas, espalhadas pelo Mundo, que integram a lista de monumentos classificados como Património da Humanidade pela UNESCO. Esta situação irá sofrer uma alteração sensível dentro em breve, através da votação pública das ‘7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo’.
A iniciativa da empresa New 7 Wonders Portugal (N7WP), que conta com o apoio de várias entidades governamentais e do Estado, promove a divulgação da História e das imagens de 22 monumentos que foram construídos na América do Sul, em África e na Ásia ao longo dos séculos. A ideia "impulsiona a cultura e e o turismo ao nível local e mundial", afirmou Luís Segadães, presidente executivo da N7WP.
O projecto irá envolver as escolas, através de um concurso específico, que visa interessar os estudantes pela temática histórica. "Será uma espécie de ‘Quem Quer Ser Milionário", em que cada uma das equipas das escolas defende um monumento, sobre o qual tem de saber mais do que qualquer um dos outros', disse Eva Mota, elemento da organização.
Na próxima terça-feira, Joaquim Magalhães de Castro, jornalista e investigador da expansão marítima portuguesa, parte para uma viagem de dois meses, que o levará aos 22 monumentos. "Irá recolher informação, histórias interessantes, fotografias e vídeos, que se querem intimistas e originais, sobre cada um dos monumentos, para publicação em livro", diz Eva Mota. A obra será publicada em Junho. Portugal parte para esta iniciativa em situação privilegiada. Segundo a organização, é "o país que deixou mais património com maior diversidade geográfica" no âmbito da classificação de Património da Humanidade da UNESCO.
A votação das "7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo" inicia-se a 7 de Dezembro, prolongando-se pelos meses seguintes. O anúncio dos sete monumentos vencedores será feito a 10 de Junho de 2009, Dia de Portugal.
Os 22 monumentos de origem portuguesa que são Património Mundial da UNESCO estão espalhados por África, Ásia e América do Sul. Mas é no Brasil que há uma maior concentração devido à prolongada presença portuguesa.
Centro Histórico de S. Luís - Brasil
Centro Histórico de Salvador - Brasil
Centro Histórico de Olinda - Brasil
Centro Histórico de Goiás - Brasil
Centro Histórico de Ouro Preto - Brasil
Centro Histórico de Diamantina - Brasil
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas - Brasil
Missões Jesuítas dos Guarani - Brasil e Argentina
Missões Jesuítas de Trinidad do Paraná e Jesus de Tavaranque - Paraguai
Bairro Histórico da Colónia de Sacramento - Uruguai
Cid. portuguesa de Mazagão (El Jadida) - Marrocos
Ilha de Goreia - Senegal
Ilha de James - Gâmbia
Fortes e Castelos em Volta, Greater Accra - Gana
Cidadela de Fasil Ghebi - Etiópia
Ruínas de Kilwa e de Songo Mnara - Tanzânia
Ilha de Moçambique - Moçambique
Sítio Arqueológico de Qal at al-Bahrain - Bahrain
Igrejas e Conventos de Goa - Índia
Cidade Velha de Galle e suas Fortificações - Sri Lanka
Centro Histórico de Malaca - Malásia
Centro Histórico de Macau - China
A iniciativa da empresa New 7 Wonders Portugal (N7WP), que conta com o apoio de várias entidades governamentais e do Estado, promove a divulgação da História e das imagens de 22 monumentos que foram construídos na América do Sul, em África e na Ásia ao longo dos séculos. A ideia "impulsiona a cultura e e o turismo ao nível local e mundial", afirmou Luís Segadães, presidente executivo da N7WP.
O projecto irá envolver as escolas, através de um concurso específico, que visa interessar os estudantes pela temática histórica. "Será uma espécie de ‘Quem Quer Ser Milionário", em que cada uma das equipas das escolas defende um monumento, sobre o qual tem de saber mais do que qualquer um dos outros', disse Eva Mota, elemento da organização.
Na próxima terça-feira, Joaquim Magalhães de Castro, jornalista e investigador da expansão marítima portuguesa, parte para uma viagem de dois meses, que o levará aos 22 monumentos. "Irá recolher informação, histórias interessantes, fotografias e vídeos, que se querem intimistas e originais, sobre cada um dos monumentos, para publicação em livro", diz Eva Mota. A obra será publicada em Junho. Portugal parte para esta iniciativa em situação privilegiada. Segundo a organização, é "o país que deixou mais património com maior diversidade geográfica" no âmbito da classificação de Património da Humanidade da UNESCO.
A votação das "7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo" inicia-se a 7 de Dezembro, prolongando-se pelos meses seguintes. O anúncio dos sete monumentos vencedores será feito a 10 de Junho de 2009, Dia de Portugal.
Os 22 monumentos de origem portuguesa que são Património Mundial da UNESCO estão espalhados por África, Ásia e América do Sul. Mas é no Brasil que há uma maior concentração devido à prolongada presença portuguesa.
Centro Histórico de S. Luís - Brasil
Centro Histórico de Salvador - Brasil
Centro Histórico de Olinda - Brasil
Centro Histórico de Goiás - Brasil
Centro Histórico de Ouro Preto - Brasil
Centro Histórico de Diamantina - Brasil
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas - Brasil
Missões Jesuítas dos Guarani - Brasil e Argentina
Missões Jesuítas de Trinidad do Paraná e Jesus de Tavaranque - Paraguai
Bairro Histórico da Colónia de Sacramento - Uruguai
Cid. portuguesa de Mazagão (El Jadida) - Marrocos
Ilha de Goreia - Senegal
Ilha de James - Gâmbia
Fortes e Castelos em Volta, Greater Accra - Gana
Cidadela de Fasil Ghebi - Etiópia
Ruínas de Kilwa e de Songo Mnara - Tanzânia
Ilha de Moçambique - Moçambique
Sítio Arqueológico de Qal at al-Bahrain - Bahrain
Igrejas e Conventos de Goa - Índia
Cidade Velha de Galle e suas Fortificações - Sri Lanka
Centro Histórico de Malaca - Malásia
Centro Histórico de Macau - China
quinta-feira, novembro 06, 2008
Reino Unido aprova nova Constituição para as Ilhas Malvinas
O Reino Unido aprovou uma nova Constituição para as Ilhas Malvinas que concede mais poder ao governador desse território do Atlântico Sul, por cuja soberania britânicos e argentinos travaram uma guerra em 1982.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido indicou hoje que a Rainha Isabel II assinou na quarta-feira a "Ordem da Constituição das Ilhas Malvinas de 2008", que entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2009.
O texto constitucional dá novos poderes ao governador para não seguir as recomendações do Conselho Executivo em temas de assuntos externos, segurança interna (incluindo a polícia), administração de justiça e gestão dos serviços públicos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido indicou hoje que a Rainha Isabel II assinou na quarta-feira a "Ordem da Constituição das Ilhas Malvinas de 2008", que entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2009.
O texto constitucional dá novos poderes ao governador para não seguir as recomendações do Conselho Executivo em temas de assuntos externos, segurança interna (incluindo a polícia), administração de justiça e gestão dos serviços públicos.
EUA: Cavaco Silva felicita reeleição de luso-descendentes
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, felicitou os três luso-descendentes reeleitos terça-feira para o Congresso norte-americano, numa mensagem em que sublinhou a importância da participação política da comunidade portuguesa nos Estados Unidos.
"Tendo tomado conhecimento dos resultados eleitorais que conduziram à reeleição de Vossa Excelência para o Congresso dos Estados Unidos da América, quero dirigir-lhe, em meu nome e no do Povo português, as mais calorosas felicitações", lê-se na mensagem que enviou aos congressistas Jim Costa (democrata), Dennis Cardoza (democrata) e Devin Nunes (republicano).
Jim Costa, Dennis Cardoza e Devin Nunes foram reeleitos para o Congresso norte-americano pelo estado da Califórnia.
"Tendo tomado conhecimento dos resultados eleitorais que conduziram à reeleição de Vossa Excelência para o Congresso dos Estados Unidos da América, quero dirigir-lhe, em meu nome e no do Povo português, as mais calorosas felicitações", lê-se na mensagem que enviou aos congressistas Jim Costa (democrata), Dennis Cardoza (democrata) e Devin Nunes (republicano).
Jim Costa, Dennis Cardoza e Devin Nunes foram reeleitos para o Congresso norte-americano pelo estado da Califórnia.
Yes we can. A esperança.
A vitória de Obama nas presidenciais americanas trouxe um dos sentimentos colectivos mais difíceis de explicar: esperança.
Ao contrário da saudade, sentimento português que não tem tradução ou que não é traduzível numa só palavra noutras línguas, a esperança (hope, esperanza, etc.) permite criar a comoção, a alegria, a pele de galinha.
Ao ser eleito, Obama representa todos os negros americanos e também um pouco dos negros do resto do mundo. Não sendo um afro-americano típico, não podendo representar os negros que sofreram a escravatura das plantações, representa a esperança de, pela primeira vez na história, alguém diferente ganhar um cargo tão importante. E digo diferente não devido à cor da sua pele, mas diferente pelo seu percurso político, completamente incaracterístico, muito à margem do comum carreirismo político.
Vamos ter esperança.
Ao contrário da saudade, sentimento português que não tem tradução ou que não é traduzível numa só palavra noutras línguas, a esperança (hope, esperanza, etc.) permite criar a comoção, a alegria, a pele de galinha.
Ao ser eleito, Obama representa todos os negros americanos e também um pouco dos negros do resto do mundo. Não sendo um afro-americano típico, não podendo representar os negros que sofreram a escravatura das plantações, representa a esperança de, pela primeira vez na história, alguém diferente ganhar um cargo tão importante. E digo diferente não devido à cor da sua pele, mas diferente pelo seu percurso político, completamente incaracterístico, muito à margem do comum carreirismo político.
Vamos ter esperança.
terça-feira, novembro 04, 2008
Oi admite juntar-se à PT em mercados de língua portuguesa
O presidente da operadora brasileira Oi "descarta para já fusão" com a Portugal Telecom (PT), mas admite colaborar com aooperadora portuguesa nos países de língua portuguesa.
O tempo (para uma fusão) ainda não chegou, mas se depender do presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, "é possível imaginar no futuro um mundo com um operador global de telecomunicações que junta brasileiros e portugueses".
O tempo (para uma fusão) ainda não chegou, mas se depender do presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, "é possível imaginar no futuro um mundo com um operador global de telecomunicações que junta brasileiros e portugueses".
Espanha admitiu declarar guerra a Portugal depois do 25 de Abril
O último líder do governo de Franco, Carlos Arias Navarro, admitiu entrar em guerra com Portugal, em 1975, para travar o avanço do comunismo. A revelação consta de documentos, ontem divulgados pelo jornal El País, nos quais são relatadas conversas entre o chefe do governo franquista e diplomatas norte-americanos.
Os relatórios integram os Arquivos Nacionais, em Washington. É a primeira vez que a hipótese de um ataque de Espanha a Portugal, na sequência da revolução de 74, surge citada num documento.De acordo com o diário espanhol, Carlos Arias Navarro informou em privado os Estados Unidos de que Espanha estava disposta a avançar para uma guerra. Segundo o relato escrito pelos diplomatas norte-americanos, o líder do governo de Franco manifestava uma "profunda preocupação" com os acontecimentos em Portugal, e pretendia que os EUA garantissem o apoio a Madrid em caso de conflito armado na Península.
Estava-se então em Março de 1975, já após a tentativa do golpe spinolista do 11 de Março em Portugal - ao qual Arias se terá referido como o "último acto insensato de Spínola". Neste mesmo mês, a evolução política portuguesa foi discutida num encontro entre Arias e Robert Ingersoll (à data vice-secretário de Estado norte-americano) que decorreu em Jerusalém. Num relatório deste encontro dirigido ao secretário de Estado Henry Kissinger, Ingersoll escreve que "Portugal é uma séria ameaça a Espanha, não só pelo desenvolvimento da situação [política], mas sobretudo pelo apoio exterior que poderia obter e que seria hostil a Espanha". Afirmando que Arias estava "profundamente inquieto" com o que se passava, Ingersoll traduz assim o pensamento do político espanhol: "Espanha estaria disposta a travar o combate anticomunista sozinha, se necessário. É um país forte e próspero. Não quer pedir ajuda. Mas confia que terá a cooperação e a comprensão dos seus amigos, não só no interesse de Espanha, mas de todos os que pensam da mesma forma."
No mesmo encontro, Arias garantiu ter tomado as "precauções apropriadas" para impedir que o que se passava em Portugal se estendesse ao outro lado da fronteira. Um mês depois, já num encontro com o senador Hugh Scott, o chefe do governo espanhol voltava a afastar esse cenário, argumentando que Espanha tinha mais liberdade, mais crescimento económico e que as forças armadas não tinham sofrido a "tensão de uma guerra colonial". A 28 de Maio é a vez do embaixador Wells Stabler informar: "Com a larga fronteira com Portugal, seria difícil a Espanha proteger-se de uma acção subversiva portuguesa." As conversas entre Carlos Arias Navarro e os responsáveis norte-americanos decorrem num contexto de tensão nas relações entre os dois países - os Estados Unidos queriam renegociar a continuidade de várias bases militares em território espanhol, enquanto a Espanha de Franco procurava apoio internacional para entrar na NATO. É neste âmbito que Arias se queixa dos países europeus, apontando a incongruência da sua atitude face à "total anarquia que impera em Portugal, a cair num domínio completo dos comunistas, e a que têm face a Espanha, um bastião contra a expansão comunista".
Os relatórios integram os Arquivos Nacionais, em Washington. É a primeira vez que a hipótese de um ataque de Espanha a Portugal, na sequência da revolução de 74, surge citada num documento.De acordo com o diário espanhol, Carlos Arias Navarro informou em privado os Estados Unidos de que Espanha estava disposta a avançar para uma guerra. Segundo o relato escrito pelos diplomatas norte-americanos, o líder do governo de Franco manifestava uma "profunda preocupação" com os acontecimentos em Portugal, e pretendia que os EUA garantissem o apoio a Madrid em caso de conflito armado na Península.
Estava-se então em Março de 1975, já após a tentativa do golpe spinolista do 11 de Março em Portugal - ao qual Arias se terá referido como o "último acto insensato de Spínola". Neste mesmo mês, a evolução política portuguesa foi discutida num encontro entre Arias e Robert Ingersoll (à data vice-secretário de Estado norte-americano) que decorreu em Jerusalém. Num relatório deste encontro dirigido ao secretário de Estado Henry Kissinger, Ingersoll escreve que "Portugal é uma séria ameaça a Espanha, não só pelo desenvolvimento da situação [política], mas sobretudo pelo apoio exterior que poderia obter e que seria hostil a Espanha". Afirmando que Arias estava "profundamente inquieto" com o que se passava, Ingersoll traduz assim o pensamento do político espanhol: "Espanha estaria disposta a travar o combate anticomunista sozinha, se necessário. É um país forte e próspero. Não quer pedir ajuda. Mas confia que terá a cooperação e a comprensão dos seus amigos, não só no interesse de Espanha, mas de todos os que pensam da mesma forma."
No mesmo encontro, Arias garantiu ter tomado as "precauções apropriadas" para impedir que o que se passava em Portugal se estendesse ao outro lado da fronteira. Um mês depois, já num encontro com o senador Hugh Scott, o chefe do governo espanhol voltava a afastar esse cenário, argumentando que Espanha tinha mais liberdade, mais crescimento económico e que as forças armadas não tinham sofrido a "tensão de uma guerra colonial". A 28 de Maio é a vez do embaixador Wells Stabler informar: "Com a larga fronteira com Portugal, seria difícil a Espanha proteger-se de uma acção subversiva portuguesa." As conversas entre Carlos Arias Navarro e os responsáveis norte-americanos decorrem num contexto de tensão nas relações entre os dois países - os Estados Unidos queriam renegociar a continuidade de várias bases militares em território espanhol, enquanto a Espanha de Franco procurava apoio internacional para entrar na NATO. É neste âmbito que Arias se queixa dos países europeus, apontando a incongruência da sua atitude face à "total anarquia que impera em Portugal, a cair num domínio completo dos comunistas, e a que têm face a Espanha, um bastião contra a expansão comunista".
segunda-feira, novembro 03, 2008
Grupo Visabeira doa uma escola a Moçambique
O grupo Visabeira, através da sua filial Televisa, decidiu oferecer uma escola ao Estado moçambicano, anunciou a empresa de Viseu em comunicado.
"Consciente dos problemas graves com que o continente africano se debate com o ensino, nomeadamente ao nível das suas infra-estruturas", o grupo inaugurou, no final do mês de Setembro, a Escola de Conono, distrito de Mocuba, na província da Zambézia, em Moçambique.
A escola foi integralmente projectada, construída e mobilada pela Televisa, "tendo apresentado um custo final de 175 mil dólares".
A nova escola é composta por quatro salas de aulas com capacidade para 200 alunos, um bloco administrativo, uma casa para professores, um campo de basquetebol com vedação em alvenaria e vedação em torno de todo o complexo.
A Visabeira detém importantes operações naquele país da àfrica Austral, nomeadamente nas áreas de Telecomunicações (TV Cabo Moçambique), Turismo (Cadeia Girassol Hotéis) e construção.
Se todos os que investem na África portuguesa fossem um pouco mais solidários as coisas estavam um pouco melhor. Veja-se o caso da Guiné-Bissau. Tem investidores, nacionais e estrangeiros, apoio das instituições internacionais mas, o dinheiro esvai-se entre os dedos da corrupção...
"Consciente dos problemas graves com que o continente africano se debate com o ensino, nomeadamente ao nível das suas infra-estruturas", o grupo inaugurou, no final do mês de Setembro, a Escola de Conono, distrito de Mocuba, na província da Zambézia, em Moçambique.
A escola foi integralmente projectada, construída e mobilada pela Televisa, "tendo apresentado um custo final de 175 mil dólares".
A nova escola é composta por quatro salas de aulas com capacidade para 200 alunos, um bloco administrativo, uma casa para professores, um campo de basquetebol com vedação em alvenaria e vedação em torno de todo o complexo.
A Visabeira detém importantes operações naquele país da àfrica Austral, nomeadamente nas áreas de Telecomunicações (TV Cabo Moçambique), Turismo (Cadeia Girassol Hotéis) e construção.
Se todos os que investem na África portuguesa fossem um pouco mais solidários as coisas estavam um pouco melhor. Veja-se o caso da Guiné-Bissau. Tem investidores, nacionais e estrangeiros, apoio das instituições internacionais mas, o dinheiro esvai-se entre os dedos da corrupção...
domingo, novembro 02, 2008
ADN dos fenícios está nos genes dos portugueses
Não se sabe muito sobre os fenícios, um povo navegador do leste do Mediterrâneo, durante um milénio, até serem conquistados pelos romanos. Mas um novo método de análise genética revela que deixaram a sua marca genética em muitos povos mediterrânicos — e os portugueses estão entre os que mais se podem gabar de ter a marca fenícia no seu ADN: Um em cada 17 homens que hoje vivem nas costas do Norte de África e no sul da Europa podem ter tido um antepassado fenício, que tinha como ponto de partida o actual Líbano, conclui um estudo publicado na revista científica American Journal of Human Genetics.
Os cientistas do "Genographic Project" (que estuda a forma como a humanidade se espalhou pelo planeta) identificaram um padrão genético associado à expansão dos fenícios, tal como as fontes históricas a revelam. Depois, estudaram o cromossoma Y de 1330 homens nesses locais, para verificar a frequência desse padrão. Assim, descobriram os locais da bacia do Mediterrâneo onde é mais provável haver descendentes masculinos dos fenícios. As zonas mais perto do litoral, e também a costa atlântica portuguesa, estão entre as que têm mais descendentes dos fenícios.
Os cientistas do "Genographic Project" (que estuda a forma como a humanidade se espalhou pelo planeta) identificaram um padrão genético associado à expansão dos fenícios, tal como as fontes históricas a revelam. Depois, estudaram o cromossoma Y de 1330 homens nesses locais, para verificar a frequência desse padrão. Assim, descobriram os locais da bacia do Mediterrâneo onde é mais provável haver descendentes masculinos dos fenícios. As zonas mais perto do litoral, e também a costa atlântica portuguesa, estão entre as que têm mais descendentes dos fenícios.
Narcotráfico no centro da campanha guineense
As principais forças políticas que concorrem às legislativas de dia 16 na Guiné-Bissau elegeram como tema central a questão do tráfico de droga, que está a assumir proporções alarmantes. Em causa estão a autoridade do Estado, a justiça e o desenvolvimento neste país africano Partidos querem reforçar combate ao tráfico de droga.
O tema transversal das eleições legislativas de dia 16 na Guiné-Bissau é, sem dúvida, a droga e o combate aos narcotraficantes que circulam impunemente no país de Amílcar Cabral. Todos os candidatos são unânimes em afirmar que "há mão da droga" na campanha eleitoral e todos acusam todos de tráfico, mas ninguém se atreve a apontar o dedo ou nomes. Assim, as caras de traficantes que supostamente estão a influenciar o processo eleitoral na Guiné-Bissau continuam desconhecidas. Mas todas as forças políticas que concorrem reconhecem que há uma mão invisível que está fazer circular muito dinheiro na campanha eleitoral.
Por exemplo, o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Carlos Gomes Júnior, condenou, no primeiro comício do seu partido em Bissau, a ostentação de riqueza por parte de alguns partidos com dinheiro de proveniência duvidosa. Por seu lado, o líder do Partido Republicano para Independência e Desenvolvimento (PRID), Aristides Gomes, disse que as pessoas acusam sem apontar nomes e que o seu partido está disposto a levar a tribunal os líderes dos partidos que o têm acusado de ser o principal responsável pela introdução de droga na Guiné. Também a coligação Aliança de Forças Patrióticas garantiu que, se ganhar, reactivará o processo judicial das pessoas que foram indiciadas no Ministério Público no caso do desaparecimento de 674 quilos de drogas do Tesouro Público.
Como se não bastasse a crónica instabilidade política e social, a Guiné-Bissau está profundamente abalada com o fenómeno de tráfico de droga que minou quase toda a estrutura do Estado. O fenómeno de tráfico de droga transformou o próprio Estado da Guiné-Bissau num instrumento de desordem e de favorecimento na justiça social. Por outro lado, está iminente a instauração da lei do mais forte no país devido ao esvaziamento da autoridade do Estado. Ninguém assume que o seu Governo é responsável pelo tráfico de droga na Guiné. Por exemplo, o líder do Partido de Renovação Social (PRS), Kumba Ialá, costuma asseverar: "No meu tempo não havia tráfico de droga." Na realidade, toda a classe política guineense oscila face ao fenómeno de tráfico de droga que abala o país: governar com droga, se preciso; sem droga, se possível; contra a droga, se necessário.
O tema transversal das eleições legislativas de dia 16 na Guiné-Bissau é, sem dúvida, a droga e o combate aos narcotraficantes que circulam impunemente no país de Amílcar Cabral. Todos os candidatos são unânimes em afirmar que "há mão da droga" na campanha eleitoral e todos acusam todos de tráfico, mas ninguém se atreve a apontar o dedo ou nomes. Assim, as caras de traficantes que supostamente estão a influenciar o processo eleitoral na Guiné-Bissau continuam desconhecidas. Mas todas as forças políticas que concorrem reconhecem que há uma mão invisível que está fazer circular muito dinheiro na campanha eleitoral.
Por exemplo, o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Carlos Gomes Júnior, condenou, no primeiro comício do seu partido em Bissau, a ostentação de riqueza por parte de alguns partidos com dinheiro de proveniência duvidosa. Por seu lado, o líder do Partido Republicano para Independência e Desenvolvimento (PRID), Aristides Gomes, disse que as pessoas acusam sem apontar nomes e que o seu partido está disposto a levar a tribunal os líderes dos partidos que o têm acusado de ser o principal responsável pela introdução de droga na Guiné. Também a coligação Aliança de Forças Patrióticas garantiu que, se ganhar, reactivará o processo judicial das pessoas que foram indiciadas no Ministério Público no caso do desaparecimento de 674 quilos de drogas do Tesouro Público.
Como se não bastasse a crónica instabilidade política e social, a Guiné-Bissau está profundamente abalada com o fenómeno de tráfico de droga que minou quase toda a estrutura do Estado. O fenómeno de tráfico de droga transformou o próprio Estado da Guiné-Bissau num instrumento de desordem e de favorecimento na justiça social. Por outro lado, está iminente a instauração da lei do mais forte no país devido ao esvaziamento da autoridade do Estado. Ninguém assume que o seu Governo é responsável pelo tráfico de droga na Guiné. Por exemplo, o líder do Partido de Renovação Social (PRS), Kumba Ialá, costuma asseverar: "No meu tempo não havia tráfico de droga." Na realidade, toda a classe política guineense oscila face ao fenómeno de tráfico de droga que abala o país: governar com droga, se preciso; sem droga, se possível; contra a droga, se necessário.
sexta-feira, outubro 31, 2008
Galeota Real D. João VI:Restauro junta Ministros da Cultura de Portugal e do Brasil
A Galeota de D. João VI, embarcação original utilizada pela Família Real Portuguesa para transporte e actos reais, é apresentada hoje no Rio de Janeiro após cinco meses de restauro. Considerada uma das mais importantes relíquias históricas que marcam o período da Monarquia no Brasil, a Galeota Real, actualmente parte do acervo do Espaço Cultural da Marinha.
A cerimónia de apresentação do restauro conta com a presença do ministro da Cultura de Portugal, José António Pinto Ribeiro, e do seu homólogo brasileiro Juca Ferreira. O pequeno barco foi construído na Bahia e chegou ao Rio de Janeiro em 1818 para ser oferecido ao rei D. João VI. A Galeota Real, também denominada como Galeota de D. João VI, é uma pequena galé, um tipo de embarcação movido a remos. Com casco de madeiras nobres e dourado a folha de ouro, tem 24 metros de comprimento. Na popa, possui um camarote forrado de veludo, ricamente decorado, e, na proa, a carranca de um dragão, símbolo da Casa de Bragança.
O trabalho de restauro e redouramento, a cargo da Espírito Santo Cultura entidade ligada ao Grupo Espírito Santo, em Portugal, começou em Junho deste ano. A equipa de restauradores foi composta por técnicos portugueses e brasileiros, reportando a técnicas do século XVIII. A Galeota foi de Salvador rebocado por um navio à vela, para em apenas onze dias, aportar no Rio. Inspirada na Galeota Grande e na Saveira Dourada, que atendiam a Família Real Portuguesa em Lisboa, a Galeota Real foi construída em 1808 por determinação do conde da Ponte, nos estaleiros do Arsenal da Capitania da Bahia em Salvador, para o serviço particular do Príncipe-regente, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil (1808-1821).
A cerimónia de apresentação do restauro conta com a presença do ministro da Cultura de Portugal, José António Pinto Ribeiro, e do seu homólogo brasileiro Juca Ferreira. O pequeno barco foi construído na Bahia e chegou ao Rio de Janeiro em 1818 para ser oferecido ao rei D. João VI. A Galeota Real, também denominada como Galeota de D. João VI, é uma pequena galé, um tipo de embarcação movido a remos. Com casco de madeiras nobres e dourado a folha de ouro, tem 24 metros de comprimento. Na popa, possui um camarote forrado de veludo, ricamente decorado, e, na proa, a carranca de um dragão, símbolo da Casa de Bragança.
O trabalho de restauro e redouramento, a cargo da Espírito Santo Cultura entidade ligada ao Grupo Espírito Santo, em Portugal, começou em Junho deste ano. A equipa de restauradores foi composta por técnicos portugueses e brasileiros, reportando a técnicas do século XVIII. A Galeota foi de Salvador rebocado por um navio à vela, para em apenas onze dias, aportar no Rio. Inspirada na Galeota Grande e na Saveira Dourada, que atendiam a Família Real Portuguesa em Lisboa, a Galeota Real foi construída em 1808 por determinação do conde da Ponte, nos estaleiros do Arsenal da Capitania da Bahia em Salvador, para o serviço particular do Príncipe-regente, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil (1808-1821).
quinta-feira, outubro 30, 2008
EUA: Portugueses por Obama mas 'lisboetas' por Mc Cain
Habitantes de Lisbon não conseguem apontar Portugal no mapa.
Se fosse possível, votaria Obama. "Porque é melhor para a imigração", justifica ele, crente de que o democrata conquistará a Casa Branca. Mas Eurico Barradas não pode votar. Nem existir, sequer. O jovem de 31 nos vive na clandestinidade desde que deixou a aldeia de Rebordelo, em Vinhais, para atravessar o Atlântico e aterrar no restaurante Marbella, nos subúrbios de Cleveland, Ohio, estado que tem apenas seis mil dos 1,17 milhões de luso-americanos a residir nos EUA. O Marbella promete, aos riquíssimos clientes da vizinhança - judeus ligados à joalharia e indústria militar - cozinha portuguesa e espanhola. Ou melhor, variações de ambas (sem bacalhau) que agradam os refeiçoantes de Beechwood, zona de condomínios fechados e clubes selectivos, com duas sinagogas a terem o exclusivo religioso. Clientela distinta que deixa gorjetas graúdas aos cinco portugueses ali empregados.
E Barradas bem precisa, para compor o salário e alimentar Daniel, o filho de 17 meses cuja mãe, também de Vinhais, trabalha na lavandaria do Marbella. "Juntos, fazemos 3600 dólares por mês", diz. Não é muito, mas "suficiente para viver melhor do que em Portugal", agarrado às obras ou na lavoura, a esgravatar os penedos que lhe marejam o olhar de saudade. "Não tenho a carta verde - autorização de residência e de trabalho -, mas já meti os papéis. Paguei seis mil dólares a uma advogada", diz Eurico. "O problema é que, durante a campanha, está tudo parado. O processo não anda e, se a polícia cá vier, terei chatices", repara ele, que regressará a Portugal "se Deus quiser". Problemas, mas não muitos: "As coisas são mais facilitadas por o meu filho ter cidadania americana".
Também Armindo Pedreira a possui. Há quatro anos. Essa e a outra, a portuguesa, desde que nasceu nas Caldas da Rainha, em 1966. É o único imigrante recenseado, e inclina-se para Obama: "McCain está velho; ainda corremos o risco de ter lá (Casa Banca) a Palin. É gira, mas pouco esperta", diz o português, casado com a venezuelana Militza, mãe de Fátima, de 9 anos. A ele, pelo contrário, não falta inteligência nem iniciativa. A necessidade já o teve nas petrolíferas do Mar do Norte e nos Alpes suíços, antes de chegar aos EUA a convite de um primo de Nova Jérsia. Correu-lhe tão bem que, após o êxito num restaurante de Pittsburgh, Pensilvânia, foi convidado para gerir o Marbella. E ali todos os clientes o cumprimentam, efusivos. Tratam-no como se fosse um deles. Mas não é: "Vivo num condomínio com sauna, piscina e até golfe, tal como eles; tenho um bom carro e a Fátima na escola que os filhos deles frequentam", assegura. "Mas nunca me tratarão como igual. Porque não nasci cá, na América". E, todavia, porque nada o prende a Portugal, é ali que quer morrer. Rico, de preferência. Como eles, os clientes do Marbella, que jamais o verão como igual.
E muito menos em Lisbon, pois a pequena vila no extremo oriental do Ohio é alheia, até, à existência de coisa chamada Portugal, o país de cuja capital tomou o baptismo em 1803 - por sugestão de um alemão - e que ninguém sabe indicar no mapa. Lisbon não está melhor: só por engano é que alguém se demora na rua breve ladeada por prédios em tijolo, um fontanário e um coreto sem préstimo. "Mas é bom para criar os filhos. Aqui não há crimes", garante o xerife local, Kenny Biacco. Votará Obama, mas o homem que cumpre patrulhas diárias pelas múltiplas quintas da zona há 27 anos e conhece todos os 'lisboetas' pelo nome, sabe que está desacompanhado. "Aqui ganham os republicanos", diz. Militância não falta, estimulada apelo reverendo Berry Walker, de 69 anos. Foi capelão dos marines a vida toda, e não aceita que "um gajo chamado Barack HUSSEIN Obama", sublinha, "venha a substituir alguém como Bush. Nunca", diz, garantindo que Lisbon escolherá McCain. "Porque é uma cidade patriótica". Será. E também um bocadinho racista.
Se fosse possível, votaria Obama. "Porque é melhor para a imigração", justifica ele, crente de que o democrata conquistará a Casa Branca. Mas Eurico Barradas não pode votar. Nem existir, sequer. O jovem de 31 nos vive na clandestinidade desde que deixou a aldeia de Rebordelo, em Vinhais, para atravessar o Atlântico e aterrar no restaurante Marbella, nos subúrbios de Cleveland, Ohio, estado que tem apenas seis mil dos 1,17 milhões de luso-americanos a residir nos EUA. O Marbella promete, aos riquíssimos clientes da vizinhança - judeus ligados à joalharia e indústria militar - cozinha portuguesa e espanhola. Ou melhor, variações de ambas (sem bacalhau) que agradam os refeiçoantes de Beechwood, zona de condomínios fechados e clubes selectivos, com duas sinagogas a terem o exclusivo religioso. Clientela distinta que deixa gorjetas graúdas aos cinco portugueses ali empregados.
E Barradas bem precisa, para compor o salário e alimentar Daniel, o filho de 17 meses cuja mãe, também de Vinhais, trabalha na lavandaria do Marbella. "Juntos, fazemos 3600 dólares por mês", diz. Não é muito, mas "suficiente para viver melhor do que em Portugal", agarrado às obras ou na lavoura, a esgravatar os penedos que lhe marejam o olhar de saudade. "Não tenho a carta verde - autorização de residência e de trabalho -, mas já meti os papéis. Paguei seis mil dólares a uma advogada", diz Eurico. "O problema é que, durante a campanha, está tudo parado. O processo não anda e, se a polícia cá vier, terei chatices", repara ele, que regressará a Portugal "se Deus quiser". Problemas, mas não muitos: "As coisas são mais facilitadas por o meu filho ter cidadania americana".
Também Armindo Pedreira a possui. Há quatro anos. Essa e a outra, a portuguesa, desde que nasceu nas Caldas da Rainha, em 1966. É o único imigrante recenseado, e inclina-se para Obama: "McCain está velho; ainda corremos o risco de ter lá (Casa Banca) a Palin. É gira, mas pouco esperta", diz o português, casado com a venezuelana Militza, mãe de Fátima, de 9 anos. A ele, pelo contrário, não falta inteligência nem iniciativa. A necessidade já o teve nas petrolíferas do Mar do Norte e nos Alpes suíços, antes de chegar aos EUA a convite de um primo de Nova Jérsia. Correu-lhe tão bem que, após o êxito num restaurante de Pittsburgh, Pensilvânia, foi convidado para gerir o Marbella. E ali todos os clientes o cumprimentam, efusivos. Tratam-no como se fosse um deles. Mas não é: "Vivo num condomínio com sauna, piscina e até golfe, tal como eles; tenho um bom carro e a Fátima na escola que os filhos deles frequentam", assegura. "Mas nunca me tratarão como igual. Porque não nasci cá, na América". E, todavia, porque nada o prende a Portugal, é ali que quer morrer. Rico, de preferência. Como eles, os clientes do Marbella, que jamais o verão como igual.
E muito menos em Lisbon, pois a pequena vila no extremo oriental do Ohio é alheia, até, à existência de coisa chamada Portugal, o país de cuja capital tomou o baptismo em 1803 - por sugestão de um alemão - e que ninguém sabe indicar no mapa. Lisbon não está melhor: só por engano é que alguém se demora na rua breve ladeada por prédios em tijolo, um fontanário e um coreto sem préstimo. "Mas é bom para criar os filhos. Aqui não há crimes", garante o xerife local, Kenny Biacco. Votará Obama, mas o homem que cumpre patrulhas diárias pelas múltiplas quintas da zona há 27 anos e conhece todos os 'lisboetas' pelo nome, sabe que está desacompanhado. "Aqui ganham os republicanos", diz. Militância não falta, estimulada apelo reverendo Berry Walker, de 69 anos. Foi capelão dos marines a vida toda, e não aceita que "um gajo chamado Barack HUSSEIN Obama", sublinha, "venha a substituir alguém como Bush. Nunca", diz, garantindo que Lisbon escolherá McCain. "Porque é uma cidade patriótica". Será. E também um bocadinho racista.
terça-feira, outubro 28, 2008
Peter Trickett defende descoberta portuguesa da Austrália
O australiano Peter Trickett defende que os portugueses descobriram a Austrália 250 anos antes do capitão James Cook e está a preparar um documentário televisivo sobre esta matéria.
O autor mostra-se convencido de que, pela experiência que já teve com o seu livro, "Para além de Capricórnio", em que procura demonstrar que os portugueses aportaram aquelas paragens pelo menos 250 anos antes do capitão James Cook em 1770, "o público em geral irá ter grande interesse".
"A tese da descoberta portuguesa da Austrália tem um bom acolhimento por parte do leitor comum, que a aceita bem. O mesmo não acontece no meio académico, que acha que não é possível e não pode ser verdadeira, apesar das provas apontadas", disse Trickett.
Segundo Trickett, terá sido o navegador Cristóvão Mendonça, por volta de 1522, o primeiro português a avistar as costas australianas, quando navegava na zona por ordem de D. Manuel I, que o enviara em busca da Ilha de Ouro, citada nos relatos de Marco Pólo. E fundamenta esta afirmação em mapas de origem portuguesa que cartografaram parcialmente a Austrália já no século XVI, tendo-lhe atribuído o nome de Terra de Java.
Mendonça terá ancorado ao largo da actual Botany Bay, que cartografou, referindo as "montanhas de neve", dunas de areia branca que ali existiram até serem domadas pela relva de um campo de golfe. O australiano menciona ainda os cerca de 150 topónimos australianos "de clara origem portuguesa". "Que explicação se pode dar para tal?", questionou.
Além dos mapas de origem portuguesa, Trickett aponta o aparecimento em mares australianos de dois potes de cerâmica de estilo português. Um deles foi datado como sendo do ano 1500, o da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral.
Na área arqueológica cita-se também a descoberta de um peso de pesca com 500 anos, em Fraser Island, no Estado australiano de Queensland.
A política de sigilo dos reis D. João II e D. Manuel I, e que terá encoberto o conhecimento do Brasil, foi também praticada relativamente a esta Terra de Java, a Austrália actual, defende o historiador. Tudo aponta, seguindo Trickett, para "uma clara antecipação da descoberta da Austrália pelos portugueses, a mando de D. Manuel I na busca da ilha de ouro". Hoje, a Austrália é o terceiro maior produtor mundial de ouro.
Os meios académicos não aceitam esta tese, ao contrário do que aconteceu com a tese da primazia da descoberta Viking da América do Norte, que, após provas arqueológicas apresentadas por Helge Ingsrad, é hoje amplamente aceite.
Para Trickett, "a natureza humana é o que é, não aceita ter-se enganado ou dizer que errou, tanto mais quando se trata de académicos, com teses e trabalhos teóricos publicados sobre o assunto, a terem de admitir que erraram".
Acresce a esta "negação da primazia lusa" o facto de Trickett não ser um académico, vir do meio jornalístico e não universitário.
"É certo que dizem que a tese é errada, insustentável, mas não fizeram até hoje qualquer crítica séria do ponto de vista científico. Penso que acham que a minha tese é difícil de combater e preferem não dizer nada de concreto", sublinhou.
O estudioso continua a investigar o assunto e o seu editor projecta editar a obra em Espanha e na Holanda, onde há uma tese que refere que navegadores holandeses terão também avistado costas australianas antes de Cook.
Para Peter Trickett, porém, foram os navegadores portugueses que "exploraram e cartografaram efectivamente as costas australianas, bem como parte substancial das da vizinha Nova Zelândia", com base quer nos mapas, quer nos primeiros achados arqueológicos em meio marítimo.
O autor mostra-se convencido de que, pela experiência que já teve com o seu livro, "Para além de Capricórnio", em que procura demonstrar que os portugueses aportaram aquelas paragens pelo menos 250 anos antes do capitão James Cook em 1770, "o público em geral irá ter grande interesse".
"A tese da descoberta portuguesa da Austrália tem um bom acolhimento por parte do leitor comum, que a aceita bem. O mesmo não acontece no meio académico, que acha que não é possível e não pode ser verdadeira, apesar das provas apontadas", disse Trickett.
Segundo Trickett, terá sido o navegador Cristóvão Mendonça, por volta de 1522, o primeiro português a avistar as costas australianas, quando navegava na zona por ordem de D. Manuel I, que o enviara em busca da Ilha de Ouro, citada nos relatos de Marco Pólo. E fundamenta esta afirmação em mapas de origem portuguesa que cartografaram parcialmente a Austrália já no século XVI, tendo-lhe atribuído o nome de Terra de Java.
Mendonça terá ancorado ao largo da actual Botany Bay, que cartografou, referindo as "montanhas de neve", dunas de areia branca que ali existiram até serem domadas pela relva de um campo de golfe. O australiano menciona ainda os cerca de 150 topónimos australianos "de clara origem portuguesa". "Que explicação se pode dar para tal?", questionou.
Além dos mapas de origem portuguesa, Trickett aponta o aparecimento em mares australianos de dois potes de cerâmica de estilo português. Um deles foi datado como sendo do ano 1500, o da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral.
Na área arqueológica cita-se também a descoberta de um peso de pesca com 500 anos, em Fraser Island, no Estado australiano de Queensland.
A política de sigilo dos reis D. João II e D. Manuel I, e que terá encoberto o conhecimento do Brasil, foi também praticada relativamente a esta Terra de Java, a Austrália actual, defende o historiador. Tudo aponta, seguindo Trickett, para "uma clara antecipação da descoberta da Austrália pelos portugueses, a mando de D. Manuel I na busca da ilha de ouro". Hoje, a Austrália é o terceiro maior produtor mundial de ouro.
Os meios académicos não aceitam esta tese, ao contrário do que aconteceu com a tese da primazia da descoberta Viking da América do Norte, que, após provas arqueológicas apresentadas por Helge Ingsrad, é hoje amplamente aceite.
Para Trickett, "a natureza humana é o que é, não aceita ter-se enganado ou dizer que errou, tanto mais quando se trata de académicos, com teses e trabalhos teóricos publicados sobre o assunto, a terem de admitir que erraram".
Acresce a esta "negação da primazia lusa" o facto de Trickett não ser um académico, vir do meio jornalístico e não universitário.
"É certo que dizem que a tese é errada, insustentável, mas não fizeram até hoje qualquer crítica séria do ponto de vista científico. Penso que acham que a minha tese é difícil de combater e preferem não dizer nada de concreto", sublinhou.
O estudioso continua a investigar o assunto e o seu editor projecta editar a obra em Espanha e na Holanda, onde há uma tese que refere que navegadores holandeses terão também avistado costas australianas antes de Cook.
Para Peter Trickett, porém, foram os navegadores portugueses que "exploraram e cartografaram efectivamente as costas australianas, bem como parte substancial das da vizinha Nova Zelândia", com base quer nos mapas, quer nos primeiros achados arqueológicos em meio marítimo.
O CD "Terra", da cantora portuguesa Mariza, recentemente lançado no mercado russo, está a ser calorosamente recebido entre os melómanos locais. "Quer visitar Portugal sem sair de casa? Então este álbum é para si", escreve o crítico musical Serguei Sossedov, no jornal electrónico km.ru., que acrescenta sobre a voz de Mariza: "Trémula, sonora, pura, vital é capaz de despertar interesse pela vida no mais desesperado dos pessimistas". Segundo Sossedov, "trata-se de canções portuguesas (fado) ora ousadas, ora líricas, ora longas (mas sempre apaixonadas), acompanhadas por guitarras acústicas vivas, piano e percussão. Um tipo de música raro".
O crítico musical afirma ainda que "nessas baladas canta-se o quotidiano dos habitantes desse país, as suas tristezas, alegrias, buscas espirituais, sonhos, esperanças e, claro, o amor". Sossedov chama também a atenção para o "trabalho brilhante" dos guitarristas: "Nos seus dedos, cada corda não só soa de forma penetrante, como parece conversar connosco". Sobre a cantora, o crítico russo não hesita em compará-la com Cesária Évora, mas "Mariza é vinte vezes mais expressiva, quente e sensual", conclui. Por seu lado, a revista Joy afirma que "esta bela jovem canta fado, e isso significa que canta em português". A julgar pelos comentários nos fóruns musicais na Internet russa, a canção "Já me deixou" é a mais popular do novo CD entre os amantes da música de Mariza na Rússia.
O crítico musical afirma ainda que "nessas baladas canta-se o quotidiano dos habitantes desse país, as suas tristezas, alegrias, buscas espirituais, sonhos, esperanças e, claro, o amor". Sossedov chama também a atenção para o "trabalho brilhante" dos guitarristas: "Nos seus dedos, cada corda não só soa de forma penetrante, como parece conversar connosco". Sobre a cantora, o crítico russo não hesita em compará-la com Cesária Évora, mas "Mariza é vinte vezes mais expressiva, quente e sensual", conclui. Por seu lado, a revista Joy afirma que "esta bela jovem canta fado, e isso significa que canta em português". A julgar pelos comentários nos fóruns musicais na Internet russa, a canção "Já me deixou" é a mais popular do novo CD entre os amantes da música de Mariza na Rússia.
Comunidade Portuguesa na Baía lamenta degradação do Gabinete de Leitura (Brasil)
A Comunidade Portuguesa na Baía, com cerca de 3.700 pessoas, está preocupada com a degradação do Gabinete Português de Leitura de Salvador, único prédio de estilo neomanuelino do Estado, disse o presidente da instituição, João Rodrigues.
O Gabinete Português de Leitura é uma instituição cultural, literária e de estudos lusófonos situado na capital do estado da Bahia, fundado a 2 de Março de 1863. Tem por lema "Saudades e perseverança". Na fachada do edifício que destaca-se no centro de Salvador pela arquitectura tipicamente portuguesa que remonta aos tempos dos Descobrimentos, erguem-se imponentes duas estátuas, representando Pedro Álvares Cabral e Camões. Possui, ainda um belo vitral alegórico da primeira missa no Brasil, e dois murais representando "O Adamastor" e Camões a salvar Os Lusíadas.
"Há quatro anos o governo português cortou os recursos para a manutenção do prédio. Com a última verba que veio, troquei o telhado que estava por desabar. Mas precisamos restaurar todo o prédio, pintá-lo, trocar as janelas que estão podres", assinalou. "É uma frustração para nós, portugueses e luso-descendentes, vermos o estado em que se encontra o prédio. Afinal, 16 mil euros, que era a verba enviada por Portugal anualmente, não vão faltar ao governo português", declarou. Rodrigues assegurou que vai tentar sensibilizar as autoridades portuguesas para o problema, à margem da IX Cimeira Portugal, que decorre hoje na capital baiana. O edifício abriga 22.000 obras e tem uma frequência média diária de 100 pessoas que recorrem a livros raros, assim como aos jornais de circulação diária do Brasil e de Portugal.
É este o verdadeiro estado da aposta no português...
O Gabinete Português de Leitura é uma instituição cultural, literária e de estudos lusófonos situado na capital do estado da Bahia, fundado a 2 de Março de 1863. Tem por lema "Saudades e perseverança". Na fachada do edifício que destaca-se no centro de Salvador pela arquitectura tipicamente portuguesa que remonta aos tempos dos Descobrimentos, erguem-se imponentes duas estátuas, representando Pedro Álvares Cabral e Camões. Possui, ainda um belo vitral alegórico da primeira missa no Brasil, e dois murais representando "O Adamastor" e Camões a salvar Os Lusíadas.
"Há quatro anos o governo português cortou os recursos para a manutenção do prédio. Com a última verba que veio, troquei o telhado que estava por desabar. Mas precisamos restaurar todo o prédio, pintá-lo, trocar as janelas que estão podres", assinalou. "É uma frustração para nós, portugueses e luso-descendentes, vermos o estado em que se encontra o prédio. Afinal, 16 mil euros, que era a verba enviada por Portugal anualmente, não vão faltar ao governo português", declarou. Rodrigues assegurou que vai tentar sensibilizar as autoridades portuguesas para o problema, à margem da IX Cimeira Portugal, que decorre hoje na capital baiana. O edifício abriga 22.000 obras e tem uma frequência média diária de 100 pessoas que recorrem a livros raros, assim como aos jornais de circulação diária do Brasil e de Portugal.
É este o verdadeiro estado da aposta no português...
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