A comunidade portuguesa de Nova Iorque está incrédula com a decisão de o Governo reduzir o seu consulado-geral a um mero escritório consular.
A notícia apanhou todos de surpresa. Para Delfim Oliveira, presidente do Portuguese American Club de Mount Vernon, uma associação com quase 80 anos, a despromoção do consulado é um «desprestígio» para a imagem de Portugal na «Big Apple» e uma «desconsideração» para com a comunidade portuguesa residente no estado.
Também João Crisóstomo, que organizou a manifestação popular contra o encerramento deste consulado em Janeiro último, considerou esta notícia como «um golpe contra a comunidade portuguesa» e uma decisão que revela «vistas curtas» da parte do Governo.
«A ser verdade, perdem não só os emigrantes como Portugal, pois o país fica sem representação diplomática em Nova Iorque, o que não é bom para a sua imagem», disse João Crisóstomo à Agência Lusa.
O consulado português de Nova Iorque tem inscritos, segundo fonte consular, cerca de 45 mil cidadãos portugueses, servindo ainda o estado de Connecticut, onde estão inscritos mais 25 mil.
Para além do serviço de apoio aos emigrantes, este consulado é também muito requisitado para a concessão de vistos de entrada em Portugal.
Em Nova Iorque reside uma grande comunidade portuguesa, a maioria de fixação muito antiga, anterior aos anos 50, completamente integrada na sociedade americana, mas também uma outra mais recente, chegada logo após a descolonização e ainda nos inícios dos anos 80, avaliada em mais de 25 mil pessoas.
A jurisdição do Consulado de Nova Iorque estende-se aos estados de Connecticut, Michigan, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Caimão, Bahamas, Belize, Jamaica, Porto Rico e República Dominicana.
Por isso, os conselheiros das comunidades eleitos por este círculo vêem esta decisão como uma mera medida economicista, uma vez que o Estado português paga de renda do Consulado, da residência do cônsul e da embaixada junto das Nações Unidas mais de 100 mil dólares por mês.
«Se é esse o problema, que se desloque o Consulado para uma zona da cidade mais barata», disse à Lusa João Morais, membro da secção local do CCP dos Estados Unidos e vice-presidente do Conselho Permanente das Comunidades.
«Reduzir o consulado a um simples escritório consular é rebaixar a nossa comunidade e ao mesmo tempo a imagem do país naquela que é a mais importante cidade do mundo», disse à Lusa.
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