A resposta a esta questão é obviamente negativa. Como seria a vitória de Cunhal ou até de Aristides Sousa Mendes. Noutro texto já tinha referido os meus preferidos. Na minha opinião há três níveis. Ex-aequo estarão na frente dois Homens, dois Reis, dois visionários. D. Afonso Henriques e D. João II. Estes são os dois homens mais determinantes da história do nosso país. Num segundo Nível estarão o Infante D. Henrique, Camões, Pessoa, O marquês de Pombal, por razões diferentes. Num terceiro nível estariam Vasco da Gama, D. Nuno Álvares Pereira, Afonso de Albuquerque, e possivelmente mais alguns como Diogo Cão ou D. João IV ou ainda Gil Vicente ou o grande Egas Moniz, o médico, ou António Damásio. Estes sim os maiores entre os maiores.
Aristides de Sousa Mendes foi sem dúvida um grande homem, um grande humanista, mas como ele foram muitos outros, em diferentes épocas, com diferentes dimensões.
Salazar e Cunhal, foram sem dúvida decisivos e importantes. Mas tenho grandes dúvidas sobre a sua grandeza. São actores principais de um século parafraseando Paulo Portas, de tristeza, de baixeza e pobreza em todas as vertentes da vida social humana.
Mas o resultado deste concurso, ao contrário do que muitos querem fazer crer é importante analisar. Porquê?
Porque vence com uma distância abissal um ditador em tempos de democracia?
Porque vence um ditador de direita, num país minado pela esquerda e claramente de esquerda?
Porque vencem duas pessoas que são pólos opostos e ao mesmo tempo iguais?
Porque não vencem as verdadeiras referências do nosso país?
O que demonstra este resultado?
Não sou sociólogo, e de uma forma simplista apresento a minha opinião.
Antes de mais esta é uma votação partidarizada, foi a luta Cunhal/Salazar que bipolarizou os votos.
Este resultado é claramente a demonstração do falhanço da nossa democracia a vários níveis. Desde a educação, onde a história e a nossa cultura foram reduzidas a um rodapé. Onde a exultação crítica dos nossos heróis foi limpa das mentes do Portugueses, e até pode ser entendido como uma reacção à propaganda esquerdista que existe à mais de 30 anos.
O Português sofre do síndroma do salvador, e assim é desde D. Sebastião, Salazar começa a ser visto como o chefe que comandou a nação. Daí até o salazarinho Sócrates ter o apoio que tem, e ninguém liga às advertências que vão surgindo, e à concentração de poder que continua a regular. A concentração de poder nele, na figura dele, e na propaganda sobre ele.
O português médio é uma cambada de gente parva. Eu adoro Portugal, talvez não o de agora, e admiro muitos portugueses, mas corram alguns blogues, vejam os comentários às notícias nos jornais online, e descubram a estupidez que grassa.
Serei eu esperto e os outros parvos? Se calhar não, mas a verdade é clara como a água.
Este voto em Salazar pode ser um voto de protesto, um voto contra a realidade política e social, e atentem que querem fazer de Sócrates o novo Salazar. Já dizia um professor meu parafraseando alguém. "Todos sabem quando chega um ditador, aliás apoiam-no, só ninguém sabe quando ele se vai embora".
Salazar é a antítese do politico moderno. A nação antes de tudo, em vez dos seus bolsos, a lisura contra a corrupção, o comedido contra a ostentação, o rigor contra o laxismo e compadrio. Qualidades muito difíceis de apontar em alguém hoje.
É mais difícil explicar porque ganha um ditador de direita num país de esquerda. isso é muito mais difícil de explicar. Só encontro a possibilidade do decontentamento.
Falta salvaguardar a nossa cultura, a nossa memória, a nossa história de universalidade. Esse sim é o grande falhanço de Portugal.
Mas há uma grande frase de um presidente Norte-Americano, que faz mais sentido em Portugal do que em qualquer outro sítio no mundo. "ask not what your country can do for you — ask what you can do for your country"
Sem esta mentalidade não vamos a lado nenhum
Viva El-Rei D. Afonso Henriques, Viva El-Rei D. João II e a todos os heróis que construiram a primeira nação Universal. A todos os Poetas, cronistas e cientistas. a esses sim vai o meu brinde de saudação, e esses sim os maiores portugueses de sempre.
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