A primeira operação comercial de voos charter no aeroporto de Beja, que liga Londres e Beja e termina domingo, já transportou 798 passageiros e "correspondeu às expectativas", mas foi "bastante complicado" convencer operadores turísticos a comprar lugares.
"A operação correspondeu às expectativas" e, "em termos estatísticos", até ao passado domingo, dia em que se realizou a penúltima operação da ligação entre Londres e Beja, desembarcam no aeroporto de Beja 421 passageiros e embarcaram 377, disse hoje o porta-voz da ANA - Aeroportos de Portugal, Rui Oliveira. A repartição entre fluxos de entrada e saída só será possível obter através do estudo do perfil dos passageiros, que está a ser feito pelo Instituto Politécnico de Beja e cujos resultados deverão ser apresentados em Novembro, disse.
Segundo o responsável, "não foi tarefa fácil convencer um operador turístico a iniciar uma ligação a partir do aeroporto de Beja", porque o Alentejo "é um destino de baixa notoriedade turística internacional, tem uma oferta hoteleira de reduzida dimensão e diversidade e os operadores turísticos e companhias aéreas evidenciam uma reconhecida aversão ao risco".
Por outro lado, disse, "foi bastante complicado convencer outros operadores turísticos a comprar lugares" na operação, que desde 22 de maio liga semanalmente Londres e Beja.
Os "constrangimentos estruturais" do Alentejo e o "arranque tardio" da promoção da operação "fizeram com que os parceiros fossem conservadores nas expectativas em termos de volume de passageiros processados".
No entanto, sublinhou, segundo os dados preliminares do estudo do perfil dos passageiros, "a qualidade percepcionada pelos turistas foi alta", o que "permitirá alavancar o efeito de ´word of mouth' [boca a boca] junto de familiares e amigos dos turistas que visitaram o Alentejo através da operação", promovida pelo operador turístico britânico Sunvil e que termina no domingo, após 22 operações, num total de 44 voos charter.
Cada operação tem vindo a realizar-se ao domingo e incluído dois voos, um Heathrow-Beja e outro Beja-Heathrow, num avião Embraer da companhia aérea British Midland International (BMI) com 49 lugares.
De acordo com dados da Sunvil, os principais destinos dos turistas foram Tróia, Évora, Alqueva, Litoral Alentejano e áreas rurais dispersas pelo Alentejo.
Segundo Rui Oliveira, a Sunvil realça, como "notas negativas", o facto de o Alentejo ser "relativamente desconhecido fora de Portugal" e o mercado britânico não reconhecer o destino como uma região de férias.
"A região não dispõe de praias mediterrânicas e o aeroporto de Beja está afastado da costa" e, por isso, as distâncias e os tempos de deslocação dos turistas para a Costa Vicentina são "grandes", o que torna os transferes "caros", disse, referindo que o custo "reduzir-se-á" com maior volume de tráfego e a construção do Itinerário Principal 8 (futura Autoestrada 26).
Os factos de não existirem uma cidade costeira alentejana, onde o programa turístico se possa concentrar, e uma oferta hoteleira de baixo custo junto às praias, que poderia ser utilizada para encher lugares nos voos a baixo preço, são outras notas negativas.
O Alentejo "é bastante quente" no verão e o aeroporto de Beja, "por ser ainda pouco utilizado comercialmente, cria problemas logísticos", situação que poderá ser "obviada com a abertura de novas ligações com destino a Beja", disse.
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