O objetivo de Angelita Pires é combater a "imensa injustiça" que diz existir no país e dar voz às mulheres e jovens timorenses.
Angelita Pires, a companheira de Alfredo Reinado, apresentou hoje a candidatura à Presidência de Timor-Leste com o fim declarado de combater as "várias formas de injustiça" existentes no país, e das quais ela própria se diz vítima.
Após a apresentação da candidatura num hotel de Díli, Angelita Pires sublinhou existir em Timor-Leste, além das "várias formas de injustiça", uma imensa discriminação entre a "maior parte da população, que é muito pobre, e meia dúzia de pessoas que são muito ricas".
A agora candidata recordou que ela própria foi vítima de injustiça ao ser alvo de "detenção ilegal" e acusada de ter instigado o ataque à residência presidencial a 11 de fevereiro de 2008, em que o Presidente Ramos-Horta ficou gravemente ferido e Alfredo Reinado, o ex-major e namorado de Angelita, acabou por morrer.
Angelita Pires, que veio a ser ilibada de todos os crimes pelo tribunal que julgou o caso, acredita que, entre as mulheres e os jovens timorenses, não só herdou a popularidade de Alfredo Reinado, "o que foi muito natural", como ganhou o respeito da mulher timorense.
"Eu fui vítima da imensa injustiça em Timor-Leste. Sou vítima, assim como todas as outras mulheres timorenses foram vítimas de uma forma ou outra: perderam maridos, filhos, irmãos, pais" e até hoje "não receberam o devido reconhecimento ou explicações sobre os motivos por que os perderam".
"Ao ganhar o processo de 11 de fevereiro, dei-lhes [às mulheres timorenses] coragem para começarem a fazer perguntas, serem mais ativas politicamente", acrescentou.
Mas a razão que levou Angelita Pires a regressar a Timor-Leste foi a libertação de Maurtinus Bere, acusado de crimes contra a humanidade por ter estado envolvido no massacre realizado por milícia pró-indonésia na Igreja de Suai contra civis timorenses, após o referendo de 1999 que conduziu o país à independência.
Recordando que se demitiu do cargo de segunda vice-presidente do Partido Unidade Nacional Democrata Resistência Timorense (Undertim), a candidata garantiu que regressará ao partido se perder as presidenciais e será deputada no Parlamento Nacional. "A questão é dar coragem à mulher timorense e reforçar a democracia", destacou.
Sobre os restantes candidatos, destacou como principais opositores o brigadeiro Taur Matan Ruak, "muito carismático e uma figura histórica", e Francisco Guterres Lu Olo, que é apoiado pela Fretilin.
Anunciaram já sua candidatura às presidenciais Taur Matan Ruak, ex-chefe das Forças Armadas, o presidente do parlamento Fernando Lassama de Araújo, apoiado pelo Partido Democrático (PD), Manuel Tilman, deputado, apoiado pelo partido KOTA (União dos Filhos Heróicos da Montanha), Francisco Guterres Lu Olo, apoiado pela Fretilin e o antigo ministro do Interior Rogério Lobato.
O Presidente Ramos-Horta ainda não anunciou a sua decisão.
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