sexta-feira, junho 25, 2004

Durão Barroso

Parece que é inevitável a ida de Durão Barroso para Bruxelas.
Limito-me a traçar cenários possíveis para o futuro, focando-me em dois aspectos.

Aspecto 1: Portugal
Existem dois futuros possíveis em Portugal, ou a nomeação por parte do PR de um novo primeiro ministro, ou a convocação pelo mesmo de eleições antecipadas.

A mim, parece-me mais sensata a primeira hipótese. Porquê? Porque o país neste momento crítico precisa de estabilidade. A coligação tem um projecto, que na minha opinião deverá ser levado a cabo, ainda que neste momento encontremos alguma inépcia nos ministérios. Poderá ser a oportunidade perfeita para a remodelação tão falada, renovando a vitalidade de um projecto válido mas algo inerte no momento.

Além disso, não se vislumbra qualquer tipo de projecto para o país por parte da oposição (pelo menos credível), o que se tal acontecesse dava uma relativa legitimidade à pretensão de eleições antecipadas.

Quanto ao designado para suceder a Durão Barroso, Santana Lopes poderá ser o indigitado. Por diversas razões: Porque é aceite pelo PP (elo fundamental nesta questão); não sofre o desgaste da política austera dos últimos dois anos; é um comunicador nato, sendo apontado a este governo exactamente a pecha da comunicabilidade; é um homem extremamente dinâmico na actividade política, o que pode pôr cobro a algumas das travagens ministeriais; e um homem de resposta mais pronta à oposição do que Durão Barroso.
Poder-se-à apontar-lhe como defeito uma certa falta de preparação nalguns aspectos, mas no meu ponto de vista é o homem ideal no momento certo, além de que se acaba imediatamente com a cisão entre santanistas e cavaquistas.

Quanto à legitimidade do Dr. Santana Lopes é algo que não se põe em causa, pois o Governo é legítimo, sendo que as pessoas votam num partido, num programa e não numa pessoa, o que relativamente acontece com o PR. Também o facto de ser o vice-presidente do PSD lhe confere a legitimidade necessária.

Espero que haja bom senso por parte do PS para não cair em demagogia, enveredando pelo caminho ideal e não pelo caminho fácil que seria o cenário de eleições antecipadas, que decerto venceria, mas que não seria o cenário ideal para o país. Dos outros partidos concerteza virá essa posição demagógica, que aliás é o usual.

Aspecto 2:
Durão Barroso revela grande prestígio na UE, pois com o novo tratado o Presidente da Comissão Europeia vê alargados os seus poderes, além de se integrar  numa época histórica (positiva ou negativa) do futuro da União.
Para Portugal, por um lado, é extremamente positivo ter esse cargo com bastante influência, permitindo talvez algumas vitórias politicas nas negociações dos mais diversos assuntos.

Por outro lado é negativo, pois se já somos os que mais cedemos às prerrogativas da UE, ainda mais Soberania iremos ceder, e concerteza o caminho para fim de Portugal será ainda mais curto, existindo por parte dos nossos políticos então tendências ainda mais marcadamente europeístas.

Para o referendo Europeu será certamente a vitória certa no caminho Federalista.

Quanto a Durão Barroso, poderá ser acusado de fuga, mas não será também trabalhar para o futuro de Portugal estar em tal posição. Em última análise ser Primeiro Ministro não é trabalhar para o melhor de Portugal.
Braveman

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