Um tratado de 1713, envolvendo Gibraltar, é o responsável por Madrid se recusar a aplicar as sanções sobre produtos de luxo aprovadas pela União Europeia contra a Coreia do Norte, refere dia 2 de Fevereiro o diário britânico Financial Times.
O problema surgiu quando Madrid detectou que a regulamentação da UE necessária para aplicar as sanções, aprovadas em Novembro devido aos ensaios nucleares norte-coreanos, continha uma referência às «autoridades competentes» responsáveis por as impor, entre as quais, em letra miúda, se conta Gibraltar.
O Governo espanhol pretende que seja eliminada a referência ao «rochedo» para que a regulamentação possa ser aplicada, argumentando que não reconhece a autoridade de Gibraltar em matéria de política internacional, refere o jornal.
Para Madrid, «o Reino Unido é a única autoridade competente a este respeito».
Em Londres, diplomatas britânicos comentam que se criaria um buraco legal se Gibraltar não fosse incluído.
Os problemas vêm desde a Guerra da Sucessão espanhola e do Tratado de Utrecht de 1713, que lhe pôs fim, que entrega Gibraltar ao Reino Unido.
O estatuto preciso do «rochedo» que marca a fronteira do Atlântico com o Mediterrâneo, «famoso pelos seus macacos e contrabandistas de tabaco», é fonte de disputa entre Londres e Madrid há quase 300 anos, mas esta nova disputa ganhou novas dimensões, ao afectar a imposição de sanções internacionais, refere o Financial Times.
As duas partes afirmam contudo que, de um modo geral, as relações quanto à colónia estão a melhorar e que a questão das sanções representa apenas um engulho momentâneo.
O jornal recorda que os dois países, juntamente com Gibraltar, assinaram em Setembro de 2006 um acordo abrangente sobre acesso aeroportuário, telecomunicações e controlos fronteiriços, tido como o início de uma nova era de cooperação.
«Kim Jong-il, o idiossincrático líder da Coreia do Norte, pode continuar a presentear os seus amigalhaços com conhaque Hennessy ou relógios Cartier por mais algum tempo, graças a uma disputa territorial de 300 anos entre o Reino Unido e Espanha», nota jocosamente o Financial Times.
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