Do Diário de Notícias
Há ou não militares de Bissau a apoiar o regime do Presidente Lansana Conté, que desde o início do ano tem sido alvo de forte contestação na vizinha Guiné-Conacri?
A denúncia, que já foi rejeitada anteriormente, quer pelo Presidente Nino Vieira, quer por Tagma Na Wai, que lidera as forças armadas guineenses, foi há dias retomada pelo jornal online da Guiné-Conacri aminata.com, num artigo assinado pelo director daquela publicação, Paul Moussa Diawara.
Citando fontes dos serviços de segurança da Guiné-Conacri (DST), o aminata.com garante que, ao contrário do que dizem Nino Vieira e Tagma Na Wai, existem mesmo soldados enviados por Bissau que se encontram escondidos em território guineense, avançando com os locais onde essas forças se encontrariam.
Segundo as mesmas fontes, os militares da Guiné-Bissau estariam espalhados por três locais distintos em torno de Conacri: a residência oficial da primeira segunda dama guineenses, Hadja Kadiotou Seth Conté, em Donka; a representação diplomática guineense que ocupa as antigas instalações do PAIGC; e o bairro da cimenteira, em Matoto.
O contingente de Bissau, que alegadamente seria formado por tropas especiais, faria parte de um corpo expedicionário enviado por Nino Vieira para apoiar Lansana Conté, em retribuição pelo apoio que lhe foi concedido em 1998. Quando o Presidente da Guiné-Bissau se encontrava debaixo de fogo da Junta Militar liderada pelo general Ansumane Mané.
Amigos há quase 40 anos, os presidentes guineenses mantêm laços de grande proximidade entre si desde o período em que Conté comandava a região de Boké, onde Nino tinha as suas bases de apoio à guerrilha que o PAIGC desenvolvia contra Portugal.
Apoio fundamental durante o exílio que Nino Vieira viveu em Portugal, Lansana Conté terá voltado a ser imprescindível em 2005, intermediando o acordo que o recém- -eleito Presidente da Guiné-Bissau estabeleceu com Tagma Na Wai, que o regime de Nino tinha mandado torturar em 1986, na sequência das movimentações desencadeadas contra Paulo Correia, que acumulava a vice-presidência do Conselho de Estado com a pasta da Defesa.
Só que este envolvimento na crise interna da Guiné-Conacri arrisca-se a arrastar Bissau para um barril de pólvora, tendo em conta a situação que se verifica em três países limítrofes: Costa do Marfim, Libéria e Serra Leoa.
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