O primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos comunicou ao mundo o que pretende dos seus sete pequenos emirados - das suas sete pequenas cidades.
A mais conhecida, claro, é o Dubai - onde fica o hotel de sete estrelas que Luís Figo já escolheu para umas férias. O primeiro-ministro, também príncipe do Dubai, falou este mês com pompa árabe mas pose ocidental - um discurso rápido e recheado de pontos-chave. Não há notícia de que Portugal prepare ali uma visita de Estado.
Mas devia. Porquê?Sendo uma pequena federação de países na imensidão do Golfo Pérsico, é uma economia em transformação. Não vive do petróleo - como se poderia supor. Viveu: as receitas petrolíferas (que representavam 50% do PIB em 1975) não vão além de uns residuais 3% em 2006. Tudo o resto são serviços - sector que vale 74% do PIB actual. E não vive porque o Governo não quer: sabe que um dia as reservas terminam e, querendo apontar o país para crescimentos económicos de 11% ao ano, tem de definir outras prioridades. Portugal pode ajudar nessa tarefa. Anedota?
Argumento um: Os Emirados são um “país” pequeno mas milionário - 100 mil milhões de euros de riqueza criada a dividir por pouco mais de 4 milhões de habitantes. Desses, só 22% são locais - os outros 78% são expatriados. Ou seja, sem estrangeiros o país não anda. No plano estratégico do sheikh Maktoum há um objectivo impressionante: aumentar o PIB em mais de 100% até 2015. Como? Abrindo ainda mais o país a estrangeiros sem perder a cultura local - os portugueses, como se sabe, são dos melhores do mundo a adaptar-se a culturas que não são as suas.
Argumento dois: Os Emirados Árabes Unidos querem dominar a complexa região do Golfo Pérsico. Além da capital política (Abu Dhabi), há o centro financeiro - o Dubai (que deve o nome a uma antiga palavra que significa dinheiro). Ali fica a bolsa onde se transaccionam os futuros de petróleo (a Dubai Mercantile Exchange - DME). A ideia é que todo o petróleo da zona passe por ai - Iraque e Irão incluídos - para que em breve se use o termo DME como hoje se usa o termo Brent. Para isso, os Emirados precisam da União Europeia (UE). Da legitimidade da Comissão agora presidida por um português e, claro, do apoio dessa União de países europeus que será liderada até ao final de 2007 por... Portugal.
Parece simples demais?Mas é simples. Basta que o Governo de José Sócrates queira colocar os Emirados na agenda da UE - ele que já anunciou embaixada no local em 2008. Portugal já vai liderar duas cimeiras europeias: uma com o Brasil, outra com a China. Acrescentar os Emirados Árabes Unidos seria um passeio na praia - bem acolhido pelo primeiro-ministro Maktoum, habituado a transformar em ouro as areias do deserto.
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