O Jornal de Angola (JA) diz que "chegou a hora de dizer basta" ao que qualifica como "os mais baixos ataques ao país" e aos seus dirigentes políticos.
O aviso consta de um texto disponível na edição on-line do jornal, e assinado pelo director do periódico estatal, para quem "Lisboa continua, infelizmente, a ser o centro das conspirações contra Angola". Este não é o único artigo a visar os portugueses - num texto não assinado, no mesmo jornal, diz-se que "se o regabofe continua" serão publicadas "listas com os nomes dos quadrilheiros portugueses, que foram capturadas no bunker de Jonas Savimbi [líder da UNITA, morto em 2002]".
No contraponto às críticas que se têm feito ouvir em Portugal ao regime angolano, depois das declarações de Bob Geldof em Lisboa - o músico irlandês disse que Angola é governada "por criminosos" - o artigo acaba por chegar ao ex-Presidente da República, Mário Soares. "Os governantes angolanos, ao longo de décadas, tiveram de dedicar larguíssimos recursos ao combate sem tréguas a Savimbi, o lugar-tenente da quadrilha soarista em Angola. Para liquidar esse salteadores, os angolanos deram tudo o que podiam", refere o texto. Noutro trecho, numa referência a Clara Ferreira Alves, é também referida uma "quadrilha soarista" - "mas parece que dali já pouco pinga dos diamantes de sangue, tem de arranjar outro quadrilheiro". A expressão "diamantes de sangue" refere-se à indústria em torno deste mineral, para financiamento de guerras.
Para o JA, "em Portugal alguns órgãos de informação estão ao serviço das mais desvairadas quadrilhas". O periódico aponta baterias ao jornal Público e aos comentadores do programa da SIC Notícias Eixo do Mal - a uns e outros chama "idiotas úteis", "aqueles que os patrões usam para todos os abusos". No caso do painel do Eixo do Mal, vai mais longe: "Aqueles quatro miseráveis mentais estão apostados em levar os abusos de liberdade de imprensa aos níveis mais aberrantes dos tempos em que a PIDE destruía a honra dos oposicionistas ao regime fascista".
Para José Manuel Fernandes, director do Público, estes "ataques do Jornal de Angola, nomeadamente a associação aos diamantes de sangue, são completamente disparatados". O jornalista desvaloriza as afirmações do periódico angolano: "Não insulta quem quer, insulta quem pode e o Jornal de Angola não tem autoridade para isso". Entre o painel de comentadores do Eixo do Mal os comentários são lacónicos. "A liberdade de opinião existe em Portugal, não existe em Angola", refere José Júdice. "Só comento quando o Jornal de Angola for um jornal", responde Ferreira Alves. E reitera as críticas já expressas na SIC Notícias: o governo de Angola "não é eleito, não é legítimo, não é democrático." Para Nunes, como para Nuno Artur Silva (moderador do Eixo do Mal) o texto fala por si. Já Daniel Oliveira diz que "há insultos que, vindos de onde vêm, sabem a elogios".
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