Há onze anos, João Oliveira e Costa foi à Austrália em trabalho. Querendo avaliar as necessidades da comunidade portuguesa instalada nos nossos antípodas, o historiador da Universidade de Lisboa resolveu perguntar aos compatriotas o que é que eles precisavam.
“Equipamentos de mergulho”, responderam. “Porquê?”, terá perguntado. “Queremos ir buscar ao fundo do mar as provas de que os portugueses foram os primeiros a chegar cá”, responderam eles. O episódio, contado à laia de anedota pelo professor Oliveira e Costa na conferência “Portugueses na Austrália”, que decorreu hoje no Museu da Ciência, em Coimbra, serviu para enquadrar uma discussão que é tudo menos recente.
Desde a segunda metade do século XIX que se discute a possibilidade de terem sido os portugueses os primeiros a atingir as costas australianas, embora a descoberta oficial esteja registada em nome do navegador britânico James Cook, em 1770. O debate veio novamente a lume na sequência da recente publicação em português do livro “Para Além de Capricórnio”, do jornalista Peter Trickett. Este britânico residente na Austrália defendeu a teoria de que os portugueses – mais concretamente Cristóvão de Mendonça – terão sido os primeiros europeus a chegar ao continente australiano ainda durante o primeiro quartel do século XVI. O jornalista baseou-se em observações e experiências com algumas cartas do Atlas de Vallard, um conjunto de 15 mapas que os historiadores aceitam terem sido feitos a partir de cartas portuguesas que descrevem 120 acidentes geográficos com nomes lusos. Mas esta teoria, para além de não ser recente, é, aliás, encarada de maneira mais ou menos pacífica pela comunidade científica. Desde que Afonso de Albuquerque chegou a Malaca (actual território da Malásia), em 1511, que essa localidade se tornou base estratégica para a expansão portuguesa no sul da Ásia.
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