Antigo ministro das Finanças acredita que Portugal pode estar a caminho de uma Grécia dentro de cinco anos.
O fiscalista Medina Carreira é peremptório: "Venha o Fundo Monetário Internacional (FMI)rapidamente porque o endividamento externo é hoje uma hipoteca nacional".
O antigo ministro advoga que Portugal está a empobrecer aceleradamente e que o Governo não vai ser capaz de reduzir o défice até 2013 com as medidas a que se propõe. Pelo que, não haverá alternativa senão vir o FMI em nosso socorro, tal como acaba de acontecer com a Grécia e à semelhança do que já aconteceu com Portugal em 1983.
"Não gosto que venham os estrangeiros, mas a questão que se coloca é se somos capazes de fazer o que temos que fazer. Com o Orçamento para 2010 e o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), vamos somando desilusões e martirizando a opinião pública. Se falhamos por um bocadinho a despesa que temos que reduzir, falhamos", referiu o responsável, à margem de um almoço, organizado pelas câmaras luso-alemã, luso-sul-africana e luso-britânica, para debater o estado do país.
"A despesa teria que baixar entre 7 a 8 mil milhões de euros até 2013", acrescentou.
Desta forma, para Medina Carreira, o melhor é tentar cumprir as metas a que nos propomos o mais cedo possível, até porque assim, sublinha, os juros podem começar a descer e conseguimos obter financiamento externo mais cedo.
No entanto, receia que a vinda do FMI a Portugal seja tarde demais face "à passividade (do Governo) em dizer que está tudo bem". Para o responsável, a redução da despesa deveria passar por um corte no número de funcionários públicos até porque "é mentira" que o Governo tenha reformado a administração. "O número de funcionários não diminuiu e há a ilusão que alguns deixaram de estar no Estado com a criação dos Hospitais EPE" que, apesar de pertencerem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) não entram nas contas públicas. "É um esquema de sufismo e trafulhice", salientou o fiscalista durante o seu discurso.
"Receio um surto inflacionista um dia destes".
No entanto, Medina Carreira afasta uma comparação, neste momento, com a Grécia.
"O problema é saber se estamos a caminho de uma Grécia dentro de quatro a cinco anos. Será que vamos conseguir evitar?".
Sem comentários:
Enviar um comentário