Continua a diplomacia económica.
José Sócrates desloca-se hoje e amanhã a Marrocos com um ponto importante na agenda: concretizar a nova linha de crédito com aquele país, que já estava acordada desde que em 2008 foi aberta o primeiro instrumento, que está praticamente subscrito na totalidade.
Os empresários portugueses do sector da construção e da energia têm-se entusiasmado nos últimos anos com o potencial de Marrocos. A procura na segunda maior economia do Magrebe joga bem com a oferta das empresas portuguesas, coincidência que tem permitido um crescimento assinalável das exportações. Para José Sócrates, essa evolução positiva mostra que "há um potencial para explorar". Hoje, uma comitiva de 25 empresários parte com o primeiro-ministro na sua deslocação a Marrocos para a XI Cimeira Luso-Marroquina, em Marraquexe. Objectivo: abrir ainda mais o mercado às empresas portuguesas.
"O Magrebe é um dos nossos mercados prioritários", afirma Luís Filipe Pereira, presidente-executivo da EFACEC, uma das empresas representada na viagem a Marraquexe. "Marrocos é um país próximo de nós, que tem registado crescimento e tem estado a desenvolver infra-estruturas. Existem, sem dúvida, oportunidades", refere.
Enquanto na velha Europa se adiam projectos (o TGV português, por ora, vai parar no Poceirão, por exemplo), em Marrocos cinco empresas portuguesas estão na luta por um contrato para construir parte da linha ferroviária de alta velocidade entre Casablanca e Tânger, sinal de uma economia em expansão.
Entre 2005 e 2008, o valor das exportações portuguesas para Marrocos mais que dobrou, passando de 131 para 273 milhões de euros. A crise cortou esse valor para 215 milhões em 2009, mas os primeiros meses de 2010 mostram já alguma recuperação, com um aumento de 33% em relação ao ano passado.
Apesar de representar apenas 1% das exportações nacionais, o modelo de crescimento aplicado pelo rei Mohammed VI tem favorecido as empresas portuguesas, com uma aposta em redes de auto-estradas, linhas ferroviárias e de TGV, infra-estruturas portuárias, aeroportuárias e energéticas, requalificação urbana e habitação social. O resultado dessa estratégia são os 10 mil milhões de euros que o país tem disponíveis para investir na construção e na modernização de infra-estruturas nos próximos dois anos e que as empresas portuguesas vão tentar aproveitar.
"Há um grande potencial neste relacionamento. Somos países vizinhos. Rabat é a capital mundial mais próxima de Lisboa, com uma economia que cresceu 4,5% quando o mundo está em crise. Marrocos e Portugal são economias complementares. Marrocos é um país de abertura e modernização", sublinha Karima Benyaïche, embaixadora de Marrocos em Portugal.
A visita a Marrocos será também uma oportunidade para Sócrates inaugurar o primeiro voo directo da TAP para Marraquexe, mais um sinal de incremento de relações entre os países.
Os trabalhos da cimeira arrancam só amanhã e deverão durar perto de uma hora. À mesa estarão cinco membros do governo português, lado a lado com os seus homólogos marroquinos. São esperados vários novos acordos sectoriais.
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