A Presidência da República recebeu há cerca de dois meses, a seu pedido, informações sobre a situação de quase bloqueio, a sul do Tejo, em que se encontra a Brigada Mecanizada do Exército (BME).
A situação resulta da inexistência de pontes, num raio de 60 quilómetros, com capacidade para aguentar - ou ser atravessadas - os meios pesados que estão aquartelados em Santa Margarida, que será reforçada a partir de Setembro com 37 carros de combate Leopard 2A6 (ainda mais pesados, onde o Estado vai investir cerca de 52 milhões de euros). Este campo militar tem três pontes sobre o Tejo a distâncias relativamente curtas: Constância (a mais próxima), Abrantes e Chamusca (ambas envelhecidas e a recuperar, a primeira integrada no IC9 e a segunda no IC3). Mas, quando a Brigada precisa de deslocar os meios pesados, tem de percorrer 60 quilómetros até à ponte Salgueiro Maia, em Santarém, para atravessar o rio.
Tomando como referência as oficinas de manutenção do Exército no Entroncamento, os carros de combate M60A3 andariam cerca de 15 quilómetros através de uma ponte em Constância - em vez dos cerca de 120 a que são obrigados via Santarém. "Cerca de um terço da força operacional [correspondente a uma das três brigadas] do Exército está bloqueada a sul do Tejo", declarou um oficial do ramo. O Exército, tanto na informação enviada no início do ano ao Palácio de Belém como num documento produzido no tempo do ex-ministro da Defesa Paulo Portas, sustentou, segundo fontes do ramo, que a melhor solução reside numa nova ponte em Constância - alternativa à actualmente existente, controlada por semáforos e onde se circula num único sentido de cada vez.
O presidente da Câmara Municipal de Constância, António Mendes (CDU), alertou ontem para a existência de outros nós por desatar sem uma nova ponte no concelho. Por um lado, as dificuldades de circulação que enfrentam os cerca de 4000 veículos que atravessam diariamente a antiga ponte rodoviária - limitada ao máximo de 10 toneladas e em risco de encerrar, apesar dos trabalhos ali realizados após a tragédia de Entre-os-Rios. Por outro, estão em causa os acessos ao chamado 1º CIRVER (unidade de tratamento de resíduos perigosos) no ecoparque da Chamusca, com inauguração prevista para Junho, e a outro a abrir meses depois. "É um problema que o Governo tem em mãos. Não sei como vai ser resolvido", sublinhou o autarca, pois, com base nos estudos de impacto ambiental, "o CIRVER foi licenciado com base na construção de uma ponte sobre o Tejo em Constância (por ficar mais próxima daquele ecoparque) e para evitar a travessia de povoações". Sem ela, frisou, "terão de rever as acessibilidades".
Quanto ao Exército, os problemas não se restringem à mobilidade da BME. Com base em informações da autarquia de Constância, o ramo já antecipa os efeitos do fecho da ponte ferroviária que está junto à fábrica de celulose do Caima. "A maioria do pessoal de Santa Margarida é do norte. Tendo de vir pela ponte de Abrantes, são mais 40 quilómetros de viagem. Os que optarem pela da Chamusca, demoram mais de uma hora" do que agora precisam para ali chegar.
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