A minúscula ilha de Sark, último reduto do feudalismo na Europa, vai organizar eleições no final deste ano. O Conselho de Estado do Reino Unido assim o decidiu, na semana passada, colocando um ponto final a quase cinco séculos de um regime que remonta ao tempo da rainha Isabel I.
Encravada no Canal da Mancha, com cinco quilómetros quadrados e seis centenas de habitantes, Sark vai trocar o sistema de vassalagem ao senhor feudal pelo sufrágio universal. Há 30 anos a ilha assinou a Convenção Europeia dos Direitos do Homem - e isso choca com o regime feudal obtido pelo acordo de 1565. Este estabeleceu que o senhor feudal, entre outras coisas, tinha direito à posse de pombos ou à oferta anual de um galinha por vassalo, segundo descreveu o Guardian. Sark tinha, em troca, de evitar invasões por parte dos franceses. Hoje, o senhor feudal, Michael Beaumont, de 80 anos, paga cerca de duas libras de anuidade a Londres pelos terrenos da ilha e, depois, subaluga-os aos habitantes, explica o correspondente do El Mundo. Mas por detrás deste caminho forçado para a democracia, não está apenas aquela convenção europeia, mas também os irmãos Barclay, proprietários do jornal Daily Telegraph e donos de um ilhéu próximo.
"Estamos a impulsionar a democracia", disse David Barclay, ao Guardian, numa rara declaração à imprensa. Na ilha, as opiniões dividem-se, pois enquanto uns temem que os Barclay queiram usar a democracia para transformar Sark numa estância de férias outros têm esperança na criação de mais empregos.
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