Quase meio século depois do incêndio que a destruiu e a fez encalhar durante três décadas no Tejo, a fragata D. Fernando II e Glória debate-se com um novo desafio: arranjar investimento e mão-de-obra especializada para recuperar o casco.
Grande parte do navio do século XIX foi destruído por um incêndio, a 3 de Abril de 1963, quando se encontrava fundeado ao largo do Tejo, tendo renascido das cinzas após oito anos de trabalhos de restauro, orçados em cerca de 11 milhões de euros, que ficaram concluídos a 8 de Abril de 1997. Em 1998, a fragata foi a principal atracção da exibição náutica da Expo-98, onde foi visitada por mais de 1,3 milhões de pessoas, esteve alguns anos na Doca do Espanhol em Alcântara e actualmente está aberta ao público na doca seca de Cacilhas, Almada, onde irá sofrer uma intervenção mais profunda a nível do casco.
"Precisamos tirar todo o fundo de cobre que reveste o casco, analisar a madeira do fundo e substituir as grandes tábuas. Depois temos de fazer a calafetagem de toda essa madeira", disse o comandante Rocha e Abreu durante uma visita à fragata. Para os trabalhos se iniciarem, é necessário criar condições financeiras, porque a mão-de-obra é cara e os carpinteiros especialistas em grandes navios estão quase em vias de extinção, explicou. Para não deixar morrer a profissão de carpinteiro naval, o Arsenal do Alfeite promoveu um curso de carpintaria, adiantou o comandante, que espera que alguns formandos vão trabalhar na recuperação da fragata. Apesar dos problemas que afectam algumas madeiras do casco, que a impedem de flutuar, a fragata, que percorreu cerca de 100 mil milhas, o equivalente a quase cinco voltas ao mundo, está em "condições muito dignas" de ser visitada.
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