O antigo ministro da Economia afirma que os estádios construídos para o Euro 2004 em Portugal que não dão lucros devem ser demolidos.
O ex-ministro deixa ao Brasil, encarregue da organização do Mundial de Futebol em 2014, o conselho de reformar os estádios já existentes antes de construir novos. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Mateus defende que Portugal ainda está a pagar a factura dos estádios construídos ou renovados para a realização do Euro 2004.
No total, Portugal gastou cerca de 1,1 mil milhões de euros na reforma de estádios já existentes e na construção dos novos estádios, como o de Leiria, Aveiro, Faro, Coimbra, Braga e Guimarães. Apenas quatro dos dez estádios utilizados para o evento escaparam ao investimento público por pertencerem a clubes (Benfica, Sporting, Porto e Boavista).
E como aponta Augusto Mateus, “a lotação dos estádios aproxima-se bastante da população dessas cidades, o que é manifestamente insuficiente”, sendo a raiz dos problemas. “As cidades que acolheram estádios sem terem suficiente população e sem clubes organizados e representativos têm hoje problemas financeiros enormes”. Deste modo, Mateus encara a demolição destes estádios como uma possível forma de desinvestimento.
E o cenário parece ser o mesmo para a maioria destes estádios. O estádio de Coimbra custou 60 milhões de euros e recebeu apenas dois jogos do Euro 2004. O de Braga e o de Faro acumulam prejuízos a cada dia que passa, enquanto se procura um comprador para o de Leiria. Resta-lhes a possibilidade de serem considerados na candidatura conjunta de Portugal e Espanha para a organização do Mundial de Futebol de 2018, mas mesmo assim teriam de sofrer alterações para preencherem os requisitos da FIFA.
Perspectivando o futuro encargo do Brasil na organização do evento, Augusto Mateus deixa o conselho de que o “Brasil não se deixe entusiasmar pela festa do futebol”. O país deve retirar da experiência de Portugal um exemplo a evitar, pois “o principal problema dessas operações é que quando lançadas, parecem ter uma forte adesão dos cidadãos e dos responsáveis políticos (...) mas no ‘day-after’, ficam encargos financeiros e custos de manutenção elevados”, afirmou à Folha.
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