O Presidente da Guiné-Bissau confessa-se "envergonhado" pela "má reputação" que o seu país tem adquirido nos últimos anos, como entreposto do tráfico internacional de drogas duras e pela administração ineficiente, fazendo um apelo público contra a incompetência.
"Devemos envergonhar-nos por sermos vistos como um povo incapaz de encontrar soluções para os problemas do nosso país", afirmou Malam Bacai Sanhá, citado por agências noticiosas na recente Conferência de Reconciliação Nacional, em Bissau.
A Guiné-Bissau, que foi uma colónia portuguesa até Setembro de 1974, tem uma gigantesca dívida externa e depende em larga escala de doações internacionais de diversas proveniências - de Portugal até aos países vizinhos.
Na década de 70, durante a guerra travada entre o movimento de libertação PAIGC e a tropa portuguesa, a Guiné chegou a ser apontada em meios internacionais como um dos Estados mais promissores de África, e o líder do PAIGC, Amílcar Cabral, era um dos mais respeitados políticos africanos. O seu assassínio, em Janeiro de 1973, em circunstâncias nunca devidamente esclarecidas, impediu-o de atingir a presidência da Guiné-Bissau independente.
O primeiro chefe do Estado, Luís Cabral, era irmão de Amílcar mas não gozava do mesmo prestígio. Acabou por ser derrubado por um golpe militar conduzido em 1980 pelo general Nino Vieira, um dos heróis da independência.
As últimas duas décadas foram marcadas por grande instabilidade no país e por crescentes acusações de que o vasto arquipélago dos Bijagós, ao largo da costa guineense, está a ser usado para operações de tráfico de cocaína entre os continentes americano e europeu.
O assassínio de Nino Vieira, num sangrento golpe militar em Março de 2009, agravou a reputação da Guiné-Bissau, hoje considerada um "estado falhado" por diversos analistas de política internacional. Dois chefes militares guineenses foram considerados cabecilhas do tráfico de droga pelas autoridades norte-americanas, que congelaram as suas contas bancárias nos EUA.
Sanhá, que venceu a eleição presidencial de 2009, realizada após a morte de Nino Vieira, tem procurado reorganizar a administração do país, tal como o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
No próximo mês, a cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental analisará o caso da Guiné-Bissau, devendo fornecer ajuda económica e militar ao país.
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