Por Orlando Castro
in Notícias Lusófonas
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa, exprimiu a preocupação do seu país relativamente à obstrução por parte de Marrocos quanto à conclusão e prosseguimento do processo de descolonização do Sahara Ocidental. E Cabinda? Pelos vistos, em Díli ninguém sabe o que isso é.
Zacarias da Costa manifestou essa preocupação durante uma recepção ao embaixador saharaui acreditado em Dili, Mohammed Salama Badi, na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense.
O ministro referiu que o seu governo está "preocupado face aos contínuos obstáculos interpostos por Marrocos com vista a retardar o processo de descolonização e a recusa de Rabat em permitir ao povo saharaui de exercer o seu direito inalienável à autodeterminação, através da organização de um referendo livre e democrático."
As duas partes passaram igualmente em revista os últimos desenvolvimentos do conflito do Sahara Ocidental, nomeadamente as violações dos direitos humanos cometidos por Marrocos nos territórios saharauis sob ocupação marroquina e a pilhagem continua dos recursos naturais do território ocupado há mais de 35 anos por Marrocos.
No passado dia 1 de Junho, também o Presidente de Timor-Leste e Nobel da Paz, José Ramos-Horta, disse que Marrocos deve honrar os compromissos que assumiu com a comunidade internacional para realizar o referendo no Saara Ocidental.
Pena é que, no âmbito da Lusofonia, Ramos-Horta não tenha visão, ou conhecimentos, sobre o que se passa na colónia angolana de Cabinda.
Será que alguém o pode elucidar? Ou será que Ramos-Horta pensa como o seu homólogo português, Cavaco Silva, que Angola vai de Cabinda ao Cunene?
Por pensar como Ramos-Horta é que a Indonésia considerava que Timor-Leste era uma sua província. Certo?
O Presidente da República timorense salientou na altura que “o problema do Saara Ocidental já se arrasta há mais de 30 anos”.
Exactamente. Tal como o de Cabinda que começou em 1975 quando Portugal rasgou os acordos que tinha com o povo de Cabinda. Rasgou-os mas não conseguiu que fossem esquecidos por muitos. Muitos onde, apesar de uma causa semelhante, não consta infelizmente José Ramos-Horta.
“Timor-Leste libertou-se em 1999 e restaurou a sua independência em 2002, mas a questão do Saara que tem similaridade histórica e à luz do Direito Internacional, continua por ser resolvida”, observou o Presidente timorense.
E que tal Ramos-Horta pedir ajuda aos seus preclaros assessores para perceber que, afinal, Cabinda está ao mesmo nível do Saara e de Timor-Leste?
É natural que Ramos-Horta não saiba a história de Angola e de Cabinda, ou apenas conheça a versão do regime do MPLA. Se, por exemplo, os mais altos representantes políticos de Portugal nada conhecem, ou fingem não conhecer, da história do seu país, é natural que o presidente timorense também seja ignorante nesta, como noutras, matérias.
Resta a certeza de que, um dia destes, ainda vamos ver Cavaco Silva e Ramos-Horta, entre muitos outros, entre quase todos, a dizer também que devido a uma mudança no contexto geopolítico, Cabinda não é Angola e o Tibete não é China.
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