Nada ilustra de forma mais eloquente a prioridade do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, do que o seu apressado regresso ao Abu Dhabi, depois de ter estado presente na reunião dos 17 ministros das Finanças da Zona Euro (o chamado Eurogrupo), em Bruxelas. Tipicamente, a esta reunião segue-se no dia seguinte uma outra, a do Ecofin, isto é, o conclave dos 27 ministros das Finanças de toda a UE - o que acontecerá hoje.
Mas o que verdadeiramente conta hoje em dia é o que se decide na Zona Euro e respeita à moeda comum europeia. E, quanto a isso, os dados estavam lançados mesmo antes da reunião de ontem: bem podem multiplicar-se os apelos ao reforço financeiro, ou à agilização operacional, do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF): o ritmo das decisões, ou o seu adiamento, é pautado pela vontade germânica. Acontece que a coligação cristã-democrata e liberal no poder na Alemanha se confronta com intenções de voto desastrosas para as contendas eleitorais ao longo de 2011 em diversos Estado federados. E, antes de fins de Março, qualquer anúncio de um esforço financeiro acrescido por parte de Berlim para reforço do fundo de resgate dos países incumpridores "do Sul" constituiria um verdadeiro desastre junto de um eleitorado inflamado por apelos populistas à punição exemplar dos incumpridores, senão mesmo à sua expulsão do euro.
Portugal e Espanha bem podem organizar as suas agendas políticas com esta ideia em mente: nos próximos dois meses, vão ter de defrontar as pressões especulativas sobre as suas dívidas soberanas com as medidas de política orçamental e económica internas, contando como seu único aliado operativo o Banco Central Europeu (BCE). E com países amigos, dispostos a estreitar laços económicos e financeiros com quem deles precisa quanto antes. Não pode, assim, causar espanto que Teixeira dos Santos decida onde tem de estar no dia de hoje: junto aos petrodólares.
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