O Instituto de Meteorologia da Universidade Livre de Berlim (FU) "vende" desde 2002 nomes para fenómenos meteorológicos para superar dificuldades financeiras.
"A ideia nasceu porque, em 2002, deixámos de ter verbas para manter efectivos e tivemos de pensar numa forma de poder pagar pelo menos a estudantes para acompanhar em permanência os fenómenos meteorológicos", explicou Petra Grasse, do FU.
Face às dificuldades, os meteorologistas berlinenses lançaram então uma campanha pública para angariar "padrinhos" que estivessem dispostos a pagar para dar o nome a uma depressão ou a uma zona de altas pressões (anticiclone).
A atribuição de nomes a este tipo de fenómenos já existia em Berlim Oeste desde 1954, e foi inventada por uma das mais conhecidas meteorologistas da televisão pública ZDF, Karla Wege, quando ainda era estudante.
Durante dezenas de anos, no entanto, o sistema, inspirado no método norte-americano de atribuir nomes a furacões, era só para entendidos e não saiu do anonimato.
A partir do início da década de 1990, porém, com a reunificação da Alemanha, os nomes atribuídos a depressões e a anticiclones começaram a ser utilizados regularmente pela imprensa e por diversos institutos meteorológicos europeus, embora não seja o caso português.
O sistema só passou a ser uma fonte de receitas quando o dinheiro começou a faltar no Instituto de Meteorologia da FU, que necessita de cerca de 50 mil euros por ano para manter um serviço de observação permanente com estudantes.
Foi então decidido pedir aos "padrinhos" 199 euros para baptizar - sempre com um nome feminino - cada depressão, o que permite arrecadar uma receita anual de cerca de 30 mil euros, porque este fenómeno surge, em média, entre 150 e 160 vezes por ano.
Quanto aos anticiclones, que têm sempre nomes masculinos, são cobrados 299 euros, porque são mais longos e permanecem mais tempo nas cartas meteorológicas, ocorrendo entre 50 e 60 vezes por ano.
A maior parte das pessoas ou empresas apadrinha depressões ou anticiclones para ajudar financeiramente os serviços meteorológicos da capital alemã, mas também há quem compre um nome para dar uma prenda a alguém.
"Por exemplo, para dar uma prenda de anos a uma pessoa, atribuindo o seu nome a uma depressão, ou para festejar as bodas de prata de um casamento, mas também porque alguém tem um nome estranho e quer vê-lo divulgado publicamente", referiu Petra Grasse.
Para incentivar ainda mais as pessoas a apadrinhar estes fenómenos, a FU dá sempre um diploma prévio com o nome escolhido ao padrinho.
Depois, é só esperar que chegue a vez dele, ou seja, que o meteorologista de serviço detecte um fenómeno, olhe para a lista e veja qual é o nome a seguir e o coloque no mapa meteorológico da previsão que está a fazer.
Quando a situação eleita tiver passado, o padrinho receberá então um diploma definitivo, com um mapa meteorológico e o historial do fenómeno, para mais tarde recordar.
Desde que o sistema começou a ser comercializado, em 2002, já foram registados mais de mil participantes de 13 países europeus, do Japão e dos Estados Unidos, segundo o Instituto de Meteorologia da FU.
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