O português natural da Batalha, que reside nos Estados Unidos desde criança, congratula-se pela oportunidade para continuar a "defender o interesse público", seu objetivo desde que saiu da faculdade de direito, e que já o levou ao Departamento de Justiça em Washington, à procuradoria do Estado do Delaware e mais recentemente de volta a Rhode Island, como procurador adjunto.
"O meu estilo [profissional] é trabalhar, espero, com paciência e com humildade. Mas também de tomar decisões que sejam reconhecidas como justas e ter capacidade de decidir", afirma o jurista luso-americano de 47 anos, formado na Universidade de Brown, fluente no português.
Ao anunciar a nomeação de Luís de Matos, o governador Lincoln Chafee destaca o seu "currículo impressionante", que inclui "diversas condenações bem sucedidas em casos de alta notoriedade" e uma "reputação notável na comunidade jurídica de Rhode Island", sendo conhecido como "um homem de elevado carácter e integridade".
"É um candidato altamente qualificado para uma posição importante no Tribunal Supremo", diz Chafee, que também destacou a história pessoal de Matos.
"Emigrando de Portugal para Providence muito novo, Lu foi o primeiro membro da sua família a ter um curso superior", sublinha.
O processo de nomeação contempla ainda uma confirmação pelo Senado de Rhode Island.
Enquanto procurador adjunto em Rhode Island, cargo que ocupa desde 2001, o português destacou-se por conseguir condenações em casos de fraude no sistema de saúde local, crimes de colarinho branco e corrupção em instituições públicas.
Foi distinguido com diversos prémios, nomeadamente o de Integridade (2001 e 2005) atribuído pelo Inspetor-Geral de Saúde.
Segundo Luís de Matos, o antigo juiz-presidente do Tribunal Federal de Rhode Island era o luso-americano Ernest Torres e no passado houve outros juízes luso-americanos no Supremo, mas não eram naturais de Portugal.
O jurista afirma que a sua capacidade de trabalho faz parte da sua herança portuguesa e é uma dívida de gratidão para com a sua família e outros imigrantes que enfrentaram inúmeras "dificuldades e obstáculos".
"Nunca me tenho esquecido que muitos trabalharam para eu chegar onde estou. Se esta nomeação tiver conclusão positiva, tenho o senso do que é trabalhar, sacrificar-me, e acho que isso me ajuda", diz.
Nos últimos anos, afirma, os luso-americanos, que uma das maiores comunidades de Rhode Island, vão ocupando cargos cada vez mais altos no Estado, nomeadamente no Senado, onde a presidente é Teresa Paiva-Weed e o presidente do comité de finanças Daniel da Ponte.
"As nossas famílias e quem veio antes de nós trabalhou muito e deu-nos aquele senso de procurar atingir. A comunidade é muito orgulhosa e tem dado sempre apoio a quem tenta conseguir alguma coisa", afirma Luís de Matos.
O jurista visita Portugal com frequência, a última vez em 2009 para mostrar o país aos seus filhos, nascidos nos EUA.
"É preciso ensinar aos filhos de onde veem, a cultura, quem são. Quero que eles conheçam as raízes", afirma.
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