As exportações têm sido o
grande motor de crescimento económico em Portugal. Mas o segredo já não está em
fabricar produtos baratos, porque haverá sempre quem os faça a um custo mais
baixo. Na inovação e na diferenciação é que está o ganho.
A
cortiça portuguesa é bastante requisitada lá fora. O vinho do Porto é presença
em restaurantes e lojas especializadas de todo o mundo. O papel higiénico preto,
da Renova, é o favorito de Simon Cowell, produtor de um concurso televisivo de
talentos. A mãe e a irmã de Katte Middleton usaram sapatos portugueses no
casamento desta com o príncipe William.
Os exemplos são muitos e o Financial Times (FT), numa análise hoje publicada, fala sobre alguns destes produtos que contribuem para impulsionar as exportações portuguesas, numa altura em que a crise da dívida nos chamados países periféricos continua a apertar o cinto de grande parte das suas populações.
Com efeito, já passou um ano desde que Portugal pediu ajuda financeira externa. Para ser elegível ao resgate de 78 mil milhões de euros, o País teve de assinar um memorando com a troika – Comissão Europeia, BCE e FMI – assumindo rígidas medidas de austeridade. Uma das críticas que tem sido feita, especialmente num contexto de aumento do desemprego, prende-se com o facto de ser difícil haver crescimento quando o mercado do crédito está tão apertado, quando os impostos aumentaram e se tornou ainda mais fácil despedir. A resposta, para muitos, está nas exportações. E estas têm sido, de facto, um dos motores da economia portuguesa.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística revelaram um aumento de 11,6% das exportações portuguesas no primeiro trimestre de 2012. Uma vez que as importações diminuíram no mesmo período, o défice comercial também registou uma queda.
O FT, na análise assinada por Peter Wise, reforça a ideia de que este aumento das exportações ajuda a melhorar o panorama para Portugal. E que é por aí que devemos continuar a ir.
“O que pode Portugal produzir que o resto do mundo queira comprar? (…) O papel higiénico preto, que é o favorito de Simon Cowell, (…) bem como os sapatos usados pela mãe e irmã da noiva no recente casamento do príncipe William com Kate Middleton, estão entre as respostas menos esperadas que os exportadores portugueses poderão dar”, refere o jornal britânico.
O FT falou com vários responsáveis de empresas portuguesas que têm conseguido prosperar por meio de um forte aumento das exportações dos seus produtos. É o caso da empresa de calçado Helsar. O seu fundador, Jorge Correia, diz que nenhum produto sai da sua fábrica sem a etiqueta “Made in Portugal”. “Alguns clientes italianos pedem para colocarmos ‘Made in Italy’, mas nunca o permitirei”, contou ao jornal.
“Confrontada com uma queda das vendas no mercado interno, devido à recessão, a Helsar aumentou as vendas para o estrangeiro de 9% há seis anos para cerca de 70% actualmente, tendo os seus sapatos adquirido especial prestígio depois de terem sido encomendados para o casamento real em Inglaterra”, relata o FT. “No mundo do calçado, ‘Made in Portugal’ tem agora praticamente o mesmo peso que ‘Made in Italy’. E nos países em desenvolvimento, como é o caso da China, não há qualquer diferença entre estas duas proveniências”, acrescentou Correia.
Papel higiénico: cor para que te quero?
Um outro exemplo dado pelo FT é o do papel higiénico colorido, criado pela Renova. O preto é um dos favoritos de um célebre produtor de TV e a empresa portuguesa é um exemplo de inovação e de diferenciação que o director de marketing, Luís Saramago, considera essencial para se ganhar quota de mercado no estrangeiro.
“Os produtos ‘low cost’ já não são uma opção para Portugal, porque haverá sempre quem consiga fabricá-los a um preço mais baixo”, opinou Saramago ao jornal britânico. Daí que a personalização e a originalidade, por exemplo, sejam apostas que têm vindo a revelar-se, na sua grande maioria, o caminho certo para o crescimento das empresas. E se a clientela escassear dentro de portas, lá fora poderá haver quem queira.
“Algo está, decididamente, a mudar. As exportações são o único motor [de crescimento] que temos e existem sinais encorajadores de que os exportadores estão a conseguir marcar presença em novos mercados fora da Europa”, declarou ao FT a economista-chefe do Banco BPI, Cristina Casalinho.
E o mercado pode vir de onde menos se espera. Em 2008, uma responsável dinamarquesa da Carlsberg, descobriu num hipermercado no Algarve os descascadores de alho da empresa portuguesa Silvex e levou um para ser experimentado nos seus laboratórios. Satisfeita com os resultados deste descascador aplicado à cevada, a Carlsberg encomendou mais algumas dezenas de unidades.
Os exemplos são muitos e o Financial Times (FT), numa análise hoje publicada, fala sobre alguns destes produtos que contribuem para impulsionar as exportações portuguesas, numa altura em que a crise da dívida nos chamados países periféricos continua a apertar o cinto de grande parte das suas populações.
Com efeito, já passou um ano desde que Portugal pediu ajuda financeira externa. Para ser elegível ao resgate de 78 mil milhões de euros, o País teve de assinar um memorando com a troika – Comissão Europeia, BCE e FMI – assumindo rígidas medidas de austeridade. Uma das críticas que tem sido feita, especialmente num contexto de aumento do desemprego, prende-se com o facto de ser difícil haver crescimento quando o mercado do crédito está tão apertado, quando os impostos aumentaram e se tornou ainda mais fácil despedir. A resposta, para muitos, está nas exportações. E estas têm sido, de facto, um dos motores da economia portuguesa.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística revelaram um aumento de 11,6% das exportações portuguesas no primeiro trimestre de 2012. Uma vez que as importações diminuíram no mesmo período, o défice comercial também registou uma queda.
O FT, na análise assinada por Peter Wise, reforça a ideia de que este aumento das exportações ajuda a melhorar o panorama para Portugal. E que é por aí que devemos continuar a ir.
“O que pode Portugal produzir que o resto do mundo queira comprar? (…) O papel higiénico preto, que é o favorito de Simon Cowell, (…) bem como os sapatos usados pela mãe e irmã da noiva no recente casamento do príncipe William com Kate Middleton, estão entre as respostas menos esperadas que os exportadores portugueses poderão dar”, refere o jornal britânico.
O FT falou com vários responsáveis de empresas portuguesas que têm conseguido prosperar por meio de um forte aumento das exportações dos seus produtos. É o caso da empresa de calçado Helsar. O seu fundador, Jorge Correia, diz que nenhum produto sai da sua fábrica sem a etiqueta “Made in Portugal”. “Alguns clientes italianos pedem para colocarmos ‘Made in Italy’, mas nunca o permitirei”, contou ao jornal.
“Confrontada com uma queda das vendas no mercado interno, devido à recessão, a Helsar aumentou as vendas para o estrangeiro de 9% há seis anos para cerca de 70% actualmente, tendo os seus sapatos adquirido especial prestígio depois de terem sido encomendados para o casamento real em Inglaterra”, relata o FT. “No mundo do calçado, ‘Made in Portugal’ tem agora praticamente o mesmo peso que ‘Made in Italy’. E nos países em desenvolvimento, como é o caso da China, não há qualquer diferença entre estas duas proveniências”, acrescentou Correia.
Papel higiénico: cor para que te quero?
Um outro exemplo dado pelo FT é o do papel higiénico colorido, criado pela Renova. O preto é um dos favoritos de um célebre produtor de TV e a empresa portuguesa é um exemplo de inovação e de diferenciação que o director de marketing, Luís Saramago, considera essencial para se ganhar quota de mercado no estrangeiro.
“Os produtos ‘low cost’ já não são uma opção para Portugal, porque haverá sempre quem consiga fabricá-los a um preço mais baixo”, opinou Saramago ao jornal britânico. Daí que a personalização e a originalidade, por exemplo, sejam apostas que têm vindo a revelar-se, na sua grande maioria, o caminho certo para o crescimento das empresas. E se a clientela escassear dentro de portas, lá fora poderá haver quem queira.
“Algo está, decididamente, a mudar. As exportações são o único motor [de crescimento] que temos e existem sinais encorajadores de que os exportadores estão a conseguir marcar presença em novos mercados fora da Europa”, declarou ao FT a economista-chefe do Banco BPI, Cristina Casalinho.
E o mercado pode vir de onde menos se espera. Em 2008, uma responsável dinamarquesa da Carlsberg, descobriu num hipermercado no Algarve os descascadores de alho da empresa portuguesa Silvex e levou um para ser experimentado nos seus laboratórios. Satisfeita com os resultados deste descascador aplicado à cevada, a Carlsberg encomendou mais algumas dezenas de unidades.
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