Já aqui havíamos levantado a questão no dia 4 de Maio: quem ganhará com a eleição de Ramos-Horta para a Presidência de Timor-Leste?
Depois de se saberem os resultados esmagadores da vitória, já esperados nos círculos diplomáticos, o Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, Luís Amado, apressou-se a parabenizar o candidato vencedor, reafirmando, com toda a certeza, a vontade de Portugal continuar a cooperaração com o jovem país, cooperação essa que até poderia ser majorada.
Mas comenta-se também que Camberra viu coroada de êxito a sua estratégia para Timor-Leste. Mais exactamente para o Mar de Timor. E ainda mais exactamente para o petróleo e gás de Timor-Leste.
A influência australiana sente-se desde o início da crise, em 2006, tendo sido o primeiro país a responder ao pedido das autoridades timorenses com o envio de uma força militar para ajudar a restabelecer a ordem pública.
O chefe da diplomacia australiana, Alexander Downer, já deixou claro que o seu país tenciona permanecer em Timor-Leste "pelo menos até às legislativas", marcadas para 30 de Junho. "Depois das eleições avaliaremos novamente a situação", disse Downer, citado pela emissora estatal ABC, salientando estar convicto de que haverá maior instabilidade quando se realizarem as legislativas. O voluntarismo de Camberra é fortemente criticado pelo partido maioritário, a FRETILIN, que acusa os militares australianos de condicionarem a política interna de Timor-Leste, a pedido de Ramos-Horta.
As acusações mais fortes foram feitas sobre a alegada "interferência" dos militares australianos na parte leste do país e em Ainaro, no sul, denunciou ainda na campanha eleitoral para a segunda volta o candidato Francisco Guterres "Lu Olo", presidente da FRETILIN.
O sinal mais claro das preferências australianas foi dado em Fevereiro passado, quando o parlamento timorense finalmente ratificou o acordo de exploração e partilha das receitas de dois dos maiores campos de hidrocarbonetos do Mar de Timor, Greater Sunrise e Bayu Undan, concretizando uma promessa desde logo enunciada por Ramos-Horta quando tomou posse como primeiro-ministro. A resolução deste contencioso, que se arrastava desde 2004, foi possível a partir do momento que Mari Alkatiri deixou de ser primeiro-ministro.
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