No final de Abril de 1936 Hergé recebeu em Bruxelas um envelope de Portugal. Ao abri-lo, encontrou alguns exemplares da revista O Papagaio e teve uma grande surpresa: viu pela primeira vez uma história de Tintim impressa a cores ("Tintim na América").
"Fiquei encantado por ver os meus desenhos aparecerem a cores", diz Hergé numa carta que enviou a 12 de Maio desse ano ao padre Abel Varzim, que o contactara em Maio de 1935, em nome da publicação, para negociar a divulgação das histórias de Tintim.
O herói chama-se Tim-tim, é apresentado como repórter português de O Papagaio - na versão original é um repórter belga do Le Petit Vingtième - e tem como companheira uma cadela chamada Rom-Rom, de cor acastanhada (e não o cão Milú branco).
Além de efectuar a primeira publicação em quadricromia do mundo, O Papagaio foi também a primeira revista de um país não francófono a divulgar Tintim.
Adolfo Simões Müller (1909-1989), que foi um dos directores da revista, é a peça-chave para explicar a curiosa relação que Hergé teve com Portugal.
Uma parte significativa da correspondência que os dois homens mantiveram ao longo de 30 anos foi recentemente tornada pública pelo holandês Jan Aarnout Boer (De Avonturen van Kuifje in Portugal), membro da associação Hergé Genootschap (Os Amigos de Hergé) que teve acesso aos arquivos da Fundação Hergé, na Bélgica.
Sem comentários:
Enviar um comentário