Sócrates vai a Angola. Sócrates vai à Líbia. Sócrates recebe Chávez. As cabeças pensantes inquietam-se com tanta côrte a gente pouco recomendável. O problema é que as coisas não são assim tão simples. É óbvio que Sócrates não gosta de lamber os pés àquela gente. Mas não tem outra solução.
Como não teria Manuela Ferreira Leite (ou Passos Coelho) se estivesse no seu lugar: quando se gere um país com limitações, o idealismo cede à real politik. Portugal tem, ao longo do século XX (para não ir atrás), bons exemplos disso. À Esquerda e à Direita. Salazar fechou os olhos às atrocidades nazis para não ter chatices com os alemães. Caetano ignorou os crimes dos sul-africanos em troca do seu apoio (e depois do 25 de Abril nunca fomos muito duros com os sul-africanos por causa dos 600 mil portugueses que lá viviam…). Soares apoiou um ditador (Savimbi), enquanto Cavaco privilegiou outro (Eduardo dos Santos).
Uma análise simplista levaria a dizer que é a sina dos países pequenos. É, mas não só: Margaret Thatcher e Helmut Schmidt apoiaram a construção do gasoduto trans-siberiano sabendo que a Rússia ficaria com um poderoso "leverage" sobre a Europa (como está a acontecer). É isso e a lei dos negócios: se não formos nós, outros ocuparão o nosso lugar. E o país não pode recusar bons negócios… e influência geoestratégica (coisa de que os críticos se parecem esquecer). Mais nada.
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