Químicos portugueses descobriram por acaso um novo material, a que chamaram gelatina iónica, que permite desenvolver dispositivos electrónicos - como baterias e células de combustível - mais baratos e mais amigos do ambiente.
Transparente e maleável, o novo material foi produzido a partir da dissolução de gelatina num líquido iónico, uma solução constituída por iões com cargas negativa e positiva.
A descoberta, já patenteada, resultou de um trabalho conjunto de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto Superior Técnico (IST) cujas conclusões foram publicadas no último número da revista científica britânica "Chemical Communications".
O grupo da FCT é dirigido por Susana Barreiros, sendo o do IST por Carlos Afonso.
Os investigadores decidiram dissolver gelatina num líquido iónico e verificaram que este gelificava e se mantinha estável no estado sólido, mesmo sob aquecimento.
"Comparámos então este novo material com os outros condutores e constatámos não só que era tão condutor como eles, como era mais barato, mais leve, mais fácil de trabalhar e mais ecológico, por ser biodegradável", sublinhou.
Assim, o facto de poder assumir várias formas, desde um bloco compacto a uma fibra ou um filme fino - e poder incorporar substâncias solúveis ou insolúveis em água, permite a sua aplicação tanto em pilhas como em células de combustível e células fotovoltaicas de nova geração. "Nas pilhas, por exemplo, a gelatina iónica pode funcionar como electrólito e como eléctrodo e, dadas a sua versatilidade, permite construir uma pilha em qualquer superfície, até numa folha de papel, por exemplo, bastando para isso imprimir o electrólito e os dois eléctrodos", disse o investigador.
Este projecto científico vai ser apresentado em breve nos Estados Unidos, em representação da COTEC Portugal, num concurso de ideias chamado Idea to Poduct, que decorrerá entre 30 de Novembro e 01 de Novembro em Austin, Texas.
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