O secretário de Estado das Comunidades, António Braga, iniciou ontem uma visita oficial de dois dias à Mauritânia e à Guiné-Bissau para encontros bilaterais tendo em vista desenvolver contactos em África que sedimentem a candidatura portuguesa ao Conselho de Segurança (CS) da ONU.
No final de um encontro com a ministra dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia, o responsável recebeu um sinal da possibilidade de um apoio. "Portugal tem tudo para levar ao CS. É uma candidatura a apoiar", disse Naha Mint Ould Moulknass.
A ministra mauritana recordou a "história antiga comum" que os dois países partilham e afirmou que o "esforço da relação é do interesse dos dois países".
António Braga frisou que existem "boas razões de proximidade e de partilha histórica, que nos dão uma abordagem construtiva" para que África apoie a candidatura portuguesa àquele organismo internacional.
"O facto de Portugal também pertencer à União Europeia dá-nos boas condições de representação", afirmou o secretário de Estado das Comunidades.
Apesar de não ter saído da reunião com a garantia do apoio da Mauritânia, António Braga defendeu que as "respostas constroem-se nestas relações".
Um grupo de empresários português com alguma expressão encontra-se estabelecido na Mauritânia, o também contribui para o reforço dos laços comerciais com aquele país africano.
O processo de candidatura de Portugal a um lugar não permanente no CS da ONU para o biénio 2011/2012 tem decorrido há vários meses e com total discrição. Concorrem ao cargo dois outros países, a Alemanha e o Canadá.
Para conseguir o lugar não permanente no CS, Portugal tem que obter o voto de, pelo menos, 150 dos 192 países membros. O Conselho de Segurança é composto por 5 membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França) e por 10 membros não permanentes, que são eleitos por períodos de dois anos.
A última vez que Portugal teve um lugar não permanente no Conselho de Segurança foi em 1997/1998.
Entretanto, António Braga, recebeu hoje a garantia do apoio do Governo da Guiné-Bissau à candidatura de Portugal. "O Governo (guineense) apoia a missão portuguesa e, nesse quadro, a sua posição não é só do Governo por si próprio, mas também pela sua vizinhança", garantiu.
Braga falava aos jornalistas no final de uma audiência com o primeiro ministro guineense, Carlos Gomes Júnior.
[Já em Janeiro aqui havíamos feito referência à estratégia diplomática portuguesa, que na altura parecia em maus lençóis. O Brasil passou nesse mesmo mês a ocupar uma vaga provisória no Conselho de Segurança, em substituição da Costa Rica, por um período de 24 meses. Afirmávamos então: "A diplomacia portuguesa perdeu a oportunidade, única, de juntar Portugal e Brasil no CS e ter dois países de língua portuguesa no principal órgão da ONU, com toda a influência política, estratégica e cultural que isso implica!". A ver se não se confirma...]
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