quarta-feira, abril 13, 2011

Hungria homenageia portugueses que salvaram mil judeus

Quase 70 anos depois, as autoridades húngaras homenageiam mais uma vez, na quinta-feira, a acção de dois diplomatas portugueses, que durante a II Guerra Mundial conseguiram salvar cerca de mil judeus perseguidos pelo regime nazi.


Quando, em 1944, os alemães ocuparam a Hungria, tal como em outros países começou também a perseguição aos judeus.

Nessa altura, diplomatas dos chamados 'países neutros', como Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e o Vaticano, começaram a acolher milhares de judeus perseguidos, quer nas próprias embaixadas, quer na rede de 40 "casas protegidas" que existia em Budapeste.

Entre essas "casas protegidas", duas eram portuguesas e, graças à acção do embaixador Sampaio Garrido e do encarregado de negócios Teixeira Branquinho, cerca de mil judeus foram salvos.

"Foi uma situação muito difícil", recordou o actual embaixador português na Hungria, António Augusto Mendes, lembrando a forma como os dois diplomatas protegeram os judeus "apesar de todas as pressões dos alemães e do Governo húngaro".
"Os diplomatas portugueses num grande gesto de humanidade e de um grande esforço profissional conseguiram, juntamente com outros diplomas de países neutros, proteger esses judeus perseguidos e facilitar-lhes a saída do país", relatou o atual embaixador português.

Apesar de não existirem números exactos, estima-se que Portugal contribuiu para salvar "cerca de mil judeus que conseguiram sair da Hungria nessa altura protegidos com documentos portugueses", acrescentou.


Segundo ainda o embaixador António Augusto Mendes, as "casas protegidas" faziam parte de uma rede criada pelos diplomatas dos países neutros que as puseram sob a proteção das embaixadas. Ou seja, "eram casas que estavam protegidas com se fosse um país estrangeiro".

Com o passar do tempo, o Governo húngaro, na altura aliado com o regime nazi, tentou pressionar os chamados 'países neutros' para abandonarem essas "casas protegidas", tendo muitas delas, já mesmo no final da Guerra, sido assaltadas pela própria polícia e pelos grupos nazis húngaros e alemães.

"Mas, apesar de tudo, conseguimos salvar cerca de mil judeus que estavam sob a protecção de Portugal", sublinhou o embaixador português.

Na quinta-feira, as autoridades húngaras vão mais uma vez homenagear a acção dos dois diplomatas portugueses numa iniciativa do XIII Bairro de Budapeste, com o apoio da Fundação Carl Lutz. Assim, quinta-feira será inaugurada uma placa comemorativa da acção dos diplomatas portugueses na fachada do prédio nº 5 da rua Ujpesti Rakpart, um edifício que fez parte da rede de "casas protegidas" da Legação Portuguesa, a representação diplomática nacional na capital húngara.

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