Silvio Berlusconi exige solidariedade da União Europeia (UE) no acolhimento aos 23 mil tunisinos que chegaram nos últimos meses a Itália. E ameaça com a separação da comunidade europeia. França, Alemanha e mesmo a Comissão Europeia (CE) não concordam com os argumentos de Berlusconi.
Quando a Tunísia era governada pelo ditador Ben Ali e as fronteiras estavam encerradas, Berlusconi incitava a ida de tunisinos para Itália, lembra o El Pais. Mas a mesma crise económica e miséria social que levou à revolta contra Ben Ali leva agora os tunisinos a arriscarem tudo para virem para a Europa. Roma vai pedir hoje, durante a reunião dos ministros do Interior da UE, que estes reconheçam os vistos de residência temporários dados aos tunisinos, no âmbito da directiva aprovada depois do conflito no Kosovo.
Mas a CE diz que os argumentos da Itália "são falsos, porque a directiva não é vinculativa e limita-se a imigrantes que procuram protecção, quando Roma há meses que diz que são imigrantes económicos e que têm de ser repatriados". França e Alemanha argumentam que esta norma só é admissível se os extra-comunitários demonstrarem ter recursos económicos suficientes, alojamento e os papéis em ordem.
Sabendo que não irá convencer os seus pares europeus, Berlusconi lançou uma ameaça: "Se a UE não alcançar um acordo concreto sobre imigração, é melhor separar-se e voltamos cada um ao seu lugar." O Partido Democrático, da oposição, exigiu de imediato a demissão de Berlusconi. E a comissária europeia do Interior, Cecilia Malmström, lembra que na maioria os tunisinos são emigrantes económicos e não refugiados políticos, e que por isso podem ser repatriados rapidamente.
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