A directora executiva do IILP - Instituto Internacional de Língua Português, Amélia Mingas, disse hoje que não se vai recandidatar ao cargo em 2010, alegando que está "cansada de ser sacrificada". "Tudo o que poderia ter dado já dei, com muito sofrimento e com muitas noites sem dormir para tentar ver o que poderia ser feito para dar visibilidade ao IILP. A única coisa que se comenta é que o IILP não fez nada e que é inoperante. Mas nunca deram meios", afirmou a linguista angolana, nomeada em 2006 e reconduzida em 2008.
"Quais foram os meios que nos deram para trabalhar de outra maneira? Nenhuns!", frisou. Amélia Mingas comentava os resultados da 14ª Reunião do Conselho de Ministros da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que decorreu segunda-feira na Cidade da Praia, em que foi decidido criar um grupo de trabalho para pensar a refundação do Instituto, criado em 1989. Questionada sobre se a perspectiva de Angola assumir a presidência da CPLP em Julho de 2010 poderá trazer benefícios para a direcção do IILP, Amélia Mingas foi clara na resposta: "Quando tudo isso for aprovado e capaz de ser posto em acção, já não estarei cá. Termino a minha comissão em Julho do próximo ano. E não me recandidato." "Tem sido uma travessia difícil. A verdade é que, quer se queira ou não, o IILP tem uma directora executiva, que o representa e que dá a cara sempre que necessário, mas nunca se fala dos meios que lhe puseram à disposição. Foi uma missão muito ingrata", sustentou.
Para Amélia Mingas, só os ministros e responsáveis da CPLP podem explicar a razão da criação de um grupo de trabalho vinte anos após a fundação do IILP. "Essa resposta os ministros é que poderão responder. Eles saberão por que razão só agora estão preocupados com isso", sublinhou, defendendo que esse trabalho deveria ter sido feito "antes da criação do próprio Instituto" e retomado mais tarde após a fundação da CPLP, em 1996. "Como foi possível durante esse tempo todo deixar o IILP ao abandono? Não se pagam quotas, não se criam fundos para a comissão trabalhar, não se criam as comissões nacionais que deveriam trabalhar para a Língua Portuguesa em diálogo com o Instituto...", criticou. Amélia Mingas mostrou-se esperançada em que o Instituto possa dar um passo em frente, agora que os chefes da diplomacia dos "oito" deram conta de que as coisas estão "mesmo muito mal". "Podem fazer-se mil projectos, mil propostas de refundação do IILP, mas se não se derem os meios financeiros para que realize tudo o que está pensado, um milhão de directores vão ter sempre o mesmo problema", disse Amélia Mingas, adiantando que o orçamento de 190 mil euros volta a servir unicamente para garantir o funcionamento do Instituto, que tem a sede na Cidade da Praia, em Cabo Verde.
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